segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Briga entre torcedores do Furacão e cruz-maltinos protagonizaram cenas de selvageria

Segundo delegado, análise das imagens permitiu facilmente a identificação, e detidos serão levados para o presídio da Regional de Joinville.

Leone Mendes da Silva, 23 anos, bateu em atleticano com porrete e acabou detido (Foto: Raphael Zarko)
Blog Dag Vulpi - Detidos na Arena Joinville, três vascaínos que participaram da briga no primeiro tempo de Atlético-PR e Vasco foram encaminhados à Central de Polícia de Joinville e serão indiciados por tentativa de homicídio, segundo o delegado de plantão Douglas Cique. De acordo com os policiais, entre eles está Leone Mendes da Silva, de 23 anos, identificado dando pancada num torcedor do Atlético-PR com um porrete que tinha um parafuso na ponta. Ele, mais Jonathan Santos, de 29 anos, e Arthur Barcelos Lima Ferreira, de 26 anos, estão sob custódia da Polícia Militar catarinense e serão levados até a manhã desta segunda-feira para o presídio da Regional de Joinville.

Os vascaínos ainda vão ser indiciados também por associação criminosa e, um deles (Arthur) por furto. Além disso, serão indiciados por crime ao patrimônio público, por terem quebrado o estádio, e ainda respondem pelo Estatuto do Torcedor por incitação à violência. 

- Os três foram identificados facilmente pelas fotos que estamos analisando. E não vamos parar por aí. Ainda vamos tentar identificar torcedores dos dois clubes que promoveram essa briga - disse o delegado.

Arthur foi detido por furto de carteira de outros torcedores durante a briga. Do trio de detidos, dois foram pegos quando saíam do estádio. O terceiro foi preso dentro do banheiro do ônibus da torcida organizada.

A briga entre torcedores na arquibancada da Arena Joinville paralisou o jogo entre Atlético-PR e Vasco aos 17 minutos do primeiro tempo, quando os paranaenses venciam por 1 a 0, na tarde deste domingo. Depois de uma hora e dez minutos, em que dirigentes e autoridades discutiram que rumo tomar, a partida voltou a ser disputada.

Um grupo do Furacão e outro de cruz-maltinos protagonizaram cenas de selvageria, com trocas de socos e pontapés. A polícia demorou a agir e, somente depois de alguns minutos do início da confusão, alguns oficiais apareceram para conter o tumulto. Quatro pessoas removidas pela equipe médica foram levadas para o Hospital São José, em Joinville. Eles foram identificados como Estevão Viana, 24 anos; William Batista, 19 anos; Gabriel Ferreira Vitael, 29 anos; e Diogo Cordeiro da Costa Ferreira, 29 anos. Estevão e William são paranaenses, enquanto Gabriel e Diogo são cariocas.

Sentado no chão, outro vascaíno aguarda na delegacia (Foto: Raphael Zarko)
De acordo com o assessor de imprensa da unidade, Guilherme Duarte, os pacientes Estevão, Willian, e Gabriel inspiram mais cuidados, e estão passando por exames clínicos e neurológicos. Segundo a direção do Hospital São José, Willian Batista é o que está em pior estado e passa por uma tomografia para ter uma avaliação mais minuciosa. Ele apresenta traumatismo craniano encefálico, está sonolento, mas deve ser liberado. Nenhum dos torcedores está em coma nem tem risco de morte. Diogo Cordeiro, inclusive, já recebeu alta. Ele deixou a unidade e pegou um táxi sem falar com a imprensa. Os outros três estão em observação e devem ser liberados até segunda-feira pela manhã.

Porta-voz da Polícia Militar no caso, o policial Adilson Moreira explicou que não havia ninguém fardado na separação da arquibancada porque a responsabilidade era de uma empresa contratada pelo mandante. A PM, a princípio, apenas agia do lado de fora da Arena.

- É um evento privado, e a segurança era de responsabilidade de uma empresa privada contratada pelo Atlético-PR. Tudo vai ser analisado em razão das imagens. A Polícia Militar tinha que fazer o policiamento na parte externa do estádio, como está fazendo - afirmou Adilson. 

As cenas foram fortes, com torcedores levando pisões na cabeça e caídos desacordados nos degraus das arquibancadas. Muitos vascaínos, acuados, pularam no campo para escapar. Um helicóptero pousou no gramado para resgatar os feridos no incidente, minutos depois.

Durante a briga, jogadores dos times se encaminharam para perto da arquibancada para pedir que os torcedores parassem com a briga, que cresceu e tomou proporções impressionantes. Aos prantos, Luiz Alberto parecia não acreditar no que assistia e clamava pela paz.

- A gente estava tentando tirar os torcedores do Atlético. Estávamos vendo o rapaz deitado, tomando chute, levando golpe de madeira. É um ser humano. Isso precisa parar. A gente pedia para eles pararem, e eles não nos escutavam - afirmou o zagueiro do Furacão.

O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, e o vice geral Antônio Peralta se mostraram contrários à continuação da partida.

- Falei com o delegado do jogo e com a Polícia Militar. Se continuar o jogo e acontecer alguma coisa, os responsáveis são eles. Não estão respeitando o que é mais importante: vidas. Não é o rebaixamento nem nada. Não estamos pensando em Primeira ou Segunda Divisão. Estamos pensando em vidas - afirmou Dinamite.

A situação mexeu com todos os envolvidos na partida. Wendel falou em desastre. 

- Tristes esses confrontos, não tenho palavras. Deu para ver uma pessoa no chão, não sei o que aconteceu. Mais um desastre no nosso futebol brasileiro. Vem ano de Copa do Mundo, ano em que o Brasil vai ser visto pelo mundo todo. É difícil pensar em tirar o time do rebaixamento, e espero que não tenha acontecido o pior. Por isso que a gente vem tentando criar esse Bom Senso FC. A gente quer organizar um pouco mais - afirmou o volante vascaíno.

A principal torcida organizada do Atlético-PR publicou em seu site, durante a semana, que não venderia ingressos para mulheres e menores de idade, "devido ao alto risco de confrontos na estrada, em consequência do grande número de torcedores de clubes rivais que estarão se deslocando para os jogos da última rodada".

Atleticanos massacram um torcedor vascaíno na arquibancada (Foto: Geraldo Bubniak / Agência Estado)
Saindo do centro, grupo de atleticanos avançou até a parte destinada aos vascaínos, atrás do gol (Foto: Raphael Zarko)
Do Globo.com

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