Postagem editada em 23/03/2013
Livre acesso ao conhecimento ganha
força no Brasil
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O conhecimento move o mundo, mas
muitas vezes o acesso a ele está impedido por barreiras como as chamadas paywalls,
que restringem o acesso à íntegra de estudos publicados em alguns dos
principais periódicos científicos do mundo, como as revistas “Science” e
“Nature”, apenas para assinantes. Nos últimos anos, no entanto, cresce a adesão
de algumas das maiores instituições de ensino e pesquisa do planeta ao livre
acesso, com a criação de repositórios digitais com o conteúdo completo de
artigos inéditos ou já publicados nestes periódicos.
Desde a última terça-feira a Escola
Nacional de Saúde Pública (ENSP), ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
tornou-se a primeira grande instituição brasileira a se juntar a esse movimento
- do qual fazem parte nomes como as universidades de Harvard e Cornell e o
Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA -, com a entrada em
vigor de portaria assinada pelo seu diretor, Antônio Ivo de Carvalho. Pelos
termos da iniciativa, pesquisadores, docentes, discentes, funcionários,
colaboradores, contratados e demais pessoas vinculadas à escola devem arquivar no repositório da instituição um
arquivo completo dos textos e estudos que produzirem, além de cederem os
direitos para sua divulgação, tradução e uso não comercial.
- Assim, qualquer pesquisador de
outra instituição em qualquer parte do mundo vai poder usar este conhecimento e
agregá-lo a suas próprias pesquisas – diz Carvalho. - Nossa ideia não é
competir com as formas de publicação tradicionais, como livros e periódicos,
nem nos apropriar do trabalho dos pesquisadores, mas sim dar mais visibilidade
e democratizar o conhecimento. A ciência se desenvolve com esta construção,
como (Isaac) Newton e o ombro de gigantes. Mas se antes o diálogo entre os
cientistas se dava por carta, hoje as novas tecnologias dão uma escala e
abrangência maior para essa troca.
Segundo Carvalho, o movimento mundial
de livre acesso ao conhecimento teve seu início em uma conferência realizada em
Budapeste, capital da Hungria, em 2001. Então, havia cerca de 200 repositórios
do tipo espalhados pelo planeta. Hoje, conta, são 2199, dez vezes mais, aos
quais a ENSP está se juntando. Além das pesquisas da escola, o repositório
abrigará todo o material educacional produzidos e usados pelos professores nas
aulas, assim como o desenvolvido pela sua área de educação à distância,
pesquisas ainda não finalizadas e vídeos e áudios das apresentações e palestras
proferidas na instituição por especialistas convidados nacionais e
estrangeiros.
- Queremos dar uma virada no esforço
científico brasileiro tanto na pesquisa quanto no ensino, para que o
conhecimento possa servir à sociedade como um todo – defende. - Estamos
entrando em um movimento pela universalização do saber. O conhecimento não pode
servir apenas a interesses particulares.
De acordo com Carvalho, a ENSP é
apenas a primeira unidade da Fiocruz a liberar o acesso à sua produção para
pesquisadores e o público em geral. Até o fim do ano, outros setores da
fundação, como o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), deverão seguir o mesmo caminho e
abrir seus arquivos para consulta.