sábado, 1 de agosto de 2015

Professor de sociologia da aula de política e democracia para apresentador da Globo

Professor de sociologia da aula de política e democracia para apresentador da Globo

O convidado estraga a festa e diz na Globo tudo o que ela não queria ouvir nem dizer!

Um professor de História deu uma aula ao vivo de política e democracia para apresentadores de telejornal da TV Globo do ES e não cedeu aos clichês forçados do Hard News. O constrangimento por parte dos jornalistas é nítido.

Veja o vídeo no final desta postagem. Imperdível!

Vitor Amorim de Angelo que é doutor em ciências políticas e professor de sociologia.

JG - O senador disse ai: “O executivo é a locomotiva da corrupção e agora o legislativo também são os vagões” é... Como é que o senhor viu os protestos? E como é que o senhor viu a resposta ontem da presidente Dilma?

VA - Essa imagem da locomotiva é uma boa imagem, eu só não sei se ela reflete a realidade, dado que a corrupção ela é, não só uma velha senhora, como disse a presidente Dilma Rousseff ela está entre nós ha muito tempo, e como ela não está só no executivo. A operação Lava Jato mostra uma série de parlamentares acusados agora de estarem envolvidos em desvio de corrupção e outros crimes que este problema não ataca somente o congresso nacional, mas também o executivo, e não somente o executivo e o legislativo no plano federal, mas se a gente for olhar possivelmente também nos estados e também nos municípios. Não só na política, mas também na sociedade, não só na iniciativa pública, mas também na privada, ou seja, quando a gente olha esse problema com olhar complexo porque ele é um problema complexo podemos ver que a corrupção está disseminada por todo lugar do nosso país. Do meu ponto de vista dizer isso não significa diminuir a culpa de ninguém ou dizer que o problema é insolúvel, mas apenas tratar um problema complexo da maneira que ele merece ser tratado, porque, quando a gente coloca a ênfase somente no poder executivo nós acabamos mascarando o problema em outras esferas e em outros espaços.

JG - O ministro do governo disse logo no domingo que as pessoas que participaram das manifestações foram pessoas que não votaram na presidente Dilma. Hoje a Miriam Leitão no seu artigo diz que não é bem por aí, que é só pegar um dado estatístico que hoje a popularidade da presidente é muito menor do que a votação que ela teve, ou seja, não foi só quem não votou na Dilma que participou do protesto. E o senhor, concorda com a Miriam ou concorda com o ministro?

VA - Concordo com o ministro, mas não é uma questão de opinião concordar com ele, ontem mesmo eu tive acesso a uma pesquisa feita por um cientista político da universidade de São Paulo onde ele fez uma pesquisa com amostra aleatória em São Paulo, portanto tem seu limite porque foi em São Paulo apenas, mas é significativa dado que a manifestação de São Paulo foi a mais numerosa do país segundo cálculos da PM, e essa pesquisa realizada por esse cientista político mostra que, dos que foram entrevistados apenas 2% de fato votaram em Dilma Rousseff, onde boa parte, 80% votaram, ou em Aécio ou em Marina, então de fato os que estavam ali não eram apenas os eleitores de Aécio, eles eram também eleitores de Marina, pensando aqui no primeiro turno, mas certamente eles não eram eleitores de Dilma. A democracia, é bom lembrar, é um regime de confiança e não de adesão, portanto não é uma opção aderir ou não a um resultado, então se você elege alguém e esse alguém não vence isso não pode dar razão a alguns adesivos que aa gente vê pela cidade que diz a culpa não é minha porque eu não elegi a Dilma. Ok a culpa não é sua porque você não elegeu a Dilma, mas você faz parte desse sistema político da qual ela é a presidente da República, e o inverso também é verdadeiro, você venceu, mas não pode deixar de governar para aqueles que não te elegeram.

JG - Pelo que o senhor está dizendo, pelo seu raciocínio, isso não desqualifica a manifestação e o volume das pessoas que foram às ruas pelo fato da maioria não ter votado na presidente e, essa é uma manifestação legítima.

VA - A presença destas pessoas nas ruas é sim perfeitamente legitima e de alguma maneira até salutar para a democracia, e você não pode como governo ignorar a presença expressiva de uma parcela da população brasileira que foi às ruas.

JG - Ontem na entrevista coletiva a presidente disse que não estava num confessionário para fazer nenhum tipo de confissão e perguntaram sobre algum erro do governo onde ela disse que pode ter errado, mas citou só o FIES. Ela não citou a Petrobras e a gente vê aí o escândalo que envolve a Petrobras. E essa falta de reconhecimento do governo, o fato de os dois maiores escândalos de corrupção do país, o mensalão e agora o petrolão acontecer durante o governo PT, isso de certa forma associa também a imagem do partido à corrupção? Porque o PT tá no governo quando isso tudo estourou e, cabia principalmente ao executivo impedir que isso acontecesse?

VA - Isso é, acho que você toca em alguns pontos interessantes, associa o caso ao partido, muito embora quando a gente vai olhar o que se passou isso não necessariamente começou com o partido nem se reduz exclusivamente ao período em que o partido está no governo.

JG - Esses dois escândalos justamente quando o PT estava no governo, o senhor acha que isso faz com que a população associe? Porque não cabia então ao executivo, principalmente o executivo podia acabar com esse escândalo da Petrobras e impedir que isso acontecesse, da mesma forma o mensalão?

VA - O que eu estou tentando dizer é que num olhar um pouco mais refinado a gente não pode reduzir a corrupção apenas ao PT, reduzir tudo isso ao governo do PT é de fato um reducionismo.

JG - É e acho que a gente entendeu e o senador Ricardo Ferraço disse aqui em entrevista, o congresso inteiro têm que fazer uma mea culpa e analisar bem, porque se algum partido aceita um cargo para depois repartir recursos é porque também está sendo conivente, está sendo complacente com tudo aquilo.

Veja o vídeo abaixo. Imperdível!

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Dag Vulpi

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