O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
disse hoje (16) que não cabe à Corte analisar a prerrogativa de foro do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após ele ter sido nomeado
ministro da Casa Civil. Marco Aurélio disse não acreditar que a nomeação
de Lula tenha sido “apenas” para não ser investigado pela primeira
instância.
“Em primeiro lugar, não podemos pensar pequeno, achar
que o deslocamento foi apenas para gerar a prerrogativa de ele [Lula]
ser julgado pelo Supremo. Não temos o juiz Sérgio Moro como um
justiceiro, mas como um magistrado e um grande magistrado. Como não
podemos entender que o Supremo seja benevolente quanto aqueles que
tenham cometido algum desvio de conduta. O que precisamos observar é o
nosso sistema constitucional”, afirmou Marco Aurélio Melo.
Na
avaliação do ministro do STF, a escolha de Lula para a Casa Civil serve
para conter a crise política instalada no país. “Vejo muito mais a ida
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma tentativa de
reverter o quadro de impasse nacional no campo político, pela ausência
de entendimento entre o Executivo e o Legislativo e terce-se o combate à
crise, que preocupa os cidadãos, em geral, que é a crise econômica
financeira.”
Para Marco Aurélio, não cabe ao Supremo decidir se,
como ministro, Lula tem ou não a prerrogativa de foro. “Ao Supremo cabe
apenas constatar o fato: ele é detentor de cargo que gera prorrogativa
de foro? Ocupa. Precisamos considerar uma norma básica de direito civil
[em que] não se presume vício de consentimento. A fraude tem que ser
provada. E aí fica muito difícil, diante do contexto nacional de crise
jamais vista, concluir-se, simplesmente, que ele quis vir para o Supremo
abrindo mão, inclusive, do tempo. Que, no processo-crime, é da maior
importância tendo em conta a prescrição. Fora isso, é paixão”, afirmou
Mello.
Mais cedo, o também ministro do STF Gilmar Mendes considerou
que a Corte deve analisar se houve “desvio de finalidade” na nomeação
de Lula pela presidenta Dilma. E, com isso, julgar se ele deve, mesmo
como ministro, ser investigado pela primeira instância ou se pelo
Supremo. Pelas regras em vigor, como ministro, Lula deixaria de ser
investigado pela 13ª Vara Federal de Curitiba, primeira instância, para
ter seu processo analisado pelo STF.
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