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terça-feira, 9 de abril de 2013

O buchada o borrado e a magrela

Quem apronta uma primeira vez, pode aprontar de novo...



Pois bem, aqui neste espaço eu já contei a estória do gato que visitou o passarinho, a do macaco ladrão de óculos, contei também a estória do bandido fajuto, aquela da divisão de almas e agora trarei a baila a estória do Niltinho buchada e o seu mui amigo Borrado

Hoje recupero um fato verídico ocorrido há anos atrás, e que teve como protagonistas, meu sogro Bino (in memória), meu cunhado Nilton e o serelepe Borrado (este ultimo eu nunca soube ou saberei seu verdadeiro nome, portanto eu o tratarei por borrado, que é como ele era conhecido).

Borrado era menino levado, órfão de pai, e acabou sendo criado pelo destino e educado pela vida, no colégio era mestre na arte de matar aulas, e às duras penas concluiu o primeiro ano primário, ou seja, aprendeu o abc e nada mais. Desenhava muito mal o nome, e acabou abandonando os estudos para dedicar-se a arte do fazer nada. Mas Borrado era moleque esperto, e apesar de não saber escrever e mal ler, era bom de matemática, aprendeu perdendo, e foi nas divisões de bolinhas de gude, ou nas balas do dia se São Cosme e Damião que se tornou ótimo na arte de dividir, pelo menos ótimo para ele.  

Aprendeu que para dividir onze balas pra dois, bastava colocar uma no bolso, e o restante seria cinco pra cada um. Tornou-se figurinha fácil no álbum da estória do bairro Soteco. Conhecia todo mundo e tinha um bocado de amigos, e Niltinho buchada era um dos que figurava nesse seleto e baita grupo.

A partir deste parágrafo tratarei o Niltinho buchada, simplesmente por buchada. Quando buchada era mais novo, era um menino miúdo, magricela e dono de uma proeminente saliência peitoral, o famoso ‘peito de pombo’. Ele também era o queridinho do papai, muito talvez por isso ainda meninote ganhasse uma bicicleta de presente, não era nova, mas ainda assim era o objeto de desejo do resto da molecada.

Atrás daquele peito de pombo, o que existia na verdade era um enorme coração, que felizmente, apesar do peito de pombo ter sido coberto por uma grossa camada de gordura que o tempo esculpiu, o coração do buchada continua enorme até hoje.

Já o borrado padecia do mal do bicho carpinteiro, não sossegava, e apesar de nunca ter possuído a própria bicicleta, nunca andava a pé. Quando não era um, era outro quem lhe emprestava, mas o campeão de empréstimo de bicicleta para o borrado era o buchada, vira e mexe estava lá o borrado dando os roles com a bike do buchada.

sábado, 30 de março de 2013

Gato só visita passarinho quando está mal intencionado



Por Dag Vulpi

Há momentos em nossas vidas em que manter a serenidade é necessariamente imprescindível, mesmo quando tudo conspira contra, tornando essa tarefa quase impossível. E foi num desses momentos adversos que o extrovertido e sempre de bem com a vida "beija-flor" foi pego.

Beija-flor é um cidadão de boa índole e de muitas amizades, funcionário da prefeitura de Vila Velha - ES há mais de 30 anos, e essa longevidade profissional acabou por render-lhe certos "privilégios" comuns ao setor público, dos quais, coerentemente, beija-flor não abre mão.

Entre os tais privilégios, estão a redução de sua carga horária, e as constantes faltas são sempre ignoradas, afinal, ele é um dos mais antigos funcionários daquela prefeitura.

Como manda a regra, a maioria dos seus chefes entrou para os quadros do funcionalismo apadrinhados, e à custa de favores políticos, e o conhecimento técnico da função que exerceriam, bem, esse era um detalhe esquecido. A cada mudança no executivo municipal, toda a chefia era substituída, mas beija-flor continuava seguindo sua rotina, aumentando sua longevidade na vida e no trabalho.

Boa bisca, boêmio e com seus vícios, vícios que, aliás, quase todos nós temos. Um de seus principais vícios derivava do seu próprio apelido, o de sentir prazer em possuir pássaros de gaiola. Não abria mão de ter em seu plantel um bom curió, coleirinha e trinca-ferro.

Esse vício, que ele chamava de paixão por pássaros, por vezes trazia-lhe alegrias, mas, como nem tudo é sorriso, e até o mais famoso é falso, que o diga Mona Lisa, a vida também lhe reservava momentos de desilusões.

Coisa não permitida por beija-flor era o questionamento quanto à qualidade de seus pássaros. Ai daquele que fizesse críticas aos seus canoros. Vez ou outra, um desavisado fazia comentários pejorativos sobre a qualidade de seus pupilos, que eram rechaçados e tidos como: “inadmissíveis”, “opiniões inconsequentes vindas de leigos”. Seus pássaros eram sempre os melhores, ponto.

Os momentos mais felizes de beija-flor foram quase todos atribuídos aos triunfos de seus pássaros, em especial ao seu coleirinha "Pepê".

Tornaram-se tradicionais as disputas, ou como gostava de dizer beija-flor, os "rachas". Eles eram realizados todos os sábados pela manhã. A rapaziada se reunia para colocar seus pássaros à prova, enfileirados com suas gaiolas lado a lado para determinar qual deles daria o maior número de cantos.

Outro participante das rodas de racha, e admirador da arte da criação de passeriformes, era seu Carlos, ou "Carlinho Pereá". Pereá é vizinho de beija-flor, mora na mesma rua, e sua paixão por pássaros também é grande. Porém, apesar dos gostos parecidos, os pontos de vista dos dois sempre foram divergentes.

Aquela rixa era antiga, atribuída a fatos ocorridos quando eram jovens, e o passar dos anos não contribuiu para o consenso. Difícil era saber quem estava com a razão, se é que alguém a tinha.

Papo comum e recorrente era a afirmativa de ambos em se dizerem proprietários dos melhores e mais belos pássaros da região. Nunca se entenderam quanto a isso, aliás, não se entendiam em quase nada. Tratarei especificamente disso em outra publicação; por hora, tratarei de um fato em especial que tirou beija-flor de circulação por alguns dias.

O bom e velho beija-flor acordou às quatro horas da manhã, e acordar cedo era seu costume antigo. Levantou, ligou o rádio sintonizado na AM, onde passava seu programa matinal predileto, com música caipira e locutor com sotaque de interiorano.

Ao pegar a vasilha para aquecer a água do café, beija-flor ouviu um barulho vindo do seu quintal. Imediatamente, abriu a janela e, mesmo ainda escuro, percebeu um desconhecido no seu quintal, carregando uma botija de gás. Antes que beija-flor questionasse a presença do intruso em sua propriedade, o sujeito se antecipou, indagando se ele tinha interesse em comprar a botija de gás, alegando que ela estava cheia e que precisava vendê-la para comprar remédio para o filho pequeno.

Beija-flor pensou por alguns segundos e respondeu que não tinha interesse. "Vai que seja fruto de algum roubo", pensou ele. Em seguida, pediu para o cidadão se retirar de seu quintal, e assim foi feito. O cidadão desculpou-se pelo incômodo e retirou-se levando a botija.

Beija-flor certificou-se de que o cidadão realmente havia se retirado e voltou aos seus afazeres. Ao colocar a chaleira sobre o fogão e tentar acender o fogo, teve a primeira decepção do dia: o gás havia acabado. Tentou duas, três vezes, mas nada. O fogo não acendeu. Era inevitável; teria que esperar o comércio abrir para comprar outro botijão.

Chateado, lamentou-se pela oportunidade perdida: "Eu poderia ter comprado a botija daquele infeliz, teria ajudado um filho de Deus, e agora não ficaria sem café até o comércio abrir", pensou ele. Mas não havia outro jeito, a não ser adiantar o processo da troca de botijas, soltando a válvula que ficava presa à botija.

Ao acender a lâmpada da área externa e dirigir-se ao local onde estava instalada a botija, ao chegar lá, só avistou a mangueira. Percebeu que a botija não estava mais lá. Alguém já havia adiantado o seu serviço.

Beija-flor não se conteve, jogou o boné no chão e praguejou tudo o que não devia contra o seu indesejável visitante matutino.

Como azar pouco é bobagem, Beija-flor, apesar de ser um sujeito com muitos anos de cidade e conviver diariamente no meio da galera da prefeitura, onde o que não falta é peão esperto, não poderia cometer o erro de contar o ocorrido logo para o suíno. Suíno era o apelido do dono da quitanda, e falar para o suíno era o mesmo que pagar um carro de som para divulgar o falecimento de um padre.

Antes das nove da manhã, o bairro todo já estava sabendo do ocorrido, e o pior, com exageros. Afinal, a galera não perderia uma oportunidade daquelas.

Beija-flor se encontrava naquela situação de "bola da vez" e precisou tomar uma atitude inédita. Logo ele, que se gabava aos quatro ventos de nunca ter tirado férias na vida, desta vez foi inevitável. Beija-flor, que durante toda vida foi um gozador nato, tornara-se o motivo da chacota de todo o bairro e das proximidades.

Não houve jeito; Beija-flor tirou férias forçadas e foi passar uns dias na casa de um irmão que morava no interior. Não havia escolha; era isso ou fazer uma bobagem.

Felizmente, tudo acabou bem, mas Beija-flor ficou muito chateado durante um bom tempo. Perdeu aquele status de ser o esperto da área e virou chacota.

Até hoje, seu feito é lembrado, inclusive por este que agora assina este texto.

quarta-feira, 6 de março de 2013

LISTA ABERTA OU FECHADA ?


Há muitas críticas ao sistema proporcional e de lista aberta, que é o atualmente utilizado nas eleições, mas não há consenso sobre o modelo que poderia substituí-lo.

O PSDB defende o voto distrital misto, enquanto o PT da presidente Dilma Rousseff se mantém a favor da lista fechada. Já o presidente da Comissão de Reforma Política, Francisco Dornelles (PP-RJ), propõe o chamado "distritão", ou seja, o voto majoritário para estados e municípios.

Uma das críticas ao sistema atual é que o eleitor vota em um candidato, mas, ao fazê-lo, pode contribuir para eleger outros que pertençam ao mesmo partido (ou a uma eventual coligação). Isso ocorre porque, no sistema proporcional de lista aberta, o voto não é contabilizado apenas para o candidato, mas também para seu partido. E é o número total dos votos válidos de cada partido que define a quantidade de vagas a que a legenda terá direito.

Por causa dessa lógica, um candidato "puxador de votos" (capaz de conquistar, sozinho, uma grande fatia do eleitorado) ajuda a eleger colegas de partido ou coligação, até quando a votação deles é menor que a de candidatos de outras legendas.

O caso do falecido deputado federal Enéas Carneiro, do antigo Prona, é lembrado com frequência. Em 2002, ele se elegeu para a Câmara após obter cerca de 1,5 milhão de votos no estado de São Paulo. Enéas tornou-se um "puxador de votos" para o seu partido, que, graças à sua votação, levou outros cinco candidatos ao Congresso Nacional - um deles com menos de 300 votos.

- Por causa dessas distorções, há legendas que escolhem candidatos sem preparo para a vida parlamentar, mas que têm grande apelo eleitoral e podem atuar como puxadores de votos para o partido ou a coligação - diz Francisco Dornelles.

Ele argumenta que, dessa forma, os brasileiros acabam elegendo candidatos em quem nem pretendiam votar ou que nem conhecem. O senador acrescenta ainda que "tais candidatos muitas vezes nem têm afinidade ideológica ou programática com o puxador de votos".

Voto distrital
Para substituir o sistema vigente, há alternativas como a defendida pelo PSDB, que é favorável ao voto distrital misto, modelo que mescla características dos sistemas proporcional e majoritário. Apesar desse posicionamento, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) diz que "o ideal seria adotar o voto distrital puro", no qual os estados são divididos em distritos e cada distrito escolhe, de forma majoritária, apenas um representante.

- No voto distrital puro o eleito está mais próximo do eleitor. Fica mais fácil para o cidadão fazer cobranças de seu representante - argumenta Aloysio Nunes.

Francisco Dornelles também considera o voto distrital puro "a solução ideal", mas avalia que a divisão de estados em diversos distritos eleitorais seria uma coisa "muito complexa e difícil de operacionalizar neste momento". Por isso, ele sugere "como primeiro passo" a conversão de estados, no caso dos deputados, e municípios, no caso dos vereadores, em grandes distritos (daí o apelido "distritão"), onde seriam eleitos apenas os mais votados.

O presidente da Comissão de Reforma Política diz ainda que, com o fim do voto proporcional em lista aberta, "perdem sentido as coligações para eleger deputados e vereadores". As coligações muitas vezes beneficiam as legendas que, sozinhas, não conseguem votos suficientes para atingir o quociente eleitoral.

Tanto o presidente do Senado, José Sarney, como o vice-presidente da República, Michel Temer, ambos do PMDB, já demonstraram simpatia pela eleição majoritária para deputados e vereadores. A mudança defendida por Dornelles está prevista em uma proposta de emenda à Constituição de sua autoria: a PEC 54/07.

Lista fechada
A proposta do "distritão", porém, é criticada pelo PT, que defende a manutenção do sistema proporcional - desde que a lista aberta seja substituída pela lista fechada. Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE):

- O distritão significa a abolição definitiva dos partidos políticos, pois leva a uma personalização ainda maior das campanhas [já que o voto se destina unicamente ao candidato] e torna as eleições ainda mais caras, privilegiando os candidatos mais ricos -argumenta.

Nessa linha de raciocínio, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) argumenta que "os partidos são fundamentais porque trazem às campanhas eleitorais o debate de ideias e de programas, debate que seria eliminado se o distritão fosse implantado".

No sistema de lista fechada mais difundido, o eleitor vota no partido, que já tem um grupo de candidatos escolhidos internamente. Ao defender a lista fechada, o PT afirma que esse sistema induz ao fortalecimento de partidos e, consequentemente, à consolidação da democracia.

O PT defende a implementação da lista fechada junto com o financiamento público de campanha, argumentando que isso evitaria, por exemplo, o encarecimento das campanhas. O senador Wellington Dias (PT-PI) assinala que, assim, "qualquer brasileiro, tendo dinheiro ou não, poderá participar do processo eleitoral e chegar ao Congresso sem estar comprometido com o financiador A ou B".

- Defendemos um sistema no qual haja a preponderância de partidos ideológicos e programáticos - reiterou Humberto Costa.

Por outro lado, até dentro PT, não há consenso em relação ao modelo exato de lista fechada a ser implantado. Wellington Dias, por exemplo, defende uma lista na qual o eleitor possa escolher, entre os candidatos definidos pelo partido, aquele que ele prefere (ou seja, seria possível "reordenar" a lista).

Gleisi Hoffman admite simpatizar, "ao menos inicialmente, como ideia a ser discutida", com o voto distrital misto. Além disso, ela propõe que o Brasil se baseie na experiência de países como a Argentina, onde se implantou um sistema de lista fechada que promoveu o aumento do número de mulheres entre os parlamentares.

Os críticos da lista fechada afirmam que esse modelo enfraquece o vínculo entre os candidatos e os eleitores e reforça o poder das cúpulas das legendas. Francisco Dornelles, por exemplo, diz que "tal sistema levaria, hoje, à ditadura das cúpulas partidárias". Já o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PSDB), observa que "não existem ainda partidos consolidados no Brasil, sendo que muitos são artificiais e vários não passam de siglas para mero registro de candidaturas".

- Ainda há muito a superar para, quem sabe, um dia discutirmos a possibilidade de implantar a lista fechada.

LISTA ABERTA
Particularmente sou favorável a este sistema, o eleitor vota no candidato baseando-se no seu perfil e em seus projetos “promessas” de campanha e não nas legendas, não é por ser simpatizante desta ou daquela sigla que concordarei com os candidatos propostos... por ela.

Pode ocorrer de o candidato de nossa preferência ser filiado a uma legenda que não simpatizamos. Não concordo que o partido escolha o meu candidato (LISTA FECHADA), políticos inelegíveis por estarem enquadrados pela Lei do Ficha Limpa poderão se tornar os dirigentes dos partidos, e neste caso serão este tipo de políticos que decidirão quem irá ocupar as vagas na tal lista fechada, e neste caso não é difícil imaginarmos o que acontecerá.

O eleitor deve exercer o direito soberano do voto em sua plenitude, sua escolha deve ser respeitada em todos os níveis.


Os candidatos mais votados deverão se eleger sempre, independente de partidos ou coligações.


Não concordo com o atual sistema de voto (PROPORCIONAL), onde, o voto confiado a determinado candidato acaba beneficiando outro pelo simples fato do outro fazer parte do mesmo partido ou coligação.

Já foram muitos os casos de políticos que se beneficiam do candidato "puxador de votos" (capaz de conquistar, sozinho, uma grande fatia do eleitorado) ajudando a eleger colegas de partido ou coligação, mesmo com uma votação inexpressiva se comparada a votação de candidatos de outras legendas, desta forma acabamos elegendo candidatos que não figuravam na nossa lista de preferência.


Infelizmente partidos ideológicos e programáticos são raridade, logo, cabe a cada cidadão escolher o candidato que ele julga ser o seu melhor representante. Este é um direito democrático.


O VOTO DISTRITAL aproxima o candidato do eleitor, facilitando o cidadão a fazer cobranças de seu representante, atualmente elegemos candidatos que, dada a distancia entre ele e seu eleitorado, não a cumplicidade nem comprometimento por parte do eleito.


O FINANCIAMENTO DE CAMPANHA 100% com recursos públicos para ser justo, também deveria ser tabelado, todos deveriam ter a mesma verba para investir nas suas campanhas e o mesmo tempo de rádio e TV nos programas gratuitos, independente de siglas e representação.

terça-feira, 5 de março de 2013

PARADIGMAS DE UMA ECONOMIA FRATERNA



Por Hélcio de Castro Padrão, Thaïs Abi-Sâmara e Berenice von Rückert
Se aprofundarmos na principal razão ou razões da existência humana, acreditamos que o aprendizado ocupa posição de destaque.

Podemos dividir o aprendizado em três partes:
• Auto - conhecimento;
• Desenvolvimento do relacionamento social;
• Agir fraterno (contribuir para a sociedade / comunidade).

Ao analisamos o ideal trimembrado que surgiu na Revolução Francesa, liberdade, igualdade e fraternidade, tanto a liberdade no pensar quanto a igualdade nas relações haviam sido descritas na Carta dos Direitos do Homem  em 1789 (que posteriormente foi inserida na Constituição Francesa por Napoleão Bonaparte):

“Artigo l. Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser fundamentadas senão sobre a utilidade comum”.

“Artigo 11. A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei”.

“Artigo 12. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; por conseguinte, esta força fica instituída para o benefício de todos, e não para a utilidade particular daqueles a quem ela for confiada”.

Embora fizesse parte do ideal francês, a palavra “fraternidade” não aparece nesta Carta e sequer fora relacionada com o “querer” ou com a vida econômica.

Por quê?
Bem, o homem precisou desenvolver o seu eu, tomar consciência de seus direitos para poder reivindicá-los, e lutar contra as formas de opressão.

Mas a fraternidade não é um direito. É um dever. Por isso não poderia estar presente em uma carta de direitos. Outro motivo é que a Revolução Francesa fora encabeçada pela burguesia mercantilista, que queria a liberdade na economia uma vez que sofriam com a excessiva intervenção do Estado neste setor.

Atualmente vivemos o momento de uma nova tomada de consciência por parte da humanidade: a conscientização de que também temos deveres. E este processo é mais doloroso porque significa abrir mão de muitas coisas, compartilhar e, antes de tudo, requer aprendizado contínuo. Em contrapartida é um caminho que traz muitas realizações.
E é este aspecto que gostaríamos de enfatizar, o da Fraternidade no Querer ou da Economia Fraterna.

Embora o aprendizado tenha relevante importância na vida humana e que o trabalho seja a melhor forma de contribuir para a comunidade, o que motiva este trabalho ainda é o auto-sustento, a realização pessoal e a satisfação dos desejos individuais. Uma pessoa que trabalha com este impulso não contribui com o quanto é capaz, mas com o quanto ele quer ganhar.

Como disse R. Steiner:
“É que ser auto-sustentador significa trabalhar para o ganha pão; já trabalhar para os outros significa trabalhar a partir das necessidades sociais”.

Mudar de um sistema centrado no individualismo (ego centrista) e ir em direção a um sistema voltado para o social significa uma mudança radical em nossos conceitos. O jargão “temos que atender às necessidades de nossos clientes”, embora maciçamente utilizado pelas organizações, ainda não foi amplamente entendido e sequer utilizado de forma pura. O que ainda motiva as ações da maioria das organizações e das pessoas é o lucro e não atender as reais necessidades dos clientes. O que não entendemos é que, a longo prazo, atender realmente às necessidades dos clientes e ter lucro estão intimamente ligados.

O lucro e o acúmulo de capital permitem o desenvolvimento humano, pois possibilitam o investimento em estudos e pesquisas. O problema é quando o homem se apropria deste capital, se sente dono dele. O capital surge na atuação do Espírito do homem no trabalho. E esta atuação resulta no surgimento de novos produtos e do aumento de produtividade, enriquecendo a comunidade. E é da comunidade o resultado deste trabalho. Ao homem, cabe sua remuneração, de forma que atenda suas necessidades. Quando ele se apropria deste capital e o acumula, pura e  simplesmente, ele o estanca, fazendo o efeito inverso, não permitindo o desenvolvimento da sociedade, uma vez que este não movimenta a economia, e não facilita a atuação de outras pessoas com capacidade empreendedora no sistema.

E esta mudança não virá de forma imposta, pois cabe ao empreendedor o destino da aplicação do capital excedente. Temos sim que nos conscientizar todos das conseqüências reais de nossos atos, para que possamos agir de forma mais construtiva.
E o primeiro passo nesta direção, voltando ao início deste texto, significa justamente:

• Auto - conhecimento;
• Desenvolvimento no relacionamento social;
• Atuação fraterna.

Este é um dos paradigmas da economia desta nova era. Precisamos investir no desenvolvimento humano como um todo. E esta necessidade já se faz sentir em todas as organizações.

Quando conseguirmos quebrar este sistema individualista e caminharmos para um sistema cooperativo, a humanidade terá dado um importante passo para seu desenvolvimento. E construiremos uma sociedade mais justa, menos desigual, onde todos tenham as mesmas oportunidades e onde as diferenças sejam respeitadas, transformando a Terra em um lugar melhor para todos vivermos. E se observarmos bem ‘a nossa volta, poderemos perceber que esta mudança já está começando.

O CÂMBIO E OS JUROS
Vivenciamos uma economia globalizada.
O comércio entre os povos existe há milênios. E não será diferente. E nem poderia ser, pois vivemos em um planeta onde todos os seres humanos estão interligados, formando uma comunidade global. A maioria dos países não é auto-suficiente e depende deste comércio para sobreviver.

Como disse R.Steiner no livro Economia Viva:
“Os diferentes Estados podem ser comparados às células de um organismo e, somente toda a Terra, como corpo econômico, pode ser comparada a um organismo....A Terra toda, tomada como um organismo econômico, é um organismo social.”

Dentro desta estrutura global, um fato econômico se torna perverso: as diferenças cambiais entre as moedas dos diversos países.

O câmbio, da forma como é praticada hoje é completamente absurda. Um verdadeiro jogo especulativo, sem nenhuma regra lógica, completamente incoerente, onde o que vale, na verdade, é o ganho fácil e o que é pior: sem produzir nada. Uma pessoa que vive da especulação nada produz, mas se alimenta, se veste, se diverte, ou seja, consome como qualquer outro. Todos têm direito a este consumo. Mas aqueles que consomem, sem nada produzir em troca, são fardos para a sociedade, pois outros terão que trabalhar para mantê-los.

Para se ter noção da falta de coerência e da perversidade que hoje significa o sistema cambial, basta observar os fatos presentes:

Se os Estados Unidos entrarem em guerra contra o Iraque, por que o Real se desvaloriza em relação ao dólar? Não é estranho? Não deveria a moeda norte americana se desvalorizar, já que são eles que estão gastando bilhões de dólares nesta batalha? Ou seja, tudo que acontece no cenário mundial desvaloriza nossa moeda. Que lógica há nisto tudo? A única lógica é que alguém ganha e alguém perde com toda esta especulação. E com certeza não é o setor produtivo, que se vê como um barco à deriva, em meio a toda esta tormenta. Para uma economia realmente globalizada, assim como fez a União Européia, teremos que caminhar gradativamente para uma moeda única e mundial. Sabemos que não será fácil, pois requer significativas melhorias nas condições econômicas dos países menos desenvolvidos. Mas este será um caminho necessário.
Outro problema que estrangula a economia é o juro. Nosso governo insiste na fórmula de aumentar o juro para conter a inflação. Embora tenha efeitos no curto prazo, uma vez que retém uma parte do capital especulativo mundial, no longo prazo os efeitos são arrasadores.

O que acontece quando o país aumenta sua taxa de juro?
A dívida do governo aumenta de forma geométrica, que por sua vez necessita aumentar seus impostos, que hoje, no Brasil, já chega a 34% do PIB. Com isso o setor produtivo enfraquece, uma vez que o dinheiro em circulação diminui (está sendo sugado para o governo pagar suas dívidas) e o custo do dinheiro para investimentos fica cada vez mais caro. Por sua vez, os novos  empreendedores se vêem em dificuldades para criar novas organizações. Sem esta atuação do Espírito humano no trabalho, forma-se menos capital. Sem capital a população empobrece. E sem surgimento de novas empresas e sem novos investimentos no setor produtivo o desemprego aumenta. E este é um círculo vicioso que corrói e destrói a base econômica do nosso país. O governo alega que necessita conservar o juro alto para manter o capital especulativo estrangeiro no país. Mas um dia ele terá que deixar-nos uma vez que este só visa lucro fácil. Ou o governo favorece o setor produtivo ou favorece o especulativo. E se o governo não favorecer a produção, sua maior base de arrecadação, ele também morre.

Outra alegação do aumento do juro foi defendida pelo Banco Central baseando-se no aumento da inflação. E que esta inflação estaria elevada pelo aumento de circulação de dinheiro na economia. Este dado não condiz com o relatório do próprio Banco Central, que em 2002 constatou a diminuição das remunerações dos brasileiros. Se a renda diminuiu, como o dinheiro em circulação poderia ter aumentado? Em nossa opinião a inflação atual tem base em três pilares principais:

• o jogo especulativo do câmbio que desvalorizou sobremaneira a nossa moeda;
• os aumentos constantes das tarifas públicas, bem acima da inflação e os aumentos programados pelos setores regulados pelo governo, como energia e telecomunicações;
• o aumento dos impostos.

No fundo não sabemos se a dívida brasileira é ou não pagável. Mas não é difícil entender o quanto estamos sendo sacrificados para saldar seus juros. E também não é difícil prever que, se hoje seja possível quitá-la, com estas taxas de juros exorbitantes, em pouco tempo não mais será.
Não será fácil para o país agir para não mais atrair este capital especulativo que aqui hoje reside. Será um remédio amargo e com certeza aprofundaremos em uma crise. Mas se não tomarmos as providências necessárias em tempo hábil, certamente experimentaremos algo muito pior.

Como citou R.Steiner, aumentar os juros para conter a alta dos preços é o mesmo que estar sentindo frio e aumentar a coluna de mercúrio de um termômetro.

Hélcio de Castro Padrão, Thaïs Abi-Sâmara e Berenice von Rückert, são membros da Associação de Pedagogia Social e consultores da Éthica Consultoria e Treinamento

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os Programas Sociais que só garantem o peixe de hoje

Por Dag Vulpi

Ainda que invisível e aparentemente indestrutível, a redoma criada para blindar nossos representantes não pode ser ignorada ou esquecida.

Muitos não se dão conta dessa blindagem, menos ainda da forma como ela é sorrateiramente construída ao longo de seus mandatos.

Um bom exemplo dessa blindagem é o motivador dos altos índices de aprovação obtidos por nosso ex e por nossa atual presidente. Parece não haver dúvidas que estes índices são em grande parte influenciados pelas "benesses" concedidas através das benditas bolsas sociais. Esses programas sociais, apesar de terem seu lado positivo, também funcionam como um garantidor de capital político, que pode ser nitidamente observado nas pesquisas de satisfação, ou nos resultados das urnas, onde eles são convertidos em forma de votos.

Este capital político adquirido graças ao tal "garantidor" permite-lhes camuflar os demais problemas sociais, sem que haja questionamentos dos seus atuais mandatos, ou ainda, que gerem riscos para suas futuras pretensões políticas.

O interessante deste processo é que a base que forma este garantidor político não se resume exclusivamente aos cidadãos que têm suas famílias beneficiadas pelos programas sociais, isto seria normal, afinal, eles foram criados - basicamente - para este fim, no entanto, ele é formado também por uma grande parcela da população, que simplesmente os aprova incondicionalmente, assim como aprova todo e qualquer ato advindo da mesma origem;

Equivocar-se é inerente ao ser humano, mas entendo que esta é uma boa justificativa para o descaso do nosso governo nas áreas da saúde, educação e segurança.

“Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida.”
Lao-Tsé

sábado, 15 de dezembro de 2012

AP 470 Leia o voto de Gilmar Mendes sobre perda de mandato

Por Elton Bezerra
O site do Supremo Tribunal Federal divulgou nesta sexta-feira (14/12) o voto do ministro Gilmar Mendes sobre a perda de mandato dos deputados condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Na segunda-feira (10/12), houve quatro votos favoráveis à tese de que cabe ao STF determinar a perda do mandato e quatro pela competência da Câmara dos Deputados. Falta apenas o voto do ministro Celso de Mello para o ponto final na questão.

sábado, 22 de setembro de 2012

Revisor e relator divergem em temas centrais do mensalão como o conceito de lavagem de dinheiro

Um dos pontos de divergência é sobre o crime de lavagem de dinheiro, questão central por envolver os 13 réus cujas condutas são analisadas agora pelo STF

Supremo Tribunal Federal (STF) entra no vigésimo sétimo dia de julgamento da Ação Penal 470 na próxima segunda-feira (24), com a continuação do voto do revisor, Ricardo Lewandowski, sobre os pagamentos a parlamentares entre 2003 e 2004.

Embora seu voto ainda esteja no começo, Lewandowski, na sessão de quinta-feira (20), já mostrou discordar da versão apresentada pelo relator Joaquim Barbosa, que condenou 12 réus desta etapa, entre eles sete parlamentares. Um dos pontos de divergência é sobre o crime de lavagem de dinheiro, questão central por envolver os 13 réus cujas condutas são analisadas agora pelo STF.

Enquanto o relator defende que os parlamentares lavaram dinheiro ao receber em espécie ou ao mandar terceiros sacarem na boca do caixa, Lewandowski acredita que a dissimulação faz parte do próprio ato de corrupção. Para o revisor, se o parlamentar não sabia do caminho sujo do dinheiro até chegar a suas mãos, ele não pode ser condenado por lavagem.

Outro ponto de discordância é o motivo do recebimento da verba pelos parlamentares. Enquanto Joaquim Barbosa corrobora a tese do Ministério Público, afirmando que o pagamento era para compra de apoio político para o governo, Lewandowski disse, na última sessão, que o dinheiro se destinava ao pagamento de dívidas de campanha, aproximando-se da tese dos advogados.

Houve um acordo entre partidos para financiamento de campanhas, os representantes dos diversos partidos telefonaram para o partido que financiava essas campanhas e disseram ‘Olha, vai e recebe dinheiro no banco tal’, e essas pessoas mandam um intermediário que assina um recibo e a pessoa, em princípio, não sabe se o dinheiro veio da SMP&B [empresa de Marcos Valério], do próprio banco ou de uma empresa qualquer”, disse Lewandowski.

Logo após a sessão, ao falar com jornalistas, o revisor deu uma nova versão sobre o destino dos recursos e disse que não vai detalhar em seu voto qual o objetivo do pagamento a parlamentares porque “não há necessidade de entrar nesse tipo de elocubração”. Para Lewandowski, a corrupção já fica configurada se o político aceitar receber vantagem, independentemente do motivo que levou o corruptor a oferecer dinheiro.

Até agora, Lewandowski absolveu o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) de todos os crimes e o ex-deputado federal e ex-presidente do PP Pedro Corrêa, do crime de lavagem de dinheiro. Ele continuará seu voto nesta segunda analisando as acusações sobre o réu João Cláudio Genu, assessor do PP na época dos fatos, e os réus Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, da corretora Bônus Banval. Em seguida, falará sobre os réus do PL (atual PR), PTB e PMDB.

Confira placar parcial da primeira parte do Capítulo 6 – corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro entre os partidos da base aliada do governo:
1) Núcleo PP

a) Pedro Corrêa
- corrupção passiva: 2 votos pela condenação
- lavagem de dinheiro: empate de 1 a 1
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação

b) Pedro Henry
- corrupção passiva: 1 voto a 1
- lavagem de dinheiro: 1 voto a 1
- formação de quadrilha: 1 voto a 1

c) João Cláudio Genu
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação

d) Enivaldo Quadrado
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação

e) Breno Fischberg
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação
2) Núcleo PL (atual PR)

a) Valdemar Costa Neto
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação

b) Jacinto Lamas
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
- formação de quadrilha: 1 voto pela condenação

c) Antônio Lamas
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela absolvição
- formação de quadrilha: 1 voto pela absolvição

d) Bispo Rodrigues
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
3) Núcleo PTB

a) Roberto Jefferson
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação

b)Emerson Palmieri
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação

c) Romeu Queiroz
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
4) Núcleo PMDB

a) José Rodrigues Borba
- corrupção passiva: 1 voto pela condenação
- lavagem de dinheiro: 1 voto pela condenação
Fonte: Agência Estado 

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