Os promotores
do Ministério Público do Estado de São Paulo Cássio Conserino, José Carlos Blat
e Fernando Henrique Moraes de Araújo disseram ontem (10) que colheram duas
dezenas de depoimentos que comprovariam que o apartamento triplex, em Guarujá
(SP), era “destinado” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família.
O MP-SP apresentou na quarta (9) denúncia contra Lula à Justiça Paulista por
lavagem de dinheiro – na modalidade ocultação de patrimônio – e falsidade
ideológica.
Os promotores
recusaram-se a confirmar se eles pediram a prisão do presidente na denúncia.
“Só vamos falar sobre os fatos”, destacou o promotor Cassio Roberto Conserino.
“Aproximadamente
duas dezenas de pessoas nos relataram que efetivamente aquele triplex do
Guarujá era destinado ao ex-presidente Lula e sua família. Dentre essas pessoas
figuravam funcionários do prédio, o zelador do prédio, a porteira do prédio,
moradores do prédio, funcionário da OAS, ex-funcionário da OAS, o proprietário
da empresa que fez a reforma naquele imóvel nos relatos que fez uma reunião
para apresentar parte da reforma efetuada, com a presença da ex-primeira dama e
de seu filho, além do senhor Léo Pinheiro”, disse o promotor Cassio Roberto
Conserino.
De acordo com
o promotor, a ocultação do patrimônio só não se perpetuou porque a imprensa
divulgou a situação, segundo Conserino, irregular do apartamento. “É uma soma
de testemunhos, é uma soma de documentos, e única conclusão irretocável que nos
cabia fazer é de que efetivamente aquele triplex foi destinado ao ex-presidente
da República, e só não houve a terceira etapa da integralização porque um órgão
de imprensa noticiou essa situação e eles resolveram, por bem, largar aquele
condomínio às pressas. E por essa razão a lavagem de dinheiro não se
perpetuou”, disse.
Os
procuradores não entanto, disseram que não tinham provas documentais sobre a
ocultação do patrimônio do ex-presidente. “Ocultação não vai ter nada de
concreto assinado. Se estava ocultando, não há possibilidade de ter nada nesse
sentido”, disse Conserino.
De acordo com
o MP, as provas documentais recolhidas dizem respeito aos contratos dos demais
condôminos e a questões envolvendo o prazo para direito de opção a compra do
imóvel.
“Os condôminos
do Solaris, quando houve a transferência [da Bancoop para a OAS] tiveram prazo
para aceitar a entrada da OAS ou se desligar de 30 dias, temos prova
documental. Entretanto, a família presidencial teve, ao que parece, seis anos.
E só desistiu por conta da investigação do Ministério Público”, disse
Conserino.
Denunciados
A denúncia do
MP envolve 16 pessoas, sendo oito delas ligadas à Cooperativa Habitacional dos
Bancários (Bancoop); cinco à OAS; além de Lula, denunciado por lavagem de
dinheiro e falsidade ideológica; sua esposa, Marisa Letícia, por participação
em lavagem de dinheiro; e seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, por participação
em lavagem de dinheiro.
Sobre o crime
de falsidade ideológica, o MP diz que Lula, em 2015, fez declaração falsa com o
fim de “alterar a verdade” em seu Imposto de Renda, alegando ter propriedade de
uma cota-parte do imóvel 141 do edifício Salinas, do condomínio Solaris, “que
nunca lhe pertenceu; ao contrário, pertencia à ocasião à testemunha Eduardo
Bardavira e esposa”, segundo a denúncia.
Motivação
Política
Os promotores,
ao início da entrevista coletiva, disseram que a ação do Ministério Público não
tinha conotação política e não seguia o calendário de manifestações. Segundo os
promotores, foi devido a recursos protelatórios dos investigados que a denúncia
ocorreu às vésperas das manifestações marcadas para o dia 13.
“Os adiamentos
que ocorreram por provocação da defesas de alguns dos investigados acabaram
atrasado a propositura da ação penal, que foi feita ontem”, disse o procurador
José Carlos Blat. “O Ministério Público não trabalha com calendário político ou
com qualquer outro tipo de evento, ou qualquer tipo de calendário. O nosso
calendário é judicial, o MP está pautado em prazos legais e judiciais”.
O promotor
Conserino também se defendeu das críticas da defesa de Lula. Segundo o
Instituto Lula, Conserino não é o promotor natural do caso e já havia
adiantado, em janeiro, à revista Veja, que iria pedir a prisão de Lula, o que
denotaria sua parcialidade política.
“Há uma
portaria autorizando, do nosso chefe, do Procurador-Geral de Justiça, para
trabalhar eu, o promotor aqui do lado [Fernando Henrique de Moraes Araújo], e o
promotor natural [José Carlos Blat]. Em relação à revista Veja eu vou comentar
só sobre a denúncia, que é absolutamente técnica e se refere a fatos”, disse
Conserino.
Instituto
Lula
Em nota,
publicada hoje (10) pela manhã no site do Instituto Lula, a entidade diz que a
denúncia do Ministério Público de São Paulo, feita ontem (9) "não tem base
na realidade, conforme o Instituto Lula já mostrou. Em 30 de janeiro deste ano,
foram divulgados todos os documentos relativos à cota do Edifício Solaris, que
mostram que Lula e sua família nunca tiveram apartamento no Guarujá. O
ex-presidente sempre declarou a cota em seu Imposto de Renda", diz.
"Tais
documentos foram encaminhados ao promotor. Já era previsível, no entanto, que
Conserino encaminhasse a denúncia, já que declarou à revista Veja que
considerava o ex-presidente culpado antes mesmo de ouvir a defesa de
Lula", acrescentou o instituto. "O ex-presidente Lula já desmentiu
essa acusação mais de uma vez, frente às autoridades e em discursos. O
ex-presidente Lula não é proprietário nem de triplex no Guarujá nem de sítio em
Atibaia, e não cometeu nenhuma ilegalidade. Ele apresentou sua defesa em
documentos que provam isso às autoridades competentes".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi