Professor
de sociologia da aula de política e democracia para apresentador da Globo
O convidado
estraga a festa e diz na Globo tudo o que ela não queria ouvir nem dizer!
Um
professor de História deu uma aula ao vivo de política e democracia para
apresentadores de telejornal da TV Globo do ES e não cedeu aos clichês forçados
do Hard News. O constrangimento por parte dos jornalistas é nítido.
Veja o vídeo
no final desta postagem. Imperdível!
Vitor
Amorim de Angelo que é doutor em ciências políticas e professor de sociologia.
JG - O
senador disse ai: “O executivo é a locomotiva da corrupção e agora o
legislativo também são os vagões” é... Como é que o senhor viu os protestos? E
como é que o senhor viu a resposta ontem da presidente Dilma?
VA - Essa imagem da locomotiva é uma boa imagem,
eu só não sei se ela reflete a realidade, dado que a corrupção ela é, não só
uma velha senhora, como disse a presidente Dilma Rousseff ela está entre nós ha
muito tempo, e como ela não está só no executivo. A operação Lava Jato mostra
uma série de parlamentares acusados agora de estarem envolvidos em desvio de
corrupção e outros crimes que este problema não ataca somente o congresso
nacional, mas também o executivo, e não somente o executivo e o legislativo no
plano federal, mas se a gente for olhar possivelmente também nos estados e
também nos municípios. Não só na política, mas também na sociedade, não só na
iniciativa pública, mas também na privada, ou seja, quando a gente olha esse
problema com olhar complexo porque ele é um problema complexo podemos ver que a
corrupção está disseminada por todo lugar do nosso país. Do meu ponto de vista
dizer isso não significa diminuir a culpa de ninguém ou dizer que o problema é
insolúvel, mas apenas tratar um problema complexo da maneira que ele merece ser
tratado, porque, quando a gente coloca a ênfase somente no poder executivo nós
acabamos mascarando o problema em outras esferas e em outros espaços.
JG - O
ministro do governo disse logo no domingo que as pessoas que participaram das
manifestações foram pessoas que não votaram na presidente Dilma. Hoje a Miriam
Leitão no seu artigo diz que não é bem por aí, que é só pegar um dado
estatístico que hoje a popularidade da presidente é muito menor do que a votação
que ela teve, ou seja, não foi só quem não votou na Dilma que participou do
protesto. E o senhor, concorda com a Miriam ou concorda com o ministro?
VA - Concordo com o ministro, mas não é uma
questão de opinião concordar com ele, ontem mesmo eu tive acesso a uma pesquisa
feita por um cientista político da universidade de São Paulo onde ele fez uma
pesquisa com amostra aleatória em São Paulo, portanto tem seu limite porque foi
em São Paulo apenas, mas é significativa dado que a manifestação de São Paulo
foi a mais numerosa do país segundo cálculos da PM, e essa pesquisa realizada
por esse cientista político mostra que, dos que foram entrevistados apenas 2%
de fato votaram em Dilma Rousseff, onde boa parte, 80% votaram, ou em Aécio ou em
Marina, então de fato os que estavam ali não eram apenas os eleitores de Aécio,
eles eram também eleitores de Marina, pensando aqui no primeiro turno, mas
certamente eles não eram eleitores de Dilma. A democracia, é bom lembrar, é um
regime de confiança e não de adesão, portanto não é uma opção aderir ou não a
um resultado, então se você elege alguém e esse alguém não vence isso não pode
dar razão a alguns adesivos que aa gente vê pela cidade que diz a culpa não é
minha porque eu não elegi a Dilma. Ok a culpa não é sua porque você não elegeu
a Dilma, mas você faz parte desse sistema político da qual ela é a presidente
da República, e o inverso também é verdadeiro, você venceu, mas não pode deixar
de governar para aqueles que não te elegeram.
JG - Pelo
que o senhor está dizendo, pelo seu raciocínio, isso não desqualifica a
manifestação e o volume das pessoas que foram às ruas pelo fato da maioria não
ter votado na presidente e, essa é uma manifestação legítima.
VA - A presença destas pessoas nas ruas é sim
perfeitamente legitima e de alguma maneira até salutar para a democracia, e
você não pode como governo ignorar a presença expressiva de uma parcela da
população brasileira que foi às ruas.
JG - Ontem
na entrevista coletiva a presidente disse que não estava num confessionário
para fazer nenhum tipo de confissão e perguntaram sobre algum erro do governo
onde ela disse que pode ter errado, mas citou só o FIES. Ela não citou a Petrobras
e a gente vê aí o escândalo que envolve a Petrobras. E essa falta de
reconhecimento do governo, o fato de os dois maiores escândalos de corrupção do
país, o mensalão e agora o petrolão acontecer durante o governo PT, isso de
certa forma associa também a imagem do partido à corrupção? Porque o PT tá no
governo quando isso tudo estourou e, cabia principalmente ao executivo impedir
que isso acontecesse?
VA - Isso é, acho que você toca em alguns pontos
interessantes, associa o caso ao partido, muito embora quando a gente vai olhar
o que se passou isso não necessariamente começou com o partido nem se reduz
exclusivamente ao período em que o partido está no governo.
JG - Esses
dois escândalos justamente quando o PT estava no governo, o senhor acha que
isso faz com que a população associe? Porque não cabia então ao executivo,
principalmente o executivo podia acabar com esse escândalo da Petrobras e
impedir que isso acontecesse, da mesma forma o mensalão?
VA - O que eu estou tentando dizer é que num
olhar um pouco mais refinado a gente não pode reduzir a corrupção apenas ao PT,
reduzir tudo isso ao governo do PT é de fato um reducionismo.
JG - É
e acho que a gente entendeu e o senador Ricardo Ferraço disse aqui em
entrevista, o congresso inteiro têm que fazer uma mea culpa e analisar bem,
porque se algum partido aceita um cargo para depois repartir recursos é porque
também está sendo conivente,
está sendo complacente com tudo aquilo.
Veja o vídeo abaixo. Imperdível!
concordo em tudo................
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