sábado, 21 de maio de 2011

VIDA

Vida...
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar...
...mas sei que também já decepcionei alguém.

Já abracei para proteger,
já me ri quando não podia,
já fiz amigos eternos,
já Amei e fui Amado,
mas também já fui rejeitado.
Já fui Amado e não soube Amar.

Já gritei e saltei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
mas também já sofri... tantas vezes.
.
Já chorei ao ouvir musica e a ver fotos,
já liguei só para ouvir uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade e...
tive medo de perder alguém especial (e acabei mesmo por perder).

Mas sobrevivi! E continuei a viver!
Não passei pela Vida... e tu também não deverias passar!
.
VIVE!!!
Porque bom mesmo é ir à luta com determinação,
Abraçar a Vida e Viver com Paixão,
É perder com classe e ganhar com ousadia...
...porque o mundo pertence a quem se atreve!

VIVER É MUITO... para ser insignificante!
Charles Chaplin (Carlitos)

MADRASTA MADRUGADA

Madrasta madrugada... 

Despertei ansioso,
envolto em desejo.
Olhei em redor,
apavorado pela loucura e solidão.
Respirei fundo...

Maldita madrugada que me consome voraz e sedenta...

Divaguei pelo frio,
pela escuridão,
pela noite que me agitou e interrompeu.
Que me despertou bruscamente do sono.
Vasculhei nas divisões da mente...
Encontrei-te num momento,
naquele momento.
Perfeita,
pintada num quadro,
perdida em luxúria.
Percorri trilhos de Atrevimento,
...de Insanidade,
Servo e Refém de um desejo.

Por fim percebi que...
afinal é na solidão que alma repousa
e o corpo acorda vigoroso,
para o mais poderoso grito de guerra...

O BRILHO DAS ESTRELAS

 
 O brilho das estrelas...

Um dia encontrei-te, como uma ilusão,
como uma estrela que brilhava cintilante,
e por ela segui todo um caminho.
Viajando só julgava-me acompanhado,
combati milhares ao lado de mim próprio,
com um exercito de apenas um.
Pleno de vigor corri por esse brilho cativante,
ansioso por brilhar igualmente a seu lado...
Aproximei-me e tentei chegar a ti...
Mas esse brilho de apagou-se,
desaparecido como uma onda que chega e recolhe envergonhada...

Acabei por perder-me junto como ele,
junto com a minha própria ilusão,
vasculhando desesperado a minha rota,
como um barco à deriva sem a sua estrela polar.

Resolvi então parar o meu tempo...
Lançar âncoras...
Redescobrir-me...
A resposta óbvia era a que não queria aceitar.
O brilho que via em ti existia sim, escondido, como um tesouro!
Enterrado numa ilha do qual não tinha mapa...
Mas o tempo mostrou-me outro caminho,
um caminho diferente daquele que segues e é escolhido por ti.
Talvez precises descobrir o teu verdadeiro tesouro
ou talvez precises apenas descobrir a ilha.
Talvez no dia que não me vejas a teu lado te lembres
e descubras então quem perdeste... e não quem te perdeu.

De tudo isto guardei a pérola que encontrei...
que afinal aquele brilho cintilante existe e continua agora mais forte e voraz.
Dentro de um peito que rebenta de vontade e encanto...
Descobri que aquela estrela cintilante está bem presente,
existindo dentro de cada um de nós.
Mas só brilha se a não deixares apagar...
no reflexo dos teus próprios desejos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

JÁ NÃO FAZEM MAIS!

Hoje em dia já não há espaço para desenhos com este nível de ingenuidade!

Mais um cigarro e outra xícara de café!

[Renato Ribeiro]
 
Ela levantou-se da cama e caminhou até a cozinha para preparar o café. Cigarro em uma das mãos, a xícara cheia noutra. A casa estava vestida de poeira. Há dias que não se abriam as janelas. Os jornais se acumulavam sem sequer serem lidos. Nada acontecia naquela casa.

As rachaduras no teto de seu quarto permaneciam iguais, a umidade também. Tudo por ali estava sonolento. Sentada à mesa, após ter acendido mais um cigarro e lhe servido outra xícara de café, ela revisava cuidadosamente os seus não acontecimentos, seus sonhos desfeitos, seu peito vazio. Tudo o que um dia ela sonhou se desfez no ar.

A angústia que tomava conta de si vinha amarga assim como seu café. Ela sabia que voltar a preencher-se dos mesmos sonhos seria como pegar fumaça com as mãos.
Inútil!

Era necessário, então, abrir as janelas e varrer a casa. Deixar novamente o brilho tomar conta do espaço e principalmente de si mesma.

As coisas tinham que ser diferentes.
Tinham...

Ao fim de seu cigarro e com a xícara vazia sobre a mesa, um pouco mais consciente de si e do nada ao seu redor, ela murmurou:
- Quero respirar, apenas respirar...               

Dito isso, acendeu mais uma cigarro e lhe serviu outra xícara de café.

[Dag Vulpi] 19/05/2011

O último dia de João Paulo II

"Testemunho da enfermeira que assistiu o Papa até sua morte" 

ROMA, sábado, 30 de abril de 2011 "Fui chamada no final da manhã. Corri, pois tinha medo de não chegar a tempo. No entanto, ele me esperava. 'Bom dia, Santidade, hoje faz sol', disse-lhe em seguida, porque era a notícia que o alegrava no hospital."
Esta é a lembrança de Ritia Megliorin, ex-enfermeira chefe do serviço de reanimação na Policlínica Gemelli, na manhã de 2 de abril, quando foi chamada ao apartamento pontifício, à cabeceira de João Paulo II, o Papa agonizante.
"Não achei que ele fosse me reconhecer. Ele me olhou. Não com esse olhar inquisitivo que usava para entender imediatamente como estava sua saúde. Era um olhar doce, que me comoveu", acrescenta a mulher.
"Senti a necessidade de apoiar a cabeça em suas mãos; permiti-me o luxo de receber seu último carinho, com suas mãos pousando sobre o meu rosto, enquanto ele olhava fixamente para o quadro do Cristo sofredor que estava pendurado na parede na frente da sua cama."
Enquanto isso, ouvindo da Praça, os cantos, orações, as aclamações dos jovens, que se tornavam cada vez mais fortes, a mulher perguntou ao cardeal Dziwisz se estas vozes não estariam incomodando o Papa. "Mas ele, levando-me até a janela, disse-me: 'Rita, estes são os filhos que vieram se despedir do seu pai'."
Eles se conheceram em janeiro de 2005, quando as condições de saúde de Wojtyla tinham se agravado. Megliorin explica que, naqueles dias de começo de ano, chegando ao hospital para começar o trabalho e sem saber que o Papa tinha sido internado, foi-lhe dito que se apressasse, que fosse até o 10° andar, porque lá estava "um hóspede especial".
"Imaginem - diz a mulher - um lugar onde não existe o espaço e onde não existe o tempo, e imaginem somente muita luz." Foi esta luz que acompanhou os dias do Pontífice.
"Naqueles meses, toda manhã, eu entrava no seu quarto e o encontrava já acordado, porque ele rezava desde as 3h. Eu abria as persianas e, dirigindo-me a ele, dizia: 'Bom dia, Santidade, hoje faz sol'. Aproximava-me e ele me abençoava. Eu me ajoelhava e ele acariciava o meu rosto."
Este era o ritual que dava início aos dias de Wojtyla. "No demais, eu era uma enfermeira inflexível e ele era enfermo inflexível. Queria estar a par de tudo, da doença, da sua gravidade. Quando não entendia, olhava para mim como pedindo que lhe explicasse melhor."
"Ele nunca deixou de estudar os problemas do homem. Lembro-me dos livros de genética, por exemplo, que ele consultava e estudava com atenção, inclusive naquelas condições." Isso refletia o seu não querer se render, esse querer viver a graça da vida recebida: "Cada dia, dizíamos um ao outro que 'todo problema tem solução'".
E o Papa dizia isso também e sobretudo às pessoas com quem se encontrava, por quem sentia um amor de pai. "E como todo pai, sentia uma predileção pelos mais fracos. Por exemplo, na Jornada Mundial da Juventude de Tor Vergata, em Roma, ele cumprimentou os jovens que estavam no fundo, pensando que provavelmente não tinham conseguido vê-lo direito. Também no hospital, ele se dedicava aos mais humildes e não tanto aos grandes professores; perguntava-lhes por suas famílias, se tinham crianças em casa."
Recordando, no entanto, as últimas internações, a enfermeira acrescentou: "O Papa viveu os momentos talvez mais difíceis na Policlínica", mas "assistir os doentes é um dom, pelo menos para quem acredita em Deus. E contudo, também para quem não tem fé, é uma experiência única".
Para quem compreende plenamente o sentido do que Megliorin entende, tornam-se estridentes as perguntas de tantos jornalistas, reunidos na Universidade Pontifícia da Santa Cruz para escutar, em um encontro com a mídia, o testemunho da enfermeira.
Alguns se perguntam se um filme sobre a vida de Wojtyla corresponde à verdade, sobretudo o fragmento no qual o filme conta que o Papa teve espasmos no momento da sua morte. Perguntas extravagantes, às vezes inoportunas, se não fossem de gosto duvidoso. De fato, a enfermeira pergunta quantas pessoas da sala assistiram à perda de um progenitor nos próprios braços: "Não posso responder - explica a contragosto. Quem não viveu isso não pode entender".
Então, "a morte foi um alívio?", insiste outro. "A morte nunca é um alívio - replica a mulher. Como enfermeira, posso dizer somente que existe um limite no tratamento, para além do qual esta se converte em um tratamento médico agressivo." A curiosidade por saber se Wojtyla se engasgava ou não, se tinha força para comer, beber ou respirar, tudo isso é uma violação da intimidade de um corpo, da sacralidade de uma vida. Seu pensamento volta às palavras de Wojtyla que, no entanto, "restituiu a dignidade ao enfermo", recorda Megliorin.
Na carta apostólica 'Salvifici doloris', de 1984, João Paulo II escreve que a dor "é um tema universal que acompanha o homem em todos os graus da longitude e latitude geográfica, ou seja, que coexiste com ele no mundo". Também escreve que "o sofrimento parece pertencer à transcendência do homem: é um desses pontos nos quais o homem parece, de certa forma, 'destinado' a superar a si mesmo e chega a isso de maneira misteriosa".
João Paulo II, "no último momento da sua vida terrena - conclui Rita Megliorin -, resgatou a sua cruz, encarregando-se não somente da sua, mas também das de todos os que sofrem. Fez isso com a alegria que nasce da esperança de acreditar em um amanhã melhor. Acho, inclusive, que ele tinha a esperança de um hoje melhor".

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

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