Em
audiência pública realizada hoje (10) pela comissão especial que analisa as
propostas de reforma política na Câmara, o ministro do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) Herman Benjamin defendeu o financiamento público de campanha.
Para o ministro, a atual forma de financiamento eleitoral é um dos problemas
mais graves do sistema político brasileiro.
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Benjamim,
que é o relator no TSE do processo que pede a cassação da chapa da campanha
Dilma-Temer, avaliou que a solução baseada no financiamento empresarial “se
mostrou a mãe do desastre que nós temos hoje”. Ele argumentou que o atual
sistema é “perverso” e criou um “submundo de contribuições” que privilegia os
doadores em detrimento dos cidadãos, além de colocar a classe política em um
“ambiente de clandestinidade”.
O
ministro afirmou ainda que o Brasil passa por uma crise na democracia e que não
é possível atribuir o problema da corrupção a apenas um partido. “Nós não temos
no Brasil um partido político que seja a mãe ou o pai da corrupção. Então, se
imputar a um determinado partido político, qualquer que ele seja, como sendo
responsável pela crise ética no Brasil hoje, creio que é esquecer o passado de
500 anos do nosso país”, declarou.
Para
Benjamin, é preciso reconhecer que a democracia tem um custo alto e, por isso,
ele sugeriu que sejam criados mecanismos em que o próprio eleitor participe do
financiamento. “Democracia, como direitos humanos e outros grandes temas da
cidadania, tem custo. Alguém acredita que se possa fazer eleição, mesmo em
condomínio, sem custo? Então, esta é a primeira constatação que temos que
fazer. Então, se tem custo, evidentemente alguém vai ter que pagar por isso. E
a questão é: quem vai pagar por isso e de que forma?”, questionou o ministro.
Além
do financiamento, o ministro classificou como graves as crises partidária e de
transparência. Ele criticou a atuação de pequenos partidos que não apresentam
densidade ideológica, nem capacidade de gestão e apontou o problema do atual
sistema que permite a eleição de candidatos desconhecidos pelo eleitor.
Benjamim
afirmou que o relatório parcial apresentado pelo deputado Vicente Cândido
(PT-SP), relator das propostas de reforma política que tramitam na Câmara, traz
soluções “corajosas” para estes desafios. Mas, alertou que a sociedade como um
todo deve participar do debate acerca da reforma política, pois as mudanças têm
“efeitos práticos e concretos” na vida do cidadão.
Questionado
sobre o voto em lista preordenada, Benjamin disse que tem preferência pelo voto
distrital misto, mas entende a inviabilidade de se adotar este sistema
diretamente sem uma transição. O voto em lista fechada, como ficou conhecido, é
uma das propostas do relator da reforma política na Câmara.
O
ministro Herman Benjamim disse que um grupo de corregedores eleitorais deve
terminar hoje à tarde um conjunto de sugestões de reforma político-eleitoral
que serão enviadas à comissão especial que analisa atualmente três relatórios
elaborados por Vicente Cândido.
O
primeiro propõe mudanças nas regras para os mecanismos de democracia direta,
como referendo popular, plebiscito e projetos de iniciativa popular; o segundo
relatório trata da unificação dos prazos de desincompatiblização de
pré-candidatos e o terceiro propõe as mudanças na forma de financiamento das
campanhas e sugere a adoção do voto em lista fechada para as próximas eleições,
entre outros pontos.
Os
dois primeiros relatórios já foram aprovados pelos membros da
comissão e o terceiro deve ser votado na próxima semana. Para que as mudanças
já sejam válidas nas eleições de 2018, a reforma deve ser aprovado pelo
Congresso Nacional até o mês de outubro deste ano.
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