Por Cristiana Gomes
No século XIX,
a Rússia juntamente com a Inglaterra, a França, a Alemanha e a Áustria, era uma
das maiores potências europeias, porém enquanto os outros países cresciam,
faziam reformas e se industrializavam, a Rússia não se modernizava.
A Rússia era
considerada um país atrasado em relação aos demais. Sua economia baseava-se na
agricultura. Os servos
trabalhavam, mas os senhores feudais não tinham o menor interesse de modernizar
as plantações.
O país era
governado pelo Czar (Imperador), que tinha poder absoluto, ou seja, todos
estavam submetidos a ele, inclusive a Igreja Católica Ortodoxa.
Entre os anos
de 1854 e 1856, a Rússia entrou em guerra com a Inglaterra, França e Turquia (Guerra da Criméia), mas foi derrotada justamente
por causa do atraso em que se encontrava o país.
Então, o czar Alexandre
II tomou algumas providências:
- Aboliu a servidão
- Vendeu
terras aos camponeses
- Mandou
ocupar novas áreas agrícolas
Tudo isso
trouxe benefícios para o país que cresceu e se tornou exportador de grãos, além
de ter favorecido o aumento da população. Esse aumento trouxe algumas
conseqüências graves, como por exemplo, a dificuldade de se encontrar emprego e
a baixa produtividade agrícola gerando fome e revolta.
A saída
encontrada pelo governo foi estimular um programa de industrialização,
isso permitiu que muitos estrangeiros fossem para a Rússia e várias fábricas
foram implantadas, conseqüentemente entre os anos de 1880 e 1900 e Rússia
apresentou as maiores taxas de crescimento industrial.
Enquanto o
país se modernizava o absolutismo
continuava intacto e isso causava descontentamento entre a população que se
unia cada vez mais.
Em 1904 a
Rússia se envolveu em uma guerra contra o Japão. Este conflito desorganizou a
economia piorando a situação dos operários e camponeses. A humilhação da
derrota acirrou os ânimos contra o czar. No ano seguinte, os habitantes saíram
em uma passeata a fim de entregar um abaixo-assinado ao Imperador pedindo
melhoras nas condições de vida e a instalação de um parlamento. O czar
respondeu com um massacre promovido por suas tropas, aumentando ainda mais a
revolta do povo.
Apesar de
tudo, ele fez algumas concessões e dentre elas estava a instalação do
parlamento (Duma).
Entre os anos
de 1907 e 1914, a Rússia voltou a ter uma aparente tranquilidade, pois houve
uma alta no crescimento industrial e os camponeses ganharam terras.
Grande parte
da oposição era socialista e se baseava nas ideias de Karl Marx,
eles acreditavam que todos os problemas do país só acabariam se o capitalismo
fosse abolido e o comunismo fosse implantado.
Os comunistas
se dividiam em dois grupos: Bolcheviques e Mencheviques.
- Bolcheviques: queriam derrubar o czarismo pela força, eram liderados por Lênin.
- Mencheviques: propunham a implantação do socialismo através de reformas moderadas.
Com o advento
da Primeira Grande Guerra (1914) o povo russo se sentiu na obrigação de lutar, porém o
combate trouxe algumas consequências:
- Desorganização da economia
- Fome,
pobreza e racionamento
- Saques,
passeatas e protestos contra o czar
- Renúncia do
czar em 1917 diante da pressão popular
A deposição do
Imperador não trouxe tranquilidade aos russos, pelo contrário,
o conflito
passou a se dar entre os elementos da oposição.
Com a
derrubada do czar, o governo provisório (cujos membros se identificavam com os
interesses da burguesia russa) assumiu o poder. Esse governo adotou algumas
medidas, como:
- Anistia para presos políticos
- Liberdade de
imprensa
- Redução da
jornada de trabalho para 8h.
Estas medidas
agradaram à burguesia, mas os camponeses (queriam terras) e operários (queriam
melhores salários) não gostaram.
Os
bolcheviques, aos poucos, se tornaram os porta-vozes de todas essas
reivindicações.
Os sovietes
eram organizações políticas que nasceram no seio das camadas populares e
representavam os interesses dos trabalhadores. Assim, havia os sovietes de
operários, de camponeses e de soldados. Expressavam uma forma de poder popular
em oposição ao governo provisório e se tornaram decisivos nos rumos políticos
do país.
Alguns grupos
viam nos bolcheviques a solução pra diversos problemas.
Lênin apoiado
pelos sovietes e por uma milícia popular conquista a capital obrigando o
governo provisório a renunciar e assumindo o governo em 1917. Eles acreditavam
que só o comunismo poderia trazer felicidade para os russos. No poder, eles
tentaram realizar e criar uma sociedade onde todos fossem iguais e livres.
Para realizar
esse sonho, foram tomadas várias medidas:
- As terras da Igreja, nobreza e burguesia foram desapropriadas e distribuídas aos camponeses
- Quase tudo
se tornou propriedade do estado (fábricas, lojas, diversões, bancos,etc)
A idéia dessas
medidas era criar igualdade entre os homens, pois, segundo o Marxismo,
sem propriedade não haveria exploradores e explorados.
Várias foram
as dificuldades que surgiram durante o governo e o novo regime se tornava mais
autoritário, distanciando cada vez mais o sonho de criar uma sociedade onde
todos fossem livres e iguais.
Em 1921, foi
permitido ao povo a abertura de pequenos negócios, pois a sociedade precisava
ser estimulada. Os camponeses voltaram a produzir para vender no mercado e as
grandes empresas estatais passaram a considerar as necessidades de consumo do
povo.
Esta série de
medidas ficou conhecida como Nova
Política Econômica (NEP)
e teve resultados satisfatórios no campo econômico, porém no campo social não
foi tão bom assim.
No campo,
surgiram camponeses ricos que pagavam um salário para outros camponeses. Para
os comunistas essa atitude representava a volta da exploração capitalista.
Nas cidades,
os grandes empresários lucravam com essa nova economia e isso fortaleceu o
aumento das desigualdades
sociais.
Em termos
políticos o poder ficou nas mãos do Partido Comunista. Outros partidos
(inclusive os demais partidos comunistas) e os sindicatos foram proibidos de
funcionar.
Após a morte
de Lênin, Trotsky (chefe do exército) e Stálin foram os dois
líderes que disputaram o poder. Stálin saiu vencedor.
Decidido a
industrializar o país, ele só podia contar com dinheiro que vinha da
agricultura, já que não podia fazer empréstimos internacionais por causa da
pobreza em que o país se encontrava.
Para aumentar
a produtividade, foram criadas as fazendas coletivas e muitos camponeses foram
obrigados a entregar o gado e as terras ao estado para trabalharem (contra a
vontade) nestas fazendas.
Nas fábricas,
os operários foram proibidos, sob ameaça de morte, de fazer greve ou mudar de
emprego. Apesar disso, as metas de Stálin foram alcançadas e a União Soviética
passou por um processo de modernização e industrialização. Porém, o
totalitarismo implantado por Stálin na URSS mantinha um rígido controle sobre a
imprensa e a cultura em geral.