O parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO) que trata do pedido de
cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi entregue há
pouco ao presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José
Carlos Araújo (PR-BA). O relatório foi finalizado após quase seis meses,
desde que as investigações contra o ex-presidente da Câmara foram
iniciadas.
Cunha é acusado de ter mentido à Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) da Petrobras, quando negou a existência de contas no
exterior em seu nome. De acordo com parlamentares que o acusam, isso
caracteriza quebra de decoro parlamentar.
Preocupado em evitar
riscos de nulidade do processo, o relatório foi entregue lacrado, às
11h34, ao presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA),
de forma a evitar especulações sobre o seu conteúdo.
De última
hora, Araújo recebeu três representações da Corregedoria da Câmara,
apresentadas por políticos locais do interior da Bahia. Ele terá cinco
dias úteis para se defender. O parecer só foi entregue após essas
representações. "Fui notificado de que tenho cinco dias para responder
para a Corregedoria, que encaminhará à Mesa [Diretora], para votar. Se
avaliar procedente, [a Mesa] encaminha ao presidente do Conselho de
Ética, que terá de se afastar. É isso o que querem aqueles que
articularam essas representações", disse Araújo.
Também com o objetivo de evitar a nulidade do processo, Marcos
Rogério tem dito que respeitará a orientação do presidente interino da
Câmara dos Deputados, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), no sentido de
limitar a investigação à acusação de ter mentido na CPI. Assim sendo, o
relatório não terá como alvo de investigação as denúncias de propinas
envolvendo Cunha e a Petrobras.
À Agência Brasil,
a assessoria de Cunha disse que o deputado afastado pretende recorrer à
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, caso o relatório decida
pelo seu afastamento. Em diversas oportunidades, Cunha disse estar
confiante de que não tem culpa e de que não mentiu à CPI durante seu
depoimento.
Para o relator, não haverá motivo para
questionamentos por parte da defesa de Cunha sobre os prazos do
processo. Segundo ele, o que está sob julgamento são atos que atentam à
dignidade do Parlamento. “Reclamar de defesa, de prazos, em um processo
como esse é atentar contra a dignidade do próprio Parlamento”, disse o
deputado.
Prazos
Após a entrega do
documento ao presidente do conselho, começa a contar o prazo de 24 horas
para a convocação de uma reunião para sua leitura do documento, o que
deve ocorrer amanhã (1°) à tarde ou na quinta-feira (2). A previsão é
que o relatório seja votado no dia 9 de junho.
Diante de todas as
medidas adotadas ao longo do processo, classificadas por parlamentares
contrários ao peemedebista de manobras protelatórias, a votação do
parecer também deve se arrastar por todo o prazo permitido.
Dessa
forma, é esperado pedido de vista – provavelmente coletivo – para uma
análise mais aprofundada do texto. Caso isso ocorra, serão necessários
mais dois dias úteis para o início das discussões.
Só depois de
esgotados os debates, que podem se estender por mais de um dia, o
parecer será votado e, se aprovado, será encaminhado à Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ).
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