Por Flávio Ferreira
& Mario Cesar Carvalho
Um novo depoimento da testemunha-chave no inquérito da Siemens cita dois secretários do governador Geraldo Alckmin (PSDB) como recebedores de propina do cartel que atuava no Metrô e na CPTM, o que levou a Justiça federal em São Paulo a enviar a investigação para o Supremo Tribunal Federal.
Os políticos
citados como tendo recebido suborno do esquema são Edson Aparecido (PSDB),
chefe da Casa Civil de Alckmin, Rodrigo Garcia (DEM), secretário de
Desenvolvimento Econômico de Alckmin, o deputado federal Arnaldo Jardim
(PPS-SP) e o deputado estadual Campos Machado (PTB).
Aparecido e
Garcia são deputados federais licenciados e só podem ser investigados em inquérito
conduzido pelo Supremo. O nome dos quatro foi citado em um depoimento sigiloso
pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que foi utilizado pelo juiz
Marcelo Cavali, de São Paulo, para justificar o envio da investigação para
Brasília.
O executivo
contou à Polícia Federal ter ouvido de um diretor da CPTM que eles recebiam
suborno de empresas do cartel dos trens. O depoimento com os nomes foi o
segundo que o ex-diretor prestou à PF num acordo de delação premiada em troca
de uma pena menor.
Rheinheimer
também participou do esquema de pagamento de propina e temia ser punido por
isso. O executivo disse, porém, não ter provas contra os políticos. Para o juiz
Cavali, os indícios contra os suspeitos ainda são frágeis mas qualquer medida
para aprofundar as investigações deve primeiro ser analisada pelo STF.
O engenheiro
mencionou quatro nomes quando foi questionado se havia políticos próximos à
empresa de consultoria de Teixeira, a Proncint, apontada como repassadora de
suborno pela PF. Rheinheimer repetiu o nome de Rodrigo Garcia e citou o senador
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o deputado federal José Anibal (PSDB-SP) e
Jurandir Fernandes, secretário de Transportes Metropolitanos. O Metrô e a CPTM
são vinculadas a essa pasta.
Em seu
depoimento Rheinheimer disse que soube que o valor das propinas correspondia a
5% do montante dos contratos fraudados. Os sete nomes já haviam aparecido antes
em um documento apócrifo, cuja autoria é atribuída ao ex-diretor da Siemens.
Logo após sua divulgação, no mês passado, ele divulgou uma nota negando ser o
autor dos papéis. Era um jogo de cena. À PF, ele confirmou os nomes.
Foi esse
documento que levou tucanos a acusar o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, de tê-lo vazado para tentar acobertar a prisão dos petistas condenados
no mensalão.
EFEITOS
PRÁTICOS
O Supremo vai
analisar se as evidências citadas são suficientes para que o inquérito seja
conduzido por um ministro da Corte. Se o Supremo julgar que sim, o primeiro
efeito prático será a paralisia da apuração até que um ministro seja designado
para ser o relator do caso. O Supremo entra em recesso no próximo dia 20 e
volta a funcionar em fevereiro.
O banho-maria
no inquérito deve ter um efeito político, já que as decisões sobre os deputados
devem ser tomadas pelo STF em ano eleitoral, no qual o PT tenta conquistar o
governo paulista.
O Supremo terá
que decidir também se o inquérito completo ficará com aquela corte, como
ocorreu com o mensalão. A procuradora Karen Louise Kahn, que era contra a
remessa para o STF, defendeu, alternativamente, que pelo menos a apuração
contra pessoas sem foro privilegiado fosse desmembrada e mantida em São Paulo.
Via folha.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi