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terça-feira, 21 de outubro de 2025

A Barbárie que se Repete: O Silêncio que Incendeia o Brasil

 


Dag Vulpi - 21 de outubro de 2025

A barbárie não é um evento isolado — é uma rotina que se disfarça de normalidade. Ela não grita apenas nas tragédias estampadas nos noticiários, mas também no silêncio imposto sobre quem vive à margem, invisível, queimado pela indiferença.

A barbárie é hoje.
E não falo apenas dos ataques recentes em escolas, como os ocorridos em São Paulo e Blumenau, que chocaram o país. Falo da barbárie que não estampa capas de jornais, da que não rende debates em horário nobre, da que grita em silêncio — e ninguém ouve.

Ou talvez ouça, mas com os ouvidos tapados por mãos alheias.
Mãos que pertencem aos tentáculos de conglomerados de mídia que controlam o que vemos, ouvimos e sentimos. Eles decidem o que é “importante”, o que “choca” e o que “não rende audiência”.
Esses tentáculos sufocam a pluralidade de vozes, impedem a democratização da comunicação e reforçam o poder de uma minoria que, do alto de suas torres, dita quem pode existir no discurso público — e quem deve ser silenciado.

Nesse silêncio imposto, a sociedade se acostumou a não ouvir.
A não ouvir quem não tem casa, quem não tem nome, quem não tem voz.
A não ouvir os moradores de rua assassinados enquanto dormem, os jovens negros executados pela polícia sob “suspeita”, as travestis espancadas em becos escuros, as famílias desalojadas por especulação imobiliária.

Como ouvir quem nem direito ao existir tem?
O morador de rua não mora — vaga. Ou mora no mundo, se quisermos usar poesia. Mas, para a mídia dominante, ele não existe.

Imagine-se voltando para casa numa madrugada qualquer, depois de uma noite boa. O corpo cansado, o riso leve. Você se senta num banco de praça para respirar o ar da noite — e alguém põe fogo em você.
Simples assim.
Você vira manchete, seu nome vira símbolo, seu sofrimento, pauta.
A sociedade se mobiliza, o governo promete ação, a mídia grita por segurança.
É o caos. É a barbárie.

Mas se o incendiado for um morador de rua?
Então tudo cabe em dois parágrafos.

Foi assim com Sidmar Xavier Miranda, 35 anos, queimado vivo enquanto dormia em Uberlândia, Minas Gerais. Foi assim com Carlos Eduardo, em 2024, espancado até a morte na Praça da Sé, em São Paulo.
É assim com tantos outros cujos nomes se perdem entre os números frios das estatísticas.
A barbárie, quando queima corpos pobres, não choca — apenas passa.

A cada silêncio, um grito se apaga.
A cada manchete omitida, a humanidade se torna mais rasa.
A cada corpo invisível, a democracia perde um pedaço de si mesma.

A barbárie, hoje, não está apenas nas armas —
está na indiferença.
E esse é o fogo que mais destrói.

Crônica-denúncia sobre a normalização da violência e o silenciamento midiático que torna invisíveis as vítimas da exclusão social. Um texto sobre a barbárie cotidiana que arde no silêncio da indiferença.

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