Os casos da
síndrome de Guillain-Barré, uma doença paralisante dos músculos, que pode estar
associada ao vírus Zika, chegam a 16, só este ano, no Hospital Universitário
Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), segundo o médico
neurologista Osvaldo Nascimento, que dá aulas na universidade e é supervisor de
ensino no hospital. O número é rebatido pela UFF, que emitiu nota nesta
sexta-feira (5) admitindo apenas um caso confirmado de Guillain-Barré.
O médico
sustentou que seis casos estão laboratorialmente comprovados e que mais dez, de
menor gravidade, tiveram diagnóstico clínico, no ambulatório do hospital, e que
os pacientes foram liberados.
“Foram seis
casos internados, sendo dois em estado mais grave, um em terapia intensiva e o
outro na unidade de emergência. Pacientes com casos leves, que foram encaminhados
ao ambulatório, eram dez pessoas. Todos com quadro de Guillain-Barré e todos
referiram quadro infeccioso prévio como o do vírus Zika”, relatou Nascimento,
que é coordenador de pesquisa e pós-graduação em Neurologia da UFF e presidente
regional da Academia Brasileira de Neurologia no Rio.
O médico
explicou que a síndrome começa após uma infecção, como a do Zika, e que se
manifesta por dormência e fraqueza das pernas, que vai subindo, chegando à
cabeça. Existem dez variantes da Guillain-Barré, de acordo com ele, sendo que
de 75% a 80% dos pacientes evoluem muito bem.
Nascimento
alertou para a necessidade do poder público investir mais na rede de
atendimento à Guillain-Barré, inclusive com diagnósticos mais rápidos, pois a
síndrome pode estar associada à Zika, o que poderia levar a um aumento
expressivo no número de casos no país. A doença precisa ser tratada
imediatamente após o aparecimento dos primeiros sintomas para se garantir uma
evolução favorável.
Uma das
dificuldades em se diagnosticar rapidamente a Guillain-Barré é o fato dela
aparecer até 20 dias após o episódio de Zika. “Até o momento, tanto para Zika
ou chikungunya, não conseguimos fazer o diagnóstico se for por mais de cinco ou
seis dias depois do quadro agudo da infecção inicial. Só que essas síndromes
[como a Guillain-Barré] acontecem de 15 a 20 dias depois. Esta é a
dificuldade.”
O neurologista
explicou que os casos de Guillain-Barré costumam atingir de um a quatro por 100
mil pessoas, o que reforça a necessidade de se investigar a associação do
número grande de casos, como no Hospital Antônio Pedro, com a epidemia de Zika.
De acordo com ele, médicos de outros hospitais do Rio também estão relatando
aumento no número de casos de Guillain-Barré.
Segundo a nota
do Hospital Universitário Antônio Pedro, não há comprovação científica da
relação causa e efeito entre o Zika e a síndrome. Além disso, o hospital alegou
que casos atendidos em nível ambulatorial não foram comunicados à direção da
unidade.
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