Por Marco Lisboa
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Há um tipo de
argumento que apela para a extrema necessidade da população do interior
brasileiro para justificar qualquer política de saúde demagógica. Para quem
nunca teve um médico, não vai ser ótimo ter um, mesmo que sem os mínimos
recursos e falando mal a nossa língua? É claro que sim. Os militantes do PC do
B que foram para o Araguaia, praticaram a medicina e salvaram vidas. Havia um
médico, alguns estudantes de medicina que não terminaram o curso e algumas
enfermeiras. Eles faziam curetagens, extraiam dentes, receitavam, enfim,
quebravam o galho. Beleza.
Mas estamos falando de políticas públicas. O argumento da extrema necessidade serve para tudo. Se o governo não atende as necessidades básicas das favelas, o traficante arruma emprego, ajuda alguns, estabelece a ordem, cria um governo paralelo. Então, vamos fazer acordo com o tráfico? É claro que uma política de urbanização e de inserção dos moradores no mercado de trabalho só vai dar frutos com o tempo. Não é possível conseguir resultados imediatos.
A vinda dos médicos vai configurar trabalho escravo, exercício ilegal da medicina e não vai tocar na falência do SUS. É a famosa gambiarra. Com uma motivação imediatista e eleitoreira. Imaginem se Dona Dilma não se reelege ou se os cubanos derrubam o regime. Onde mais nós iremos conseguir médicos baratos, acostumados há ganhar muito pouco e com experiência de cuidar de populações carentes? Outro efeito imediato da medida vai ser afugentar de vez os médicos brasileiros. Não dá para competir com os cubanos. Eles não se queixam de salário, de condições de trabalho, de nada. Este nicho vai ficar para sempre em suas mãos. Na Venezuela são 40.000, para uma população muito menor do que a brasileira.
Se isso for uma política pública para saúde, então a minha avó é o prédio do ministério da fazenda.
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