O vice-presidente da República, Michel Temer, recebeu hoje (26) no
Palácio do Jaburu, líderes de quatro centrais sindicais que pedem a
manutenção e a ampliação de direitos trabalhistas, além da retomada do
crescimento e do emprego, no caso de um eventual afastamento da
presidenta Dilma Rousseff em decorrência do processo de impeachment, em discussão no Senado.
Segundo
relatos dos líderes que participaram do encontro, o vice-presidente
tranquilizou os sindicalistas: "Ele nos garantiu que, caso o impeachment
seja aprovado, vai haver diálogo antes de qualquer proposta ser
encaminhada ao Congresso", disse Ricardo Patah, presidente da União
Geral dos Trabalhadores (UGT).
Os sindicalistas relataram que
estão preocupados em perder influência política em um eventual governo
Temer, dada a proximidade do vice com o setor empresarial. No domingo,
Temer se reuniu por seis horas com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf.
“Têm
vindo aqui políticos, têm vindo aqui empresários, têm vindo aqui
banqueiros, têm vindo todo mundo, e como ficam os trabalhadores? Viemos
aqui colocar as nossas castanhas”, disse o presidente da Central dos
Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Fernandes Neto, após sair da
reunião com Temer.
“Todo mundo tem que contribuir, não podem vir aqui alguns setores,
como nós temos visto, e querer tirar o corpo fora”, disse o presidente
da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (SD-SP), sem detalhar a
quem se referia. O deputado é um dos defensores do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Durante o encontro com o vice, os líderes sindicais criticaram pontos do documento Ponte para o Futuro,
programa de governo formulado pelo PMDB no ano passado para a
recuperação da economia e que deixou em alerta o mundo sindicalista.
Entre os pontos está a possibilidade da negociação entre empregados e
patrões se sobrepor à legislação trabalhista, a fixação de idade mínima
para aposentadoria e a desvinculação de benefícios sociais atrelados ao
salário mínimo.
Segundo Fernandes Neto, Temer disse que talvez
haja a necessidade de montar uma mesa de diálogo com empresários e
trabalhadores sobre determinados pontos, sem revelar quais.
Em
relação a uma reforma da previdência ou a qualquer interferência na
política de valorização do salário mínimo, o vice não transpareceu se
pretende levar as medidas adiante, se reservando apenas a ouvir a
oposição dos sindicatos a elas, relataram os líderes sindicais.
Propostas
Segundo
os sindicalistas, as medidas apresentadas por eles podem gerar até R$
111 bilhões para o caixa do governo. Elas incluem: aumento nas taxações
de grandes fortunas, de bens de luxo como aviões e iates e da remessa de
lucros ao exterior, além do combate à evasão de divisas, entre outras.
De acordo com os presentes no encontro, a sugestão que mais agradou o
vice foi a renovação da frota de veículos no Brasil, para aquecer a
economia e estimular a indústria.
De acordo com Paulinho da
Força, os representantes das centrais sindicais pediram ainda para
acelerar a aprovação, no Congresso, da medida provisória que regulamenta
os acordos de leniência entre o governo e as empresas investigadas na
Operação Lava Jato, para que elas possam voltar a operar normalmente e
gerar emprego. Outro ponto colocado foi o uso das reservas
internacionais do país para investimentos e o pagamento da dívida
pública.
Racha
Além de representantes da
União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Central dos Sindicatos
Brasileiros (CSB) e da Força Sindical, também participou do encontro o
presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, José Calixto.
Já
a Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB) divulgou
nota ontem (25) na qual diz não reconhecer o governo de Michel Temer,
caso o vice assuma o poder. “A CTB não se reúne com golpista”, diz o
texto.
Quanto à Central Única dos Trabalhadores (CUT), desde a aprovação na Câmara dos Deputados da admissibilidade do processo de impeachment
de Dilma, a CUT vem se mobilizando no sentido de inviabilizar um
eventual governo Temer. A central sindical é um dos principais grupos a
se manifestarem contra o afastamento da presidenta, ao lado de
movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST).
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