terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Crumb, definitivamente, é Charlie.



Por Marco Lisboa


Ele criou uma personagem, Big Baby, que era uma afrodescendente com déficit cognitivo. Big Baby era estuprada (segundo a definição atual) pelo senhor da melhor idade que aparece na capa da revista. Nem queiram saber o que rola na historinha.

Vamos enquadrar Crumb como racista, sexista, pedófilo e estuprador? Ops, mas o espaço ficcional existe para isso mesmo, para praticarmos as transgressões que não devem ser praticadas na vida real. Estupradores não leem Crumb. Ele exige certo nível de sofisticação.

Mas é bem mais fácil para o politicamente correto colocar tudo no mesmo saco e sacar a tesoura. Pensar não é o forte dessa turma.



Debate entre membros do grupo Consciência Política e Razão Social no Facebook.


Josué Kaiuá Borges Coisa de gente pouco inteligente. Vejo muito disso em um pessoalzinho conservador da esquerda. Sou humanista, adoro GTA e meu filme predileto é scarface.

Marco Lisboa Eu juro que no meu tempo a esquerda era inteligente e a direita é que era conservadora. Agora os liberais (no sentido político do termo) estão mais avançados que essa esquerda carola (e hipócrita). O politicamente correto está acabando com a esquerda.

Josué Kaiuá Borges Tenho que concordar. Muitos liberais têm relativamente bons argumentos. Não sei de antigamente, pois era direita, mas para muitos ser de esquerda é se vestir hindu e fumar maconha.

Marco Lisboa Eu sou de 1950. Fiquei 9 anos clandestino, durante a ditadura. A esquerda mais tradicional era contra as drogas e contra a filosofia hippie. Aliás, ser de esquerda não deveria ser modinha. Nunca vesti uma camiseta do Che (que nunca foi santo de minha devoção). Hoje em dia, esquerda e direita são definidas muito em cima de questões comportamentais, quando deveriam ser definidas em cima de um programa político.


Josué Kaiuá Borges Fantástico, tomara que haja volta. Fico feliz que apesar de ser de 50 não tenha se transformado em um conservador.

Raul Ferreira Bártholo Ai...... ai......sou de 40..... como me cansa essa "esquerda - comportamental"!!

Marco Lisboa A esquerda está sendo assimilada pelo "politicamente correto" e está ficando mais reacionária do que os liberais.

Ana Soraya Nascimento A carolice me preocupa menos que a compreensão ou aceitação do quanto permitiremos de transgressão da "arte" a ponto de aceitar o estimulo ao racismo, a xenofobia, o ódio, a intolerância à cultura e religiões alheias.

Trata-se de ser leniente ou não com a relativização da afronta à direitos humanos e não tem a ver com ser de direita ou esquerda.
Aliás, a luta pela igualdade de oportunidades e a promoção aos direitos individuais e coletivos, deveria ser por princípio ação de esquerda e não ser modinha de "politicamente corretos", já que a direita só preocupa-se com a minoria já privilegiada financeiramente, então não tem nenhum compromisso com os direitos de pessoas discriminadas ou perseguidas por sua "diferença" como a cor, o credo, a cultura e a religião.

Meus caros, me preocupa o discurso estranho de quem viveu num tempo onde o Pasquim foi referência a arte que estava a serviço da democracia e fortalecia a luta contra a violência e a ditadura militar no Brasil. Lamentável.

Marco Lisboa Antes de lamentar, me responda uma coisa: você considera o Crumb racista, sexista, pedófilo e um potencial estuprador? Acha que ele deveria ser censurado se um grupo de carolas pensasse assim? O discurso tem que se mostrar coerente na prática.

Marco Lisboa Entre as acusações ao Charlie está a de que eles vendiam apenas 60.000 exemplares. O Crumb nunca foi publicado na grande imprensa. São marginais, no sentido próprio do termo. Porque não se adaptam à mediocridade (no sentido próprio) geral. Ocupam um espaço muito pequeno, porque o tipo de humor sofisticado que fazem não é popular. Agora, porque foram escolhidos por um bando de terroristas, viraram inimigos da paz social? Menos. Deixem os caras em paz.

Ana Soraya Nascimento A prática de aceitar a relativização de racismo, intolerância e perseguição a cultura e religiões é absurda para quem se auto declara de esquerda, simples assim. Odeio piada de mau gosto, racista, sexista e que ofenda culturas e religiões. A liberdade se sustenta com igualdade e fraternidade.

Marco Lisboa Responda concretamente, Ana, sem discursos, o que você acha do Crumb e o que você proporia para as suas publicações, caso ele fosse brasileiro. O Tonio Lucio Soares Filho, queria enquadrá-lo, sem êxito, no artigo 208 de nosso código penal. O que você faria?

Marco Lisboa Quem persegue a cultura e a religião? Henfil com seu fradinho? Charlie com suas charges do profeta? Crumb com sua versão da história de Adão e Eva? Vamos sair do discurso e entrar no mundo real. O perseguido, para mim, até prova em contrário é quem foi morto num ataque terrorista. Maomé passa bem, pelo que eu sei.

Ana Soraya Nascimento Marco, as pessoas assassinadas não são perseguidos, são vítimas, já os perseguidos são as pessoas de cultura islâmica que tem suas mesquitas invadidas e depredadas, são tratadas como cidadãos de 2a. categoria, são obrigados a se despir de sua cultura e vestes tradicionais. Querido, pior é ainda ser ridicularizado pelo que o ocidente chama de "arte".

Não eu não sou Charlie Hebdo! Marco não aprecio "arte" que deprecia o outro, pois já senti na carne o preconceito, não acho engraçado ou compro qualquer publicação que estimule a intolerância e o ódio que já existe contra o "diferente" , até porque o consumo deve ser refletido. Kkkkkkkk

Jorge Ifraim Marco Lisboa - acho que vale à pena dar uma lida nesta esclarecedora postagem sobre "A DITADURA DO POLITICAMENTE CORRETO", onde se percebe que este movimento não começou espontaneamente mas foi difundido como parte de uma estratégia maior via Escola de Frankfurt, quando a luta de classes pelo proletários já não dava os resultados esperados ... https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151998127489567...

Tonio Lucio Soares Filho Estou com as sábias palavras de Ana Soraya Nascimento.

Ana Soraya Nascimento O problema menor é a adoção do "politicamente correto", o problema é a certa perversão da natureza de alguns em se divertir com a depreciação do outro, principalmente se este não tiver em igual condição de revisar, né? Isto é prática dos covardes, infelizmente a sociedade está cheia deles.

Tonio Lucio Soares Filho Nunca vi tanta apologia ao desrespeito pelo próximo e contra tudo que se refira a direitos humanos! Um absurdo. Jamais serei Charlie!!!!!

Ana Soraya Nascimento Tonio, para alguns é engraçada a "arte" de ridicularizar aqueles que não têm correlação de forças para revidar a ofensa, principalmente se esta tratar de acentuar o ódio, a intolerância à etnia, cultura e religiões, desculpe, mas se isto é ser para alguns "politicamente correto" , sou porque tento sempre que posso aproximar meu discurso de minha prática.

Raul Ferreira Bártholo "Pensar não é o forte dessa turma". Cansei desse politicamente correto. Ainda mais quando posta um texto pelo título e, depois, o desconsideram - provando o que não foi dito.... Arre!

Tonio Lucio Soares Filho Ser Charlie tem outro significado que os sabedores supremos não estão entendendo. As pessoas que dizem ser Charlie querem demonstrar apoio às famílias e ao fato da liberdade de expressão, e quando dizemos que não somos Charlie é no sentido de defender os direitos humanos e não ser coniventes com quaisquer publicações, expressões, falas ou atitudes que firam o princípio da dignidade humana, é constitucional, é ilegal injuriar, caluniar, difamar, escarnecer de religiões. Assim da mesma forma que entendemos quem é Charlie, pedimos a gentileza e o respeito aos que não são Charlie! De pararem de publicar essas imagens ofendendo a dignidade e a religião alheia! Respeitem a diversidade. Nenhuma das duas opiniões diferentes apóiam o terrorismo, ninguém em sã consciência faria tal, respeitem!!!!

Guilherme Aguiar 'Je suis Kouachi'

Quer um contraponto sombrio ao sentimento vigente? Veja a página "Je ne suis pas Charlie" no Facebook - "Não somos Charlie", adaptação à frase que tornou-se a marca da reação ao ataque à Charlie Hebdo. Ela recebeu mais de 21 mil curtidas nos últimos dias.

Franceses muçulmanos são a maioria entre os que curtiram a página e não apoiam a violência. A grande maioria não tem nenhuma relação com os Kouachis e Coulibaly. Mas eles também deixam claro que não participarão de nenhum movimento nacional que apoie aqueles que insultaram o profeta Maomé.

Eles expressam revolta ao que veem como dois pesos e duas medidas. Por que tanto barulho sobre os 17 mortos, quando milhares de pessoas morreram em Gaza e na Síria?

Ana Soraya Nascimento Tem gente esperando " celebridades aderirem" e ficam postando, tá vendo o Luciano Hulk aderiu. Fala sério! Quanta infantilidade e ausência de argumentos! Aff

Marco Lisboa Esse dis curso maniqueísta cansa. Ou se condena o humor de Charlie, porque ofende os fundamentalistas ou se é a favor da discriminação dos muçulmanos na França. Que dureza! Eu, particularmente, sou contra uma série de medidas discriminatórias que o governo adota em relação aos franceses de origem muçulmana. Fui contra, por exemplo, a proibição do uso do véu nas escolas. Mas, para ajudar o discurso politicamente correto, quando faltam argumentos, vale caracterizar os que apoiam a liberdade de expressão como defensores da discriminação. E a Ana até agora não disse o que acha do Crumb e do Henfil e o que deveria ser feito com seus quadrinhos ofensivos.

Marco Lisboa Ela está em boa companhia. Michel Zaidan, no Brasil 171, já equiparou os cartuns do Charlie a crimes de ódio, puníveis pelo nosso Código Penal. Só não cita o artigo. Aliás, o Tonio citou um e depois, quando ficou provado que ele era inaplicável, disse que não importava, o certo é que o humor que ofende os fundamentalistas deveria ser punível. É divertido, porque é só dar uma passada no FB que iremos encontrar diversos posts ridicularizando pastores, o dízimo, etc. Aí pode, né. Contra o Feliciano e a Universal não é preciso ter pruridos. Quanta coerência.

Tonio Lucio Soares Filho Crumb e Henfil são coxinhas que alimentam a doença que a burguesia macabra têm por escravizar sexualmente negras, crianças e mulheres em geral, uma ânsia em ofender a religião alheia, a orientação sexual do outro por meio da chacota, defendem o estupro e incesto e tudo aquilo que não podem fazer na vida real, mas que na verdade sempre defendem porque nos seus mais sombrios desejos só aguardam a oportunidade. A apologia criminosa e desrespeitosa de charges como a de Charlie Hebdo e seus antecessores é digna de repúdio por todas as entidades de direitos humanos e de toda população. Nós tivemos consequências violentas e a direita neoliberal quer mais e mais sangue. Eles querem o sangue de suas crianças, odeiam negros e homossexuais, não aceitam a ascensão da mulher e muito menos tem respeito pela dignidade humana! Abram o olho! NÃO SOU E JAMAIS SEREI CHARLIE!

Marco Lisboa Quando se fala "respeito pelo outro" não é o respeito pelo outro ser como nós, professar a mesma religião, os mesmos valores civilizatórios ou culturais. Respeitar o outro é aceitá-lo como ele é, na integridade de suas convicções, sentimentos e ideais, e não como nós queremos que ele seja.

Pois é. Esse é um trechinho do texto do Zaidan. Como o Tonio, ele acha que discordar é desrespeitar. E vai além, acha que o que é sagrado para um grupo tem que ser sagrado para todos. Ora, o lema do humor é justamente esse: nada é sagrado, nada deve ser levado tão a sério (pelo menos no espaço próprio do humor). Aliás o seu texto pode ser invertido e aplicado aos fundamentalistas. Eles precisam aceitar que o estado francês é laico e que existe uma tradição intelectual que vem de Voltaire e Diderot que precisa ser respeitada.

Tonio Lucio Soares Filho Crumb e Henfil são coxinhas que alimentam a doença que a burguesia macabra têm por escravizar sexualmente negras, crianças e mulheres em geral, uma ânsia em ofender a religião alheia, a orientação sexual do outro por meio da chacota, defendem o estupro e incesto e tudo aquilo que não podem fazer na vida real, mas que na verdade sempre defendem porque nos seus mais sombrios desejos só aguardam a oportunidade. A apologia criminosa e desrespeitosa de charges como a de Charlie Hebdo e seus antecessores é digna de repúdio por todas as entidades de direitos humanos e de toda população. Nós tivemos consequências violentas e a direita neoliberal quer mais e mais sangue. Eles querem o sangue de suas crianças, odeiam negros e homossexuais, não aceitam a ascensão da mulher e muito menos tem respeito pela dignidade

Marco Lisboa Pronto, o Tonio saiu do armário, ideologicamente falando. Henfil e Crumb eram coxinhas que odiavam negros, mulheres e crianças! Tirando o ridículo dessa afirmação, há subjacente uma concepção utilitarista da arte. A arte não tem um valor em si, como necessidade do ser humano em geral, o seu valor deve ser aferido pela contribuição que dá a luta política. Eu sempre digo que o politicamente correto e o realismo socialista são aparentados. É deprimente ver que é com essa visão reducionista e simplista que alguns pretendem transformar o mundo. Ainda bem que não corremos esse risco.

Tonio Lucio Soares Filho Marco Lisboa você não me engana, fico imaginando que espécie é você! Você pode usar suas palavras pra enganar os coxinhas mas a mim você não engana, eu sei exatamente que espécie de doente você é. E digo que deprimente é ser como você, realmente deprimente!

Marco Lisboa Que bom que somos diferentes, não é mesmo?

Ana Soraya Nascimento Marco, já escrevi você pode não ter prestado atenção, para seu conhecimento fui contra a proibição do véu nas escolas francesas, como sou contra a xenofobia agora ainda mais exaltada, sou contra a perseguição ao povo islâmico, sou contra a depredação a mesquitas, a agressão ao povo muçulmano, sou contra o ódio e intolerância de cultura e religiões reforçados pelas publicações do Charlie!

Qual a parte que não entendeu, pois já informei que jamais relevei piadinhas racistas, sexistas e discriminatórias?? Nunca vi charge racista e discriminatória do Henfil, reforço que sou a favor de publicações como eram as do Pasquim.
Acho que também não compreendeu quando mencionei que não me preocupa reforçar ou não o discurso do "politicamente correto" , mas sempre acreditei que devemos reforçar o que prevê a constituição e a declaração universal dos direitos humanos quanto as garantias individuais e coletivas dos cidadãos, mas isto é ausência de argumentos? Pois me parece ser um bom argumento para não reforçar publicações que reforcem o ódio, as perseguições, a intolerância étnica, a cultura e religiões, certo? Por isto qualquer publicação de gosto duvidoso não compro e não indico.

Je ne suis pas manipulable!

Josué Kaiuá Borges Quer afirmar que devemos ter "respeito" pela religião por mais absurda que seja. Daqui a pouco defenderá o infanticídio indígena em nome da tradição. Respeite a religião alheia, mas não respeite o direito de dizer através do humor o quão patético tais crenças são.
Com base em que estudos esses caras traçam o perfil psicológico dos autores com tanta precisão?

Ana Soraya Nascimento Viva a diferença!!!!! Tanto quanto o respeito pelo ser diferente, no entanto aqui não vai nenhuma intenção de promover a exaltação da intolerância ao diferente seja pela cor da pele, credo e cultura! Mas de fato as pessoas estão pouco dispostas a entender e agora o ataque ao "politicamente correto" , isto é bobagem.

Sempre defendi a cultura indígena e não aceito a chacina de nações inteiras, como a discriminação ao povo muçulmano não deve ser objeto de relativização por charge ou qualquer outro instrumento de comunicação que possa acentuar o sofrimento de outrem ou perseguição.

As crenças africanas foram e são objeto de perseguição por determinadas religiões e políticos representantes destas, já pensou alguma revista ridicularizar o candomblé e ter o reforço da mídia, voltaremos ao início da república, onde não só a polícia invadia os terreiros como teríamos uma caçada dos praticantes! Vamos ser razoáveis, isto é uso da liberdade de expressão para instalar o caos e fazer uma guinada fantástica a direita.

Marco Lisboa Henfil criou o caboclo mamador. Para fundamentalistas poderia ser uma ofensa aos cultos afro-brasileiros. Não foi essa a intenção dele. Como não era a intenção do Charlie ofender os muçulmanos nem estimular a xenofobia. O humor é contra a sacralização, contra o poder e contra o dogmatismo. Agora é engraçado como se absolve o Henfil (ainda bem), deixa-se o Crumb no limbo (e afinal o que você pensa dele?), mas se cai de pau em cima do Charlie. Não consigo enxergar a diferença.

Ana Soraya Nascimento Marco, não vi o Henfil reforçar a onda de fechamento de terreiros, mas não disse que o absolvi, só que não conhecia charge discriminatória feita por ele, só pra restabelecer o que de fato foi escrito, para mim é de mau gosto também, não aprovo.

O papel da arte também é valorizar a cultura, é questionar as formas de opressão como fez o Pasquim, mostrar o horror das guerras, como muitos artistas maravilhosos fizeram.

Assim apresento a minha divergência e posição frontalmente contra ao uso da "arte" para perpetuar mesquinharia de sentimento como ódio e intolerância contra o outro, principalmente se o outro está em tão grande desvantagem na correlação de forças, o que define a perseguição como covarde e pior se a tal "arte" agrava a humilhação e sofrimento de um povo, querido pra mim isto não é engraçado é tão pouco considero arte.

Guilherme Aguiar uma coisa interessante é contextualizar ne gente? Leonardo Boff diz no texto:

'A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Após os atentados do World Trade Center, a situação piorou.'

Marco Lisboa Eu entendo e não concordo. O politicamente correto é assim mesmo. Não existe humor inocente. Piada de loura burra reforça o machismo. Piada sobre negros reforça o racismo. Piadas sobre anão, fanho, aleijado, etc. reforçam a discriminação contra os deficientes (ou sei lá qual o termo politicamente correto) e por aí vamos. Ainda bem que você ficou no terreno do não gosto e não entrou no terreno do deveria ser proibido. Esse é ponto que quero estabelecer. Defender a liberdade de expressão é defender o direito de o humor ser politicamente incorreto. Não é preciso gostar de tudo o que é permitido. E cá entre nós, arte que prega o ódio é meio difícil de encontrar. É mais fácil encontrar gente que não consegue fazer uma leitura mais profunda de uma obra de arte e parte para a simplificação, tipo o Tonio.
O argumento do Boff é esse: se uma coisa pode ser usada pela direita para reforçar o preconceito, então ela está intrinsecamente errada. Se o humor do Charlie continuasse sem sofrer um atentado, a direita não iria ter a oportunidade de embarcar na onda de comoção e tudo estaria bem.. O Charlie é culpado de ter sido atacado. Se o seu humor fosse mais comportado, nada teria acontecido. De repente, a culpa do terrorismo recai sobre quem o "provocou". Não é mais fácil culpar tão somente o terror por alimentar a direita?

Guilherme Aguiar O vice versa tb é valido.. ou a direita por alimentar o Terror..
Acho que o Boff foi feliz nesta colocação

'Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis ou bombas.'

'Acreditar que as reações de muçulmanos às caricaturas é simples extremismo é dizer que “é só uma piada”. Não é. A reação tem a ver com todo o contexto de discriminação social e econômica, ás humilhações diárias que essa população sofre nos países europeus, à invisibilidade de sua identidade, ao histórico colonial e também com as atuais politicas intervencionistas dos países ocidentais no Oriente Médio e África, que se negam a ouvir as vozes árabes e africanas enquanto financiam grupos extremistas e assassinam populações civis com drones e “democracias”.'

Marco Lisboa Perfeito, Guilherme Aguiar. Esse tipo de raciocínio que se baseia em consequências independentes da vontade quem pratica um ato para condená-lo é incoerente. É semelhante ao raciocínio de quem culpa a mulher que usa roupa provocante por ter sido estuprada. É possível até que haja uma cadeia causal, mas, com certeza, ela não se vestiu para ser estuprada.

Ana Soraya Nascimento Marco, sou contra qualquer reprimenda prévia ou proibição, mas também defendo que pessoas ou grupo de pessoas ofendidas e humilhadas por qualquer publicação possam requisitar rápida reparação e não esperar para ter notinha no rodapé de página com fonte minúsculas, bem como aqueles que sofram calúnia, difamação e outros danos.
Marco, piadinha "inocente" e humor contra negros pode ser engraçado, para quem não é negro, contra o candomblé pode ser engraçado para quem não professa a crença, humor contra mulheres pode ser engraçado para quem não é mulher... Enfim, as pessoas de alguma forma só reforçam algum tipo de preconceito ao outro, até que um dia seja também vítima de algum "humor inocente" alheio. Também acho que a questão é mais complexa e necessita de análise mais vagar.

Marco Lisboa Engraçado, mas será que os muçulmanos "agredidos" pelo Charlie pensaram na possibilidade de processar a revista? Parece que não, né. Será que não está havendo um certo oportunismo ao se colocar o Charlie contra toda comunidade de franceses de religião islâmica?

Ana Soraya Nascimento Marco, sim o Charlie foi processado, mas parece que lá a corte xenófoba deu ganho de causa ao Charlie, o qual após episódio acentuou ainda mais as suas investidas contra os muçulmanos e o islamismo.

Marco Lisboa "O movimento islamita palestino Hamas condenou neste sábado o atentado jihadista contra a revista francesa Charlie Hebdo que matou 12 pessoas. "O Hamas condena as agressões contra a revista Charlie Hebdo e insiste no fato de que a diferença de opiniões e de pensamento não pode justificar a morte", afirma o comunicado oficial escrito em francês."

Boff anda mais radical que o Hamas.

Ana Soraya Nascimento Marco, mas apesar disto que chance este povo tem contra a xenofobia é violência da direita francesa? Assim não posso aprovar qualquer um que jogue mais álcool nesta fogueira.

Marco Lisboa As chances dos franceses de religião islâmica enfrentarem o preconceito e a discriminação ( que são muito reais) passam, primeiro, por se dissociarem totalmente de grupos terroristas. Os próprios fundamentos do estado francês, que em tese, se inspira bastante no iluminismo, podem ser seus aliados. Não devem abrir mão de sua cultura e nem de sua religião, mas é preciso compreenderem que, antes de mais nada, são cidadãos franceses. E a França tem uma enorme herança cultural, que é patrimônio da humanidade. Liberté, Igualité e Fraternité. Que tal começaram exigindo isso? A democracia representativa, até hoje, não vingou nos países islâmicos (com poucas exceções). Ela é um avanço em relação às formas tribais e atrasadas que predominam em boa parte desses países. Quando mais cedo os muçulmanos franceses absorverem essa tradição, melhor para eles. Devem travar a luta no terreno político que está aberto. Elegendo representantes e levando suas reivindicações específicas.

Durante a guerra da Argélia, os intelectuais franceses, Sartre e outros à frente, se colocaram claramente a favor da independência argelina e denunciaram as torturas praticadas pelos franceses. Com certeza, boa parte da sociedade francesa irá se mobilizar em defesa dessa minoria.

Jobel Ferreira Como sempre ocidentais determinando o que é bom ou ruim para outros povos, quanta arrogância, fora a parte de insinuar que somente uma *casta* de quem aqui expõe sua opinião, consegue entender com profundidade o cerne da questão, mas faz parte, alguns pensam ter o monopólio de tudo, até do saber, reconheço sou um matuto, mas é muito diferente de ser burro.

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