O
relator da reforma política na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP), disse hoje (22)
que a ideia de adotar o modelo distritão misto para as eleições do ano que vem
está mais forte entre os parlamentares. A sugestão pode ser incluída na
proposta de mudança no sistema político-eleitoral brasileiro, que será
analisada hoje (22) pelo plenário da Câmara.
“Já
estava forte e, com essa proposta do [presidente da Câmara] Rodrigo Maia, de
também considerar o voto em legenda, fica um pouco mais forte. Se for para
resolver o impasse de 2018, acho que é razoável e importante, para que, a
partir de 2020, a gente consiga as mudanças que precisam ser feitas”, afirmou
Cândido.
A
proposta enfrenta resistências entre os partidos de oposição, principalmente do
PT, mas Cândido adiantou que o modelo pode passar no plenário sem o apoio do
partido. “Ainda tem resistências, mas de repente não vai precisar dos votos do
PT e pode ser mais tranquilo”, disse.
A
sessão do plenário desta terça tem como pauta única a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 77/03, que, se aprovada, pode instituir no país o modo de
votação majoritário, conhecido como distritão, para os cargos de deputados
estaduais, distritais e federais para as eleições de 2018 e 2020, como uma
transição para o modelo distrital misto a partir de 2022.
O
chamado distritão permite que os candidatos mais votados ganhem as eleições.
Por este sistema, cada estado vira um distrito, no qual as vagas disponíveis
nas câmaras e assembleias legislativas são preenchidas pelos candidatos mais
votados, sem considerar a proporcionalidade do total de votos recebidos pelos
partidos e coligações, assim como ocorre com a escolha de prefeitos, governadores
e presidente da República.
O
modelo já foi derrotado em plenário em 2015 e não encontrou consenso entre as
bancadas para que seja aprovado novamente. Para evitar que a mudança no sistema
eleitoral brasileiro não avance novamente, os líderes partidários tentam fechar
em torno do distritão misto.
O
sistema seria uma combinação de voto majoritário no candidato e voto em
legenda, ou seja, os eleitores poderiam votar em candidatos ou no partido nas
eleições para deputados estadual e federal. O modelo foi sugerido pelo DEM na
última semana como uma possibilidade de transição até a adoção definitiva do
voto distrital misto a partir de 2022.
Pelo
distrital misto, o eleitor vota duas vezes: uma no candidato do distrito e
outra em uma lista pré-ordenada pelo partido. O resultado sai do cálculo entre
os resultados da votação majoritária no distrito e na escolha proporcional no
partido.
O
acordo que tem sido delineado nos bastidores prevê que os deputados possam
aprovar o distritão misto para 2018 e adiantar o voto distrital misto para
2020.
Financiamento público
Os
parlamentares também podem aprovar hoje a criação de um fundo público para
financiar as campanhas eleitorais. O impasse para adoção do financiamento
público está em torno da definição do valor de composição do fundo. A polêmica
levou alguns líderes a cogitarem a volta do financiamento empresarial.
Vicente
Cândido negou que possa incluir essa modalidade em seu relatório da Comissão
Especial da Reforma Política, que pode votar nesta semana um projeto de lei
para regulamentar o fundo público, caso seja aprovado em plenário.
“Para
mim, não está cogitada [a volta do financiamento empresarial]. Com a questão do
fundo, apareceram mais vozes, mas hoje não vejo condições morais de você
estabelecer financiamento empresarial no Brasil. Acho que seria um
constrangimento social muito forte”, afirmou o deputado.
Cândido
voltou a defender o uso de recursos públicos como uma possibilidade de dar mais
transparência ao processo eleitoral, diante do contexto de investigação do uso
de recursos não contabilizados nas campanhas das últimas eleições.
“O
que os partidos tem que ter, os dirigentes, é responsabilidade no uso do
dinheiro publico, essa é a parte mais sensível neste momento. O Brasil está
passando por uma crise nunca vista na história, e isso requer muito cuidado,
campanha barata, isonômica, enxuta, pra não desrespeitar o eleitor. É evidente
que eu sou vencido em várias questões, espero que essa seja aí uma linha
diretriz para que a gente possa fazer um orçamento da campanha do ano que vem,
condizente com a crise e com o dinheiro disponível”, disse o relator.
Segundo
Cândido, os deputados devem votar hoje pelo menos o texto-base. A proposta já
recebeu 14 destaques ou sugestões de mudanças ao texto, que só serão analisados
ainda hoje se houver acordo. A expectativa é que a votação se estenda por mais
de uma sessão.
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