Por Murilo
Rodrigues Alves e Andreza Matais - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
- Com aposentadoria mensal de cerca de R$ 25 mil, a vida do ex-diretor do
Banco do Brasil (BB), Henrique Pizzolato, está longe de ser franciscana. Esse
valor, convertido para a moeda utilizada na Itália, onde está foragido, chega a
8 mil euros. Bem acima da média salarial daquele país, de 815 euros, o que irá
lhe garantir uma vida bem acima dos padrões europeus, após a crise financeira
internacional, segundo pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
divulgada no ano passado.
A assessoria
de imprensa da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, informou que a
instituição continuará creditando a aposentadoria na conta pessoal de Pizzolato
e não a transferirá para outra instituição financeira em outro país, a não ser
que haja determinação judicial para isso. No entendimento do Ministério
Público, não é possível cassar o benefício do ex-servidor por ser de caráter
privado. O que pode ocorrer é indisponibilidade dos bens para garantir o
pagamento da multa aplicada juntamente com a restrição à liberdade.
Pizzolato foi
o único da lista dos 12 primeiros mandados de prisão expedidos pelos Supremo
Tribunal Federal (STF) que ainda não se entregou. Ele teria saído do Brasil há
cerca de 45 dias pela fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai e
aproveitado a cidadania italiana para fugir àquele país.
O ex-diretor
do BB foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão
por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os ministros STF também
estipularam o pagamento de multa de R$ 1,272 milhão. A pena foi imposta porque,
segundo a acusação, ele teria antecipado o pagamento de R$ 73 milhões do fundo
Visanet para a agência de Marcos Valério. Em troca, teria recebido R$ 336 mil
de propina.
Amigos do
ex-diretor do BB têm afirmado que ele enfrenta atualmente problemas financeiros
devido aos altos custos dos advogados que o defenderam no processo. Ele estaria
tendo dificuldades até para manter o apartamento em que morava no Rio, em
Copacabana. A revista "Veja" informou que Pizzolato e a mulher Andréa
moravam numa cobertura com piscina, churrasqueira, vista para o Cristo Redentor
e o Pão de Açúcar.
Além da alta
aposentadoria, o ex-diretor tem quatro imóveis, sendo dois no Rio, um num
bairro nobre de Florianópolis (SC) e outro em São Paulo. O PT também teria pago
parte das despesas com a defesa dos acusados no mensalão. "As prestações
de contas do PT são públicas, estando à disposição dos interessados no TSE
", afirmou, em nota, o tesoureiro do PT, João Vaccari.
Na carta
divulgada após a informação de que teria fugido para a Itália, o ex-diretor
disse que tem uma vida "moldada pelo princípio da solidariedade que
aprendi muito jovem quando convivi com os franciscanos". Ele nega as
acusações e afirma que pedirá um novo julgamento na Itália.
Pizzolato
conseguiu se aposentar em 2005 no auge das denúncias do mensalão com o salário
de diretor mesmo não tendo trabalhado três anos nessa função. No entanto, foi
beneficiado porque antes atuava como diretor na Previ. Quando se aposentou,
após trabalhar mais de 30 anos no banco, o salário de diretor do BB era de
quase R$ 19 mil, que foram reajustados pela variação do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC).
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