O ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, disse hoje (27) que as reduções sucessivas do
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a queda na arrecadação de impostos
levaram o governo a ter de rever a meta de déficit este ano. O ministro
destacou que, por causa da queda da receita, o contingenciamento, estratégia
adotada para reduzir os gastos, ficou limitado.
O relator do
projeto de lei que altera a meta fiscal deste ano, deputado Hugo Leal
(PROS-RJ), disse, mais cedo, que o Orçamento de 2015 deverá ter uma meta de
déficit primário de R$ 51,8 bilhões, que corresponde a 0,8% do Produto Interno
Bruto (PIB). Segundo o parlamentar, o valor não inclui os atrasos nos repasses
a bancos públicos. Inicialmente, a meta para União, estados, municípios e
estatais correspondia a R$ 66,3 bilhões (1,1% do PIB) para este ano. Em julho,
por causa da queda na arrecadação federal, a equipe econômica diminuiu a meta
para R$ 8,747 bilhões, 0,15% do PIB.
Levy reforçou
que, a despeito da nova redução da meta, “o governo cortou na carne”. “Nós
tivemos o maior contingenciamento da história, R$ 80 bilhões, 2% do PIB. Este
ano, nas despesas discricionárias – que a gente consegue controlar – estamos
gastando 10% a menos do valor nominal do ano passado”, informou ao participar
do fórum Summit Brasil, em São Paulo, organizado pela revista britânica The
Economist.
Levy avaliou
que não foi uma surpresa a Moody's (agência de classificação de risco) ter
antecipado os números de previsão de déficit, pois as informações fornecidas
pelo governo permitem essa estimativa. “Nosso grau de transparência, que
permite ao mercado fazer avaliações muito precisas. Não há nada escondido na
situação fiscal”, declarou.
O ministro
voltou a defender o equilíbrio fiscal como meio para retomada do crescimento
econômico. Ele comparou o atual período com o ano de 1999, que também
enfrentava baixo crescimento do PIB.
“A diferença
de hoje, talvez seja que hoje tenhamos uma situação mais confortável. Como hoje
temos US$ 270 bilhões [de dívida externa], talvez as pessoas não entendam a
absoluta urgência de se tomarem medidas fiscais para estabilizar a economia e
criar ambiente de confiança que permita voltar ao crescimento”, declarou. Ele
citou como uma medida fundamental daquele período a prorrogação da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).