Agência Brasil
O ministro-chefe
da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, disse ontem (14),
após reunir-se com empresários em São Paulo, que o governo pretende fazer as
reformas da Previdência, trabalhista, tributária e política até o final deste
ano. Segundo Padilha, a reforma mais urgente é a da Previdência.
“Se quisermos
fazer as reformas, tanto da Previdência, quanto trabalhista, tributária e
política – e queremos essas quatro antes do final do ano – não se pense em um
calhamaço de reforma com 60 artigos porque não sai nada. O que precisamos fazer
são tópicos”, disse o ministro. “A reforma prioritária é a da Previdência.
Dois: trabalhista; três: tributária; e quatro: política.”
Na Previdência, os itens prioritários são a questão da idade, da diferença entre os sexos e da diferença entre as profissões. Na área trabalhista, Padilha não citou quais são os itens prioritários, mas disse que o governo pretende modificar “dois ou três temas”.
Segundo o ministro, o governo não tem propostas sobre esses assuntos e pretende construí-las junto com a sociedade. “Não queremos ter proposta. Queremos que todos sejam responsáveis. Se o governo tiver posição monocrática, não haverá reforma nenhuma.” De acordo com Padilha, o governo sabe que será necessário um período de transição após as reformas. “Em todas essas medidas tem que haver um tempo de transição. Isso é olhar o que aconteceu no mundo desenvolvido, onde existem sistemas previdenciários sustentáveis. Vai colocar de imediato? Não. Temos que negociar tempo de transição.”
O ministro
reafirmou que o governo vai continuar “passando um pente-fino” em algumas
medidas para “colocar ordem na casa” e evitar a necessidade de criação de algum
imposto para conter o déficit, o que poderia ser encarado como medidas
impopulares. “Já passamos um pente-fino nas questões do seguro-desemprego e do
auxílio-doença e vamos economizar, com isso, R$ 7 bilhões por ano. São medidas
populares ou impopulares? São medidas de justiça.”
Com tais
medidas, o governo pretende evitar a criação de mais um imposto. “O governo não
quer saber de aumento de impostos. O presidente Michel Temer diz: 'Não me fale
em aumento de imposto antes de esgotarmos todas as nossas possibilidades
internamente'. Pente fino para diminuir despesas e pente fino para aumentar receitas”,
explicou Padilha. “Por enquanto, a ordem do presidente é não falar em imposto.
Primeiro vamos colocar a casa em ordem.”
"O
pente-fino” deve englobar “seis ou sete itens”, entre eles programas como o
Bolsa Família e o seguro-defeso para pescadores, destacou Padilha. Ele citou
casos de pessoas que recebem seguro-defeso e não são pescadores e que, por
isso, não deveriam receber o benefício, de pessoas que trabalham e não assinam
contratos de trabalho para evitar perder o Bolsa Família. O ministro deu um
exemplo pessoal. "No começo do ano que passou, a pessoa que trabalhava na
minha casa resolveu sair por razões pessoais. Busquei outra. Pedi a carteira,
dizendo que queria registrá-la, e ela disse: 'Doutor, me desculpe, eu quero
trabalhar, mas não quero carteira assinada porque aí vou perder a Bolsa
Família. E não posso perder a Bolsa Família'. Tenho exemplo pessoal.
Quantas
pessoas estão nessa circunstância no Brasil?”
De acordo com
Padilha, uma análise preliminar feita pelo governo mostra que, entre 10 mil
casos do Bolsa Família, houve uma “anomalia” de 14%. Ou seja, 14% destes 10 mil
casos podem estar irregulares. “Mas é uma amostragem”, ressaltou o ministro.
Na tarde desta
quinta-feira, o chefe da Casa Civl participou de um encontro com empresários,
de diversos setores, na sede da Associação Brasileira da Infraestrutura e
Indústrias de Base (Abidb). A reunião foi fechada, mas, ao final, o ministro
falou com jornalistas.
Andrade
Gutierrez
Padilha
comentou um relatório da Polícia Federal segundo o qual ele, quando era
deputado federal, trocou mensagens com o então presidente da construtora
Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Conforme o relatório, nas mensagens, o
ministro pediu à empresa telefônica Oi para contratar a estrutura do escritório
de call center que ele tem na cidade de Porto Alegre. Na época, a Oi era
controlada pela Andrade Gutierrez. O ministro disse que conhece Otávio Azevedo
há anos e que o que propôs foi o aluguel de um call center, e que o empreiteiro
disse não.
“O que
esclarece é a frase que você [jornalista] tem aí, e eu falando para o Otávio:
eu queria ver se conseguia fazer uma parceria contigo, da Oi, com uma empresa
de call center que funciona em um prédio meu. Eu comprei o prédio, construí um call
center e aluguei. Eu ganho pelo número do que é ocupado. Quanto maior for esse
número, eu ganho mais. Mas simplesmente não foi aceita a proposta que eu fiz”,
reforçou Padilha. “Foi uma proposta mais do que normal em se tratando de
mercado”, acrescentou.
Rodrigo
Maia
Sobre a
eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados,
Padilha disse que foi boa para o governo. “Não admitíamos apenas não ser um
candidato da base. Aconteceu com o Rodrigo, muito bom. Se tivesse acontecido
com o [Rogério] Rosso [PROS-DF], muito bom”, afirmou.
O ministro
negou ter pedido votos para a eleição na Câmara. “A palavra do presidente
Michel [Temer], a minha e a do governo, especialmente do núcleo duro do
governo, é que queremos um presidente [da Câmara] da base do governo. Não
podemos ter risco em comprometer nossa base de mais de dois terços da Câmara e
do Senado. Essa é uma questão da Câmara, resolvam, mas, sendo da base, é o
preferido. Eu não pedi votos para ninguém.”
Abidb
Segundo o
presidente executivo da Abdib, Venilton Tadini, na reunião com Padilha, os
empresários levaram algumas propostas, como a de securitização da dívida e de
apresentação de projetos de médio e longo prazo, que já foram expostos a outros
ministros que estiveram na associação.
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