O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse hoje (25) que o
vice-presidente Michel Temer prepara plano contra os direitos civis e
sociais, caso assuma a Presidência da República. “Traidor de sua colega
de chapa, contra a qual conspira abertamente, Temer já anunciou um
programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, de
privatizações e de entrega do patrimônio nacional a grupos
estrangeiros”, disse em discurso durante seminário promovido pela
Aliança Progressista, uma rede internacional de partidos e organizações
de esquerda. Falcão classificou o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff de golpe de Estado.
“Mas
o fato é que vivemos um novo e indigno capítulo da nossa história: após
31 anos de vida democrática, um golpe de Estado busca depor a
presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil e que
foi reeleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos”.
O
presidente do PT voltou a dizer que não existem os indícios necessários
para que Dilma Rousseff seja processada por crime de responsabilidade.
“Ocorre que a lei maior brasileira exige, para que o impedimento se
processe, a existência de crime de responsabilidade cometido pela
presidenta. Como todos sabem, porém, a presidenta Dilma não cometeu
crime algum. Não pesa contra ela qualquer denúncia de corrupção ou de
recebimento de propina”, acrescentou, durante discurso no seminário.
Falcão
criticou ainda o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que classificou como "principal algoz" da presidenta. “Ao
contrário de seu principal algoz, o presidente da Câmara dos Deputados,
que conduziu a primeira fase do processo, o deputado Eduardo Cunha é réu
no Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro, ocultação de bens e evasão de divisas”, disse. Cunha recebeu
denúncia que deu início a abertura do processo de impeachment, após ter
sido aprovado pelos deputados federais. O processo agora está sob
análise do Senado.
O movimento pela saída de Dilma é coordenado, segundo Falcão, por
setores da sociedade insatisfeitos com o resultado das eleições. “A
escalada golpista só foi possível graças à participação ativa do grande
capital, de setores do aparato policial e judicial do Estado,
mancomunados com a mídia monopolizada e a oposição de direita. São eles o
centro dirigente de uma operação destinada a subverter o resultado das
urnas, nas quais foram batidos em quatro eleições presidenciais
consecutivas desde 2002”, ressaltou.
Para o presidente do PT, o
modo como as investigações contra corrupção estão sendo conduzidas
mostram riscos às instituições democráticas. “Sucedem-se vazamentos
ilegais e atropelos de garantias individuais a evidenciar que a nação
está sendo sangrada pela construção de um regime de exceção e arbítrio,
sob o comando de forças conservadoras cujo único objetivo é voltar ao
governo a qualquer custo”.
Ao final, Falcão disse que o partido
resistirá, caso a ação pelo impeachment de Dilma continue em curso, e
pediu ajuda das organizações internacionais contra o processo.
“Esperamos contar com a solidariedade dos democratas de todos os países
para que este atentado à democracia não se consume. Juntos, poderemos
resistir e derrotar as forças do ódio, da intolerância e do retrocesso”.
Temer
No
último dia 22, Michel Temer disse que o Brasil não merece ser
desqualificado com agressões à Vice-Presidência e que decidiu dar
entrevistas à imprensa estrangeira após se sentir atacado por
declarações da presidenta Dilma Rousseff. O peemedebista ocupou a
Presidência, quando Dilma Rousseff viajou para os Estados Unidos na
semana passada.
“Fui provocado para aquelas entrevistas, achei
que deveria dizer alguma coisa à imprensa internacional, já que houve
manifestações [de Dilma] em relação à imprensa internacional,
especialmente pretendendo desqualificar a minha posição. Aí não é a
coisa do vice-presidente, é uma coisa do Brasil, acho que o Brasil não
merece desqualificação por meio de eventuais agressões à
Vice-Presidência”, disse Temer em entrevista na saída de seu gabinete,
no anexo do Palácio do Planalto.
A jornais norte-americanos,
Temer negou que esteja conspirando contra Dilma, disse que está
preocupado com as declarações da presidenta sobre o Brasil no exterior,
como se o país fosse uma “República menor” onde “ocorrem golpes”. Ao The New York Times, Temer disse ainda que passou quatro anos no “ostracismo absoluto”.
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