Conselho de Meio
Ambiente do Amazonas se reúne na próxima semana para decidir prazo final para
veto à substância usada na separação do ouro
Pressionado por
ambientalistas e pelo Ministério Público, como adiantou o Estado, o governo do
Amazonas promete apressar o fim do uso de mercúrio na extração de ouro nos rios
da Amazônia. O Conselho Estadual de Meio Ambiente, autor da resolução que
regulamenta os garimpos locais, se reúne no dia 14 para decidir um prazo final
para a substituição da substância.
"A resolução
deverá ser aperfeiçoada nesse sentido, para saber até quando vai durar a transição",
diz Nadia Ferreira, secretária de Desenvolvimento Sustentável (SDS) do
Amazonas.
Na quarta-feira
passada, o Ministério Público do Amazonas (MPF-AM) apresentou o resultado de
estudos técnicos para recomendar à secretaria que não cumpra a resolução
011/2012, publicada em 15 de junho.
Apontando graves
riscos à saúde humana e ao meio ambiente, o MP declarou que a medida ofende o
princípio da precaução, ao tornar legítimo o uso do mercúrio na atividade
garimpeira do ouro sem a adoção de adequados mecanismos de controle.
A secretária estadual,
no entanto, defende um período de transição até o banimento da substância
tóxica, que é usada no processo de separação do ouro. "No exterior, o
Brasil vem se posicionando contra a retirada intempestiva do mercúrio e
vínhamos seguindo essa linha. É uma atividade que existe de forma ilegal no
Amazonas desde a década de 1950 e, hoje, é profissão reconhecida por lei",
afirma.
Substituição. A
alternativa será a expansão do emprego de mesas vibratórias no processo de
extração, especialmente em pequenos garimpos. "Na segunda-feira, vamos
reunir cooperativas e agências de financiamento para tratar da
viabilidade", diz Nadia.
Enquanto o mercúrio
forma um amálgama com o ouro, a mesa vibratória é uma plataforma que executa um
processo menos eficiente, que envolve a separação gravítica - os metais mais
pesados se acumulam no fundo e a areia, mais leve, é retirada.
Segundo os
pesquisadores, seu uso é um primeiro passo importante para a substituição do
mercúrio. "Usar a mesa é um grande avanço, mas não é suficiente. Pode ser
combinada com a cianetação, que, de forma responsável, é muito menos
arriscada", afirma o professor Giorgio de Tomi, um dos responsáveis pela
implementação do Núcleo de Apoio à Pequena Mineração Responsável, da USP.
Ele explica que o uso
de cianeto é mais tóxico em caso de exposição direta aos garimpeiros, mas tem a
vantagem de não se acumular na natureza.
Para o diretor-geral
do Museu da Amazônia, Ennio Candotti, um dos principais críticos à resolução, a
busca de alternativas representa uma esperança para evitar o agravamento dos
altos níveis de mercúrio nos rios da Amazônia. "Há várias técnicas
alternativas, mas o interessante é que o Estado vai tentar desenvolvê-las. Se a
secretaria avaliou que a coisa é seria, é muito bom, pois o bom senso
prevaleceu."
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