Por Leandro
Karnal
As pessoas
felizes no Brasil seriam aquelas que acreditam profundamente, e muitas pessoas
acreditam, que a corrupção está a cargo de um partido.
As pessoas que
acreditam que a corrupção está a cargo de um partido e que acreditam que
bastaria tirar este partido do poder, para que o reino da justiça e da
igualdade se instalasse no país são pessoas muito felizes, são pessoas que substituíram
cultos como o do papai Noel e do coelhinho da páscoa pelo culto da corrupção
isolada, e quando eu digo isso eu não estou dizendo que um ou outro partido não sejam notáveis
pela corrupção, eu estou dizendo aquilo que eu venho dizendo seguidas vezes em
muitas manifestações na televisão ou em textos, que a corrupção que Hamlet nota,
começa no leito da sua mãe na Dinamarca.
A microfísica
do poder a corrupção começa ao andar pelo acostamento, a corrupção começa no
recibo de dentista comprado para declarar no imposto de renda, a corrupção
continua no atestado médico falso entregue pelo pai para justificar o filho que
apenas vagamundeou para a prova, a corrupção continua com o colega que na aula
de ética política e filosofia assina a lista pelo colega, a corrupção continua
em todos os lugares e apenas numa ponta do iceberg como último o último
elemento da corrupção ela chega a um partido, a um governo e a um poder. Se a
corrupção fosse de um grupo eu seria uma pessoa profundamente feliz, rejeitaria
Hamlet e adotaria Paulo Coelho, seria uma pessoa absolutamente tranquila,
porque a partir desse momento eu teria a consciência que eliminando aquelas
pessoas que são do mau eu estaria livre.”