O
piloto do avião interceptado no início da tarde deste domingo (25), pela Força
Aérea Brasileira (FAB), no município de Jussara (GO), disse que decolou da
Fazenda Itamarati Norte, no município de Campo Novo do Parecis (MT), segundo
nota da Aeronáutica divulgada hoje (26). A fazenda é de propriedade do grupo
Amaggi, da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Saiba
mais:
De
acordo com a Aeronáutica, o local exato da decolagem será investigado.
"O
Centro de Comunicação Social da Aeronáutica esclarece que as informações sobre
o local de decolagem da aeronave, matrícula PT-IIJ, interceptada no domingo
(25/06), foram fornecidas pelo próprio piloto durante a aplicação das medidas
de policiamento do espaço aéreo. A confirmação do local exato da decolagem fará
parte da investigação conduzida pela autoridade policial", diz comunicado
da FAB.
Em
nota, o grupo Amaggi disse que o "local exato da decolagem da aeronave
interceptada ainda será objeto da devida investigação, uma vez que a
procedência divulgada até então foi apenas declarada pelo piloto durante
abordagem do policiamento áereo". A empresa nega qualquer ligação com a
aeronave e não emitiu autorização para pouso ou decolagem em uma das duas
pistas. A Fazenda Itamarati tem 11 pistas, conforme o grupo, autorizadas para
pousos eventuais, usadas para operação de aviões agrícolas, e que não demandam
vigilância permanente. De acordo com o grupo, a região de Campo Novo do Parecis
"tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas,
dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a
Bolívia".
Interceptação
O
bimotor foi interceptado por um avião A-29 Super Tucano da FAB, como parte da
Operação Ostium para coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em
conjunto Polícia Federal e órgãos de segurança pública. De acordo com nota
divulgada neste domingo pela Aeronáutica, o avião tinha como destino a cidade
de Santo Antonio Leverger (MT). Ninguém foi preso até o momento.
A
Polícia Militar (PM) de Goiás informou que o avião interceptado levava
653,1 quilos de cocaína. A informação inicial era de cerca de 500 quilos de
cocaína. Segundo a corporação, foi a maior apreensão da droga no estado. O
volume foi avaliado em R$ 13 milhões e, após o refino, poderia quintuplicar a
quantidade inicial.
A
PM não informou quem é o dono do avião e a origem da droga. Em consulta ao
site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o bimotor PT-IIJ aparece em
nome de Jeison Moreira Souza.
O
piloto da FAB comandou a mudança de rota e o pouso obrigatório no aeródromo de
Aragarças (GO). Inicialmente, a aeronave interceptada seguiu as instruções da
defesa aérea, mas ao invés de pousar no aeródromo indicado, arremeteu. O piloto
da FAB novamente ordenou a mudança de rota e solicitou o pouso, porém o avião
não respondeu, sendo classificado como hostil.
O
A-29 da FAB executou um tiro de aviso para forçar o piloto a cumprir as
determinações e voltou a comandar o pouso obrigatório. O bimotor novamente não
respondeu e pousou na zona rural do município de Jussara, interior de Goiás.
Um
helicóptero da Polícia Militar de Goiás foi acionado e fez buscas no
local. O avião interceptado será removido para o quartel da Polícia
Militar de Goiás em Jussara. Ninguém foi preso. A droga apreendida irá para a
Polícia Federal em Goiânia, que vai conduzir as investigações.
Desde
o início do ano, a polícia goiana apreendeu 13,5 toneladas de entorpecentes.
Íntegra
da nota do grupo Amaggi:
A
respeito das informações divulgadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) no último
domingo (25) dando conta da interceptação de uma aeronave carregada de
entorpecentes que teria decolado de uma pista localizada na fazenda Itamarati,
arrendada pela AMAGGI, a companhia vem a público informar que:
a)
Após a divulgação inicial de informações sobre o incidente, a própria FAB
publicou nota na tarde desta segunda-feira (26) esclarecendo que o local exato
da decolgaem da aeronave interceptada ainda será objeto da devida investigação,
uma vez que a procedência divulgada até então foi apenas declarada pelo piloto
durante abordagem do policiamento aéreo;
b) A empresa tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e aguarda o desenrolar das investigações sobre a propriedadeda aeronave e as circunstâncias exatas em que ela - conforme afirmou a FAB preliminarmente - teria pousado na Fazenda Itamarati e decolado a partir de uma de suas pistas:
c)
A empresa não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e não
emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas
pistas;
d)
Localizada em Campo Novo do Parecis, a parte arrendada pela AMAGGI na Fazenda
Itamarati conta com 11 pistas autorizadas para pouso eventual (apropriadas para
a operação de aviões agrícolas, o que não demanda vigilância permanente)
localizadas em pontos esparsos de 54,3 mil hectares de extensão;
e) A região de Campo Novo do Parecis tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia;
e) A região de Campo Novo do Parecis tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia;
f) Tal vulnerabilidade acomete também as fazendas localizadas na região. Em abril deste ano a AMAGGI chegou a prestar apoio a uma operação da Polícia Federal (PF), quando a mesma foi informada de que uma aeronave clandestina pousaria com cerca de 400 kg de entorpecentes (conforme noticiado à época) em uma das pistas auxiliares da fazenda. Na ocasião, a PF realizou ação de interceptação com total apoio da AMAGGI, a qual resultou bem-sucedida.
A
AMAGGI se coloca à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível
às investigações do caso.
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Dag Vulpi