A Câmara dos
Deputados desembolsa, em média, R$ 40 mil em cada uma das edições do programa
Câmara Itinerante, em que o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) viaja
acompanhado de uma comitiva de deputados aos estados para realizar uma sessão
de debates na assembleia legislativa local.
Esse valor,
obtido pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação, inclui somente
as despesas com passagens e diárias dos servidores que integram a equipe do
programa, além dos custos para bancar assessores e seguranças.
Gastos com
transmissão ao vivo da sessão pela TV Câmara, por exemplo, não foram
informados.
Lançado por
Cunha quando assumiu a presidência da Casa, em fevereiro deste ano, o programa
esteve em nove estados no primeiro semestre. As viagens foram retomadas nesta
sexta-feira (25), com uma edição
realizada em Goiás.
A meta é
percorrer as 27 unidades da federação ao longo de 2015 e 2016, período do
mandato de Cunha à frente da Câmara. Considerando o valor médio gasto em cada
edição, ao final, o programa terá custado pouco mais de R$ 1 milhão.
Para Cunha, o
gasto com o programa é “ínfimo”. “É um custo absolutamente ínfimo e faz parte
do orçamento, que está sendo reduzido”, disse na sexta após participar do
programa em Goiânia.
Ele argumentou
ainda que a Câmara tem adotado uma série de medidas para reduzir os seus
custos, como a introdução do ponto eletrônico e a limitação das horas extras.
Em cada
viagem, a equipe é formada em média por 13 pessoas da equipe do programa, além
de cinco assessores e seguranças – o número de deputados que acompanharam Cunha
também não foi informado.
A Câmara arca
com as passagens e o valor da diária, que deve ser usada para pagar hospedagem,
transporte terrestre e alimentação. Só com as diárias e passagens, as nove
primeiras edições consumiram R$ 28.310. Considerando assessores e seguranças, o
gasto médio por edição foi de R$ 39.790.
No primeiro
semestre, os parlamentares percorreram nove capitais – Curitiba, São Paulo,
João Pessoa, Natal, Campo Grande, Cuiabá, Belém, Macapá e Manaus. A primeira
viagem no segundo semestre foi a Goiânia.
O foco
principal é debater temas nacionais e regionais e questões sociais com agentes
políticos locais e representantes da sociedade. Reforma política e pacto
federativo são alguns dos assuntos que já estiveram na pauta.
Geralmente,
Cunha vai acompanhado de deputados das frentes parlamentares ligadas aos temas
que serão discutidos e também de integrantes da bancada estadual na Câmara.
A programação
inclui ainda encontros com autoridades locais, como governadores, prefeitos e
vereadores.
O roteiro
reserva também um espaço para visitas a entidades sociais, o que acaba rendendo
uma vitrine para os deputados em seus redutos eleitorais.
Em Curitiba,
por exemplo, eles visitaram uma escola que atende pessoas com autismo. Em São
Paulo, os parlamentares foram a uma ONG de proteção a animais, a uma entidade
que atende pessoas com síndrome de Down e a outra que cuida de pessoas com
paralisia cerebral, além de um hospital de reabilitação física.
Apesar do
esforço de imprimir uma agenda positiva, Eduardo Cunha foi recebido com
protestos em diversas cidades, principalmente de movimentos ligados à causa
LGBT, que promoveram “beijaços” nas assembleias.
Pró e contra
O Câmara
Itinerante é criticado por parte dos deputados que, além de considerarem o
gasto desnecessário, veem o programa como uma vitrine para promover Cunha e
políticos aliados e não a instituição.
“Esse programa
visa mais a promoção da própria presidência da Câmara do que a instituição e
também para agradar aliados dele com a base. Acho que não se trata de um
serviço de interesse público. É mais uma propaganda e autopromoção”, acusa Ivan
Valente (PSOL-SP).
Para ele, a
atividade não compensa o gasto. “Eu não vejo nenhuma viabilidade em continuar
gastando dinheiro público com esse tipo de atividade”, diz Valente.
Como reação às
críticas, o primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP),
responsável pelas finanças da Câmara, se vale do argumento de que “democracia
custa”.
“É importante
a Câmara Itinerante porque o presidente da Câmara vai às assembleias, sente o
que a assembleia precisa, mantém contato com os governadores. Acho que é uma
forma de estar mais na rua. Diversos prefeitos têm ido. Acho que a democracia
custa”, afirmou.
Ele também
rejeita a crítica de que a iniciativa teria o objetivo de “promover” Cunha e
parlamentares aliados. Segundo Mansur, não há "retorno político"
significativo.
“Claro que tem
custo, porque tem voo, segurança, uma série de coisas, mas é uma coisa
necessária. A gente pode ter até crítica, mas não acho que essa questão seja
algo que seja feito para dar publicidade, para favorecer A, B ou C. O
presidente da Câmara já tem espaço até demais na mídia”, afirma Beto Mansur.
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