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Seria esse um
caso isolado, ou se equivocar durante as delações premiadas é um fato
corriqueiro? Certamente que não serei eu a fazer juízo de valor sobre esses
fatos, porém, que ele abre precedentes para que todas as demais delações sejam
colocadas em cheque não resta dúvidas.
O empresário Fernando Moura Hourneaux, investigado na Operação Lava Jato, admitiu hoje (28), em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que prestou informações falsas durante interrogatório ao juiz federal Sérgio Moro, na sexta-feira (22). Moura culpou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu nas delações assinadas com o MPF. A confissão ocorreu após os procuradores abrirem procedimento para verificar se o réu quebrou acordo de delação premiada.
Aos
procuradores, Moura disse que estava disposto a negar, perante Moro, as
declarações prestadas nas delações. O empresário explicou que, um dia antes de
embarcar para Curitiba para prestar depoimento, foi abordado por uma pessoa em
Vinhedo (SP), onde mora.
Segundo ele, o
desconhecido perguntou sobre seus netos, que moram no Rio Grande do Sul. Diante
da abordagem, o delator disse que ficou transtornado e passou a temer pela
segurança de sua família.
"Eu ia
negar toda a minha delação. Eu só não iria negar dois fatos, o Duque [Renato
Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras] e a Hope [empresa acusada de
fraudar contratos com a estatal], porque a pessoa que me abordou não tinha
sotaque carioca, tinha sotaque paulista. Essa foi minha atitude", informou
aos procuradores.
No depoimento,
Moura pediu uma segunda chance aos procuradores da Lava Jato e ao juiz Sergio
Moro. "Se o juiz Moro quiser me ouvir, tenho coisas a falar e a
acrescentar. Errei muito feio, não sei nem se tem justificativa o que
fiz."
De acordo com
o MPF, Moura entrou em contradição durante o primeiro depoimento prestado ao
juiz, no dia 22 de janeiro.
No depoimento
de delação, Moura afirmou que procurou Dirceu em 2005 para saber o risco que
corria de ser implicado nas investigações do processo do mensalão. "Foi
nesse encontro que José Dirceu lhe deu a dica para sair do Brasil e ficar fora
do país até a poeira baixa", diz trecho da delação.
Na semana
passada, ao ser questionado por Sérgio Moro sobre os motivos pelos quais deixou
o Brasil, Moura entrou em contradição. "Aí nessa declaração, que depois
que assinei eu fui ler, eu disse que foi o Zé Dirceu que me orientou a isso.
Não foi esse o caso", respondeu o investigado.
O empresário
deve prestar um novo depoimento ao juiz amanhã (29). Na mesma audiência, estão
previstas as oitivas de José Dirceu e do ex-executivo da Empreiteira Engevix
Gerson Almada.
Os depoimentos
ocorrem na ação penal em que José Dirceu e mais 15 investigados foram
denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha. A acusação contra o ex-ministro se baseou nas afirmações de Milton
Pascowitch, em depoimento de delação premiada.
O delator
disse que fez pagamentos em favor de Dirceu e Fernando Moura, empresário ligado
ao ex-ministro. Segundo os procuradores, o dinheiro saiu de contratos entre a
Engevix e a Petrobras e teriam passado por Renato Duque e Fernando Moura.
Dirceu está
preso preventivamente desde agosto do ano passado em um presídio em Curitiba. A
defesa do ex-ministro afirma que a denúncia é inepta, por falta de provas. De
acordo com os advogados, a acusação foi formada apenas com declarações de
investigados que firmaram acordos de delação premiada.
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Dag Vulpi