Por Wesley
Sousa
O texto abaixo
tem como referência o Capítulo 19 do livro “Teoria Geral do Emprego, do
Juro e da Moeda”, de J. Maynard Keynes, que era economista britânico.
Há uma crença
bem comum de que a redução dos salários pode reduzir o nível de desemprego
porque “reduz os custos de produção”, aumentando o lucro (e sua taxa) e,
portanto, “incentivando” a criação de empregos (sic) – é a crença de
muitos empresários, inclusive.
Os adeptos
dessa crença negligenciam o efeito da redução de salários sobre a demanda
agregada. Lembrem-se: numa economia capitalista, um agente produz se acha que
vai vender (lucrativamente); cada capitalista emprega trabalhadores a mais se
crê que poderá vender o produto adicional por (pelo menos) um preço básico de
oferta – isto é, ele emprega trabalhadores a mais se houver demanda para o
produto adicional.
Assim, uma
redução dos salários só poderá fazer cair o nível de desemprego se sua queda
for menor do que a queda na demanda agregada. Empresários que, frente à queda
dos próprios custos salariais, resolverem aumentar o nível de produção terão
péssimas surpresas se seu mercado consumidor consistia justamente em
trabalhadores cuja renda agora, por ser menor, coage-lhes a priorizar a compra
de outros produtos.
Essa
discussão, aliás, leva a outra: o governo pode aumentar o nível de emprego
através de políticas de estímulo à demanda agregada, como o investimento
público – o qual, ao aumentar o consumo, levaria ao aumento do investimento
privado para que haja o ajuste entre demanda e capacidade de produção (o que
levaria a um ainda mais baixo nível de desemprego e/ou uma subida nos salários
pelo aumento do poder de barganha dos trabalhadores). É esse um dos motivos de
a PEC 241 – cuja aprovação é, para Michel Temer, questão de urgência – ser tão
espúria: ao congelar os gastos públicos por 20 anos, ela inibe a capacidade do
Estado de estimular o aumento do nível de produto e de emprego através da
política fiscal.
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