Brasil
produziu 115 longas no ano; "Serra Pelada" e "Flores Raras"
foram às decepções.
Dos 20 filmes
mais vistos nos cinemas brasileiros até novembro de 2013, apenas três são
“produto nacional”, e todos são comédias. E, entre os dez mais bem-sucedidos,
apenas um foi feito por aqui. Superproduções como "Serra Pelada", de
Heitor Dhalia, e "Flores Raras", de Bruno Barreto, decepcionaram nas
bilheterias.
Ainda assim, o
mercado de cinema nacional foi bem em 2013. Segundo dados da Ancine (Agência
Nacional do Cinema), 115 filmes brasileiros foram lançados no ano, com público
de 25 milhões de pessoas (em 2012, foram 83 títulos e 15,5 milhões de
pagantes).
A comparação
com 2012 também é favorável em relação ao faturamento: neste ano, os filmes
nacionais geraram R$ 256 milhões em bilheteria (apenas até novembro), contra R$
157 milhões no ano anterior.
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Mas há algumas
contradições. Ainda que o “share” (a participação) dos filmes brasileiros entre
todos os que estreiam esteja aumentando (em 2013 a previsão é que fique por
volta de 18%), poucas produções nacionais ultrapassaram a marca de 1 milhão de
espectadores. Existiria, então, uma fórmula do sucesso para nossos filmes?
Dirigido por
Andre Pellenz, “Minha
Mãe É uma Peça” é baseado no espetáculo de mesmo nome, grande sucesso
nos teatros com o ator Paulo Gustavo. Lançada em junho, a comédia levou mais de
4,6 milhões de pessoas às salas de cinema. Figura em terceiro lugar na lista
geral (atrás de "Homem
de Ferro 3" e "Meu
Malvado Favorito 2"), mas é a única produção nacional entre as dez
mais vistas.
“Está mais do
que comprovado que não existe fórmula (para um filme fazer sucesso)”, afirma
Pellenz. “O que existe é o talento, a experiência e a intuição de diretores,
produtores e atores, além de um lançamento benfeito e uma dose de sorte. E
mesmo com isso tudo é impossível prever a reação do público”, diz o diretor,
cujo filme teve um orçamento de cerca de R$ 5,5 milhões e rendeu quase dez
vezes esse valor.
Dos três
brasileiros mais vistos no ano, porém, apenas “Minha Mãe...” ultrapassou a
marca dos 4 milhões de espectadores (o recordista histórico, “Tropa de Elite
2”, foi visto por quase 11 milhões em 2010). Os outros dois, “Vai
que Dá Certo”, de Maurício Farias, e “Meu
Passado me Condena”, de Julia Rezende, atraíram 2,8 milhões e 2,5 milhões
de pessoas aos cinemas, respectivamente.
Levando em
conta que o “share” de filmes brasileiros entre todos os títulos que terão
estreado até o fim do ano ficará por volta de 18%, e que do total 15% correspondem
apenas aos 15 filmes brasileiros mais vistos, terão sobrado 3% de espaço em
salas de cinema para os outros 100 filmes brasileiros lançados no ano.
"Serra
Pelada" e "Flores Raras": decepções
A
supreproduçaõ "Serra
Pelada", do pernambucano Heitor Dhalia, levou pouco menos de 400 mil
pessoas aos cinemas com seu quinto longa, orçado em aproximadamente R$ 11
milhões e lançado no dia 18 de outubro.
“Não fiquei
decepcionado porque fiz o filme que eu queria fazer, mas ele merecia ter tido
muito mais público. Teve ótimas críticas e foi bem recebido, mas por seu
tamanho e pelo grau de comunicação que estabeleceu com quem viu, poderia ter
ido muito melhor”, afirma.
Caso parecido
é o de “Flores
Raras”, de Bruno Barreto, provavelmente um dos longas mais esperados do ano
e que trouxe Glória Pires na pele da arquiteta Lota de Macedo Soares, que viveu
ao lado da poeta Elizabeth Bishop nas décadas de 1950 e 1960, no Rio de
Janeiro.
Orçado em
aproximadamente R$ 13 milhões, um valor alto no Brasil (mas pequeno se
comparado ao cinema norte-americano), o longa estreou em 16 de agosto e, até o
fim de novembro, tinha um público de 278 mil pessoas.
O segundo
lançamento de Barreto no ano, porém, está se saindo melhor. Estrelado pelo
mordomo gay Crodoaldo, personagem da novela "Fina Estampa", "Crô
- O Filme" fez 330 mil espectadores apenas no fim de semana de
estreia, e deve fechar a primeira semana de exibição com cerca de 600 mil
pagantes. O filme custou R$ 3,2 milhões.
"Financeiramente,
a gigantesca maioria dos filmes, como são concebidos a partir de leis de
incentivo e editais de captação, já são lançados com as contas supostamente
zeradas, tipo “o que vier é lucro”, diz o crítico de cinema Christian
Petermann. "Por isso (o filme) 'se justifica' e alguns produtores nem se
importam muito com esses lançamentos quase fantasma que muitos filmes
têm."
Para Dhalia,
são vários os fatores que têm feito com que um filme “modesto” seja um sucesso
de público e, outras vezes, que grandes produções decepcionem nos números.
“O sistema de
distribuição brasileiro mudou porque o Brasil virou um mercado grande de
cinema, de fato. Existe também esse fenômeno da ‘multiprogramação’, onde um
filme fica muito menos tempo em cartaz e muitas salas exibem mais de um título.
Além disso, o número de lançamentos é muito maior, talvez por conta do mercado
digital.”
Dhalia também
é a favor do aumento da “cota de tela” no Brasil (em 2013, ficou estabelecida
em 7,6%, ou 28 dias por sala de exibição destinados a produções nacionais),
para ele “uma maneira de (o país) defender sua indústria, assim como faz com
produtos agrícolas, eletrônicos, carros, com tudo”.
Já Pellenz, o
“rei de público” no Brasil em 2013, lista alguns motivos que podem influir na
tal “fórmula do sucesso” – ou do fracasso:
“São muitos
fatores: faltam salas de cinema, o lançamento custa uma fortuna no Brasil e
muitos bons títulos não chegam ao grande público. Há, porém, duas coisas que
não digo: o clichê ‘só comédia dá certo’, pois vários lançamentos deste gênero
tiveram fraco desempenho e o recordista ‘Tropa de Elite 2’ não tem nada de
engraçado, e nunca culpo o público. Este, sinto muito para alguns, sempre tem
razão”.
Via Ultimo Segundo.
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