O Governo chinês desejou hoje (13) que o Brasil garanta a
"estabilidade política", depois de o Senado ter aprovado ontem (12) o
afastamento da presidente brasileira Dilma Rousseff, por 55 votos a
favor e 22 contra.
"Esperamos que todas as partes consigam gerir a
atual situação e mantenham a estabilidade política e o desenvolvimento
econômico e social", afirmou, em entrevista à imprensa, Lu Kang,
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
A China
tornou-se, em 2009, o principal parceiro econômico do Brasil,
ultrapassando os Estados Unidos, e maior investidor externo na economia
brasileira.
No ano passado, o volume das trocas comerciais
bilaterais ficou em US$ 71,80 bilhões de dólares (R$ 250,37 bilhões),
menos 17,37% na comparação com 2014.
Lu Kang garantiu que a China
"acompanha os desenvolvimentos da crise política no Brasil", mas evitou
mostrar apoio à presidente Dilma.
"China e Brasil são parceiros estratégicos complementares. Damos
grande importância ao desenvolvimento das relações bilaterais e
acreditamos que as relações amistosas e de cooperação mutuamente
benéfica prosseguirão", declarou, recorrendo às palavras habitualmente
usadas pela diplomacia chinesa.
Repercussão
Já
a imprensa chinesa dá hoje destaque de primeira página à notícia que
marca os acontecimentos no Brasil, com alguns jornais importantes
dedicando toda a capa ao fato, em uma atitude incomum para com países
estrangeiros.
O principal jornal oficial de língua inglesa, o China Daily, publica uma foto-legenda que exibe em primeiro plano o tumulto entre a Polícia Militar e manifestantes contrários ao impeachment, concentrados em frente ao Senado.
Para
o jornal, o afastamento temporário de Dilma do poder representa "o fim
de 13 anos de um governo de esquerda no maior país da América Latina".
Também a versão em chinês do Global Times,
jornal do Partido Comunista Chinês, relata os acontecimentos com um
longo artigo que preenche toda a primeira página e quase metade da
última.
O jornal cita as palavras de Dilma Rousseff ao sair do
Planalto, em que garante não ter cometido qualquer crime e compara a sua
destituição a um golpe de Estado.
Brasil e China são ambos
membros fundadores do grupo Brics, integrado também por Rússia, Índia e
África do Sul, enquanto o Brasil é o nono maior acionista do Banco
Asiático de Investimento em Infraestruturas, a primeira instituição
financeira internacional proposta pela China.
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