Editorial do
jornal de Otavio Frias diz que protestos são a luz no fim do túnel para os que
disputarão a Presidência com a presidente Dilma Rousseff; apresentadora do SBT
Rachel Sheherazade também convocou seus seguidores a participar da "Marcha
da Família", que resgata golpe militar pela "luta contra a tirania do
PT"; para Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, "coalização
bizarra que reúne mídia, extremistas de esquerda e de direita não se dá conta
de que se desmoralizou com a violência nos protestos"
Por Eduardo
Guimarães, do Blog
da Cidadania
Se fosse
necessária mais alguma prova de que no ano em que o golpe militar de 1964
completa 50 anos a situação política no Brasil se parece como nunca com a
daquele período trágico de nossa história, a convocação de uma segunda edição
da infame Marcha da Família com Deus pela Liberdade no mesmo mês em que aquele
golpe aniversaria elimina qualquer dúvida
Como há meio
século, a imprensa brada contra a “incompetência do governo” na gestão da
economia e “contra a corrupção”, porta-vozes da extrema direita reclamam
(abertamente) uma “intervenção militar já”, as ruas são transformadas em praças
de guerra com incêndios e depredações na via pública enquanto manifestantes
portam cartazes e repetem frases insultantes a quem governa o país…
O que tudo
isso faz lembrar a você que viveu os anos de chumbo?
Este ano, em
pleno processo eleitoral, o povo brasileiro estará sob intensa pressão, como há
50 anos. Um grupo diminuto de extremistas políticos reuniu-se em alguma salinha
e decretou que, a despeito de todos os investimentos em um evento de extrema
visibilidade internacional, irá impedir, através da violência, a realização
desse evento.
Manifestantes
prometem atacar delegações de atletas estrangeiros com coquetéis molotov,
prometem sabotar estádios de futebol para deixá-los sem luz durante os jogos da
Copa e garantem que irão impedir as pessoas de se locomoverem pelas cidades-sede
da competição…
O vexame
internacional está sendo buscado com sofreguidão. Desmoralizar o Brasil
tornou-se objeto de desejo de partidos políticos ditos “de esquerda” que,
através do voto popular, não conseguem obter mandatos para implementarem seu
ideário. Dizem, claramente, que querem mostrar ao mundo que não é seguro vir a
este país.
Não obstante a
ideologia “de esquerda” alardeada por esses partidos que estão convulsionando o
país com seu repúdio tardio à Copa – esperaram as obras para o evento estarem
quase todas prontas para começarem a protestar –, agora o movimento deles acaba
de receber um reforço de peso.
Apresentadora
de telejornal da emissora que Silvio Santos ganhou da ditadura militar vem
entoando o mesmo discurso dos “esquerdistas” que acusam o governo Dilma
Rousseff de ser responsável pela histórica situação de penúria dos serviços
públicos no país.
Agora, a
apresentadora Rachel Sheherazade se junta a esses “esquerdistas” no repúdio à
Copa e convoca
seus seguidores a participar de uma “marcha” que também promete protestar
contra o evento no mesmo mês em que o golpe de 1964 completa 50 anos.
A página dessa
“marcha” infame no Facebook diz, claramente, que o protesto, entre outras
coisas, é contra “contratação de médicos cubanos e os gastos para a realização
de grandes eventos esportivos no Brasil”. E qualifica essa “luta” como sendo
“contra a tirania do PT”.
É nesse
contexto que, no segundo dia útil desta semana, o jornal Folha de São Paulo
publica editorial em
que lamenta a perenidade da aprovação e das altas intenções de voto de que
desfruta a presidente Dilma Rousseff, mas lembra que há uma luz no fim do túnel
para os que disputarão com ela a Presidência da República. Leia, abaixo, o
último parágrafo do editorial.
—–
“Incapazes
de entusiasmar o país com um projeto de mudança, os adversários de Dilma terão
de confiar nos embates de campanha e na propaganda eleitoral para conquistar
terreno. Sua maior esperança, porém, reside no clima de instabilidade política
que se vê em todo o país –algo que nenhum candidato controla, mas que afeta
sobretudo aqueles que estão no poder”
—–
A Folha tem
certa razão. A “instabilidade política” de 2013, gerada pelo que chamam de
“jornadas de junho”, prejudicou a todos os que governam, mas foi Dilma quem
mais perdeu. O jornal conta com a repetição do fenômeno.
Qualquer um
que se der ao trabalho de ler o que dizem no Facebook os que querem impedir a
Copa de 2014 na marra, ou seja, sob o bordão “não vai ter Copa”, sabe que
prometem “derrubar Dilma” e até “não reconhecer” o resultado da eleição caso
ela se reeleja. É por isso que Sheherazade e a “Marcha da Família” aderiram ao
“não vai ter Copa”.
Entretanto, a
Folha e o resto da grande mídia oposicionista, os partidos de oposição à
esquerda (?) e os extremistas de direita que pedem golpe militar erram ao
confiar em que, neste ano, a “instabilidade política” vá operar o mesmo que
operou ano passado.
Essa coalizão
bizarra que reúne mídia, extremistas de esquerda e de direita não se dá conta
de que se desmoralizou com a violência nos protestos. Recente pesquisa
Datafolha mostra que esse movimento é cada vez mais repudiado. Mas,
claro, não se sabe que nível de “instabilidade política” essa coalização entre
os extremos do espectro político pode pretender.
Com efeito, se
ameaças como a de atentar contra a vida de delegações estrangeiras forem
levadas a cabo, se a violência dos que protestam contra a Copa causar mais vítimas
fatais, se conseguirem desmoralizar o Brasil internacionalmente, não há dúvida
de que tudo pode acontecer. Isso em um momento em que os brasileiros desfrutam
de emprego farto, salários altos como nunca e forte queda da pobreza e da
desigualdade.
Do ponto de
vista político, portanto, o Brasil mudou muito pouco em meio século, não?
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