Em artigo
especial para o 247, Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, disseca o
movimento que começa a ganhar força na mídia conservadora, para transformar num
fiasco o Mundial de 2014; "haveria ganhadores com o fracasso da Copa, sim:
os políticos sem votos que veem nessas manifestações a única possibilidade de
vencerem a eleição presidencial contra a forte candidatura de Dilma Rousseff à
reeleição", diz ele; leia a íntegra
Por Eduardo
Guimarães, exclusivo para o Brasil 247
Devo confessar
que não gosto de futebol – o que, no Brasil, chega a ser uma heresia. Ainda
assim, apesar de ser exceção, não tenho um time de preferência, não torço por
nenhum, não entendo as tabelas, as regras etc., pois nunca me interessei por
entender.
O tempo, o
dinheiro e a energia que este povo gasta com o futebol deveriam ser melhor
empregados. Mas um fato é inquestionável: os brasileiros, sobretudo os mais
humildes, encontram nesse esporte um alento para a dura vida que levam.
Sediar eventos
internacionais da importância de uma Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos,
porém, é outra coisa. Tais eventos podem projetar um país ao poderem mostrar
sua capacidade de organização e de execução de projetos.
Todavia, tais
eventos também podem desmoralizar internacionalmente um país se este, ao
organizá-los, vier a colher um fracasso organizacional.
O prejuízo de
imagem a um país que fracassa na organização de um evento internacional da
importância de uma Copa do Mundo, ao contrário do que muitos possam pensar não
fica para o governo responsável por tal organização, mas para esse país.
Governos
passam, países ficam. Se o movimento “Não vai ter Copa” triunfar, no futuro
quem ficará conhecido mundialmente pelo fracasso do evento não serão Lula,
Dilma Rousseff ou o PT, mas o Brasil.
Este país,
nesse caso, ficaria marcado para sempre pela incapacidade de organizar eventos
internacionais. Será considerado um país selvagem, impróprio para o turismo,
incapaz de levar à frente um projeto que tantas nações já conseguiram fazer
vingar.
O que o Brasil
vai ganhar sabotando sua própria imagem diante do mundo? Nada.
Os
investimentos na Copa já foram feitos e não serão desfeitos por nenhuma
gritaria. Só o que deixará de ocorrer, se esse movimento aloprado vingar, será
a recompensa nacional pelos investimentos feitos – recompensas de imagem e
financeira.
Quem ganha com
a sabotagem do evento? O povo é que não vai ganhar nada.
Além da dor
que a massacrante maioria de brasileiros que ama o futebol sentirá diante de
uma derrota da Seleção forjada no previsível estado psicológico de abatimento
da equipe diante dos protestos, haverá o prejuízo econômico e imagético do
país.
Mas haveria
ganhadores com o fracasso da Copa, sim: os políticos sem votos que veem nessas
manifestações a única possibilidade de vencerem a eleição presidencial contra a
forte candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.
Você, cidadão
comum, ficaria com a desmoralização internacional de seu país, com a provável
piora de sua vida que um baque na economia causado por essa desmoralização iria
gerar – o que colocaria em risco até seu emprego, seus negócios etc.
Ao longo da
última década, você passou a ganhar salário mais alto, seus filhos conseguiram
ingressar mais facilmente no mercado de trabalho, a pobreza no país despencou.
Com tais eventos internacionais, o Brasil mostrará ao mundo que chegou a sua
hora.
Mas você pode
arriscar tudo isso para que políticos espertalhões – e sem votos – cheguem ao
poder graças a uma farsa, a de que o país investiu na Copa dinheiro que seria
destinado a saúde, educação etc.
Sim, uma
farsa. O dinheiro público investido na Copa é uma fração do total dos
investimentos. A quase totalidade desses recursos é privada. E tais
investimentos, públicos ou privados, serão pagos pelo lucro com turismo e com
maior atividade econômica decorrentes do evento.
A pergunta que
fica, portanto, é muito simples: o que, de fato, o Brasil ganhará com a
sabotagem da Copa do mundo, agora encampada por 9 entre 10 colunistas e
editorialistas dessa grande mídia de oposição ao governo federal?
Se você não se
fez essa pergunta, está na hora de fazer. Se não conseguir respondê-la e se não
encontrar uma resposta clara, sua obrigação, como cidadão brasileiro, será
combater esse movimento aloprado, sem pé, cabeça ou juízo.
Do Brasil 247
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