Mostrando postagens com marcador #Reflexão #. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #Reflexão #. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

O Silêncio que Grita: Reflexões sobre o Tédio Profundo

 Personagem "Ennui". Está deitado em sofá vermelho, mexendo no celular que segura sobre seu corpo. Os fios de cabelo se estendem ao chão.

Dag Vulpi - 09/10/25

Às vezes, o tempo parece se arrastar devagar demais. Tudo está no lugar, mas algo dentro não se encaixa. E, no meio do silêncio, surge um incômodo difícil de nomear — um cansaço da alma, talvez.

Há dias em que o mundo parece distante, mesmo estando logo ali, diante dos olhos. As vozes, as rotinas, os compromissos — tudo continua existindo, mas perde o brilho. É nesse intervalo entre o que se faz e o que se sente que o tédio profundo se instala.

Não é simples explicá-lo. Ele não grita, apenas ocupa o espaço que antes era preenchido por entusiasmo. É um tipo de vazio que não dói, mas pesa. E, por mais estranho que pareça, há algo de lúcido nele. Como se, por um instante, fosse possível enxergar o que geralmente tentamos ignorar.

O tédio profundo não é apenas falta do que fazer. É uma espécie de espelho — e às vezes, o reflexo cansa. Talvez por isso muitos tentem abafá-lo com distrações. Mas há quem prefira sentar-se diante desse silêncio e apenas escutá-lo.

Foi num desses silêncios que percebi o quanto o tempo pode ser barulhento.
E o quanto o vazio, quando aceito, pode se tornar um lugar de reencontro.

Nietzsche dizia que o tédio é o prelúdio da criação, e talvez ele tivesse razão. Porque, quando o ruído cessa, algo dentro começa a se mover — lentamente, como quem desperta.

Talvez o que chamamos de tédio seja apenas o momento em que a alma pede um pouco de verdade.

Sobre o Blog

Bem‑vindo ao Blog Dag Vulpi!

Um espaço democrático e apartidário, onde você encontra literatura, política, cultura, humor, boas histórias e reflexões do cotidiano. Sem depender de visões partidárias — aqui prevalecem ideias, conteúdos e narrativas com profundidade e propósito.

Visite o Blog Dag Vulpi