A Rosa e o Sérgio guardam nos álbuns registros de uma vida inteira juntos. Mas em casas separadas. E separadas por quê? Só eles podem explicar.
Rosa Maria Martins, professora: eu sempre gostei de viajar, de dirigir sozinha, de ir pra festas e queria continuar a vida assim.
Globo Repórter: mas pensava em ter um parceiro?
Rosa: que me acompanhasse sim, se fosse um parceiro que me tolhesse aí não, aí eu preferia estar sozinha como eu estive muitas vezes.
“Se você for raciocinar em termos de tempo, em 7 dias da semana, 2, 3 separados quando muito, né?”, revela Sérgio Alexandre Aboud, economiário aposentado.
Bom, vamos matar a curiosidade e ver como se organizaram para viver assim. Do jeito deles. Primeiro, na casa da Rosa. Na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. No bar, estão as bebidas que os dois gostam.
Na cozinha, dá para ver que a geladeira não é pra uma pessoa sozinha não.
Sérgio: mantimentos pra duas pessoas. Nós acertamos a parceria. Quando sobrar muito e faltar no Leme, ela leva.
Leva para o apartamento dele. Ainda no dela, a Rosa mostra as poucas peças que o Sérgio tem no armário. Em compensação, ela leva pra casa dele uma mala cheia de roupas. E nos confessa: essa fórmula diferente de casamento evita os desgastes do dia a dia.
“Eu não suporto assim. não sei nem se devia falar. Aquela confusão, eu acho meio zoneado aquele apartamento. Então tem muita coisa, muito papel, muita coisa, muito livro, muito disco, recortes de jornais e eu não consigo conviver muito bem com essa confusão”, diz Rosa.
Dias depois, o Globo Repórter pega uma carona pra conhecer o apartamento do Sérgio. E lá vai a Rosa com sua fiel companheira, a mala.
São 33 quilômetros de distância da Barra da Tijuca ao Leme, bairro da Zona Sul carioca.
Zileide Silva: até quero ver como vai esta o apartamento dele hoje.
Rosa: uma gracinha, tudo arrumadinho.
Globo Repórter: típico de homem. vai receber visita arruma tudinho
Rosa: tudinho, mas eu ajudei.
O flagrante da bagunça está ameaçado.
“Apesar de estar cada um na sua casa, a gente é bem companheiro, a gente tá sempre junto. É uma família”, revela Rosa.
Tudo muito arrumadinho: como a gente já previa. Ou quase tudo. Porque o escritório.
Zileide Silva: Sergio, desculpe, mas eu sou obrigada a concordar com a Rosa. Isso aqui está meio zoneado. Desculpe.
Sergio: eu também reconheço. Há pouco tempo que eu estou aposentado e resolvi botar a casa em ordem.
Pelo estado do escritório, vai demorar. É melhor a Rosa esperar sentadinha.
Enquanto isso, nós pedimos para que os dois juntassem as contas do mês e somassem o que gastam. Por incrível que pareça, um exercício que eles nunca tinham feito.
Viver em casas separadas pesa e muito no orçamento domestico. É tudo em dobro: condomínio, IPTU, luz água telefone, internet, gasolina, faxineira, supermercado, enfim, é conta que não acaba. Cada um gasta, em média, R$ 3 mil por mês, R$ 36 mil por ano. Juntos, são R$ 72 mil.
Rosa: mas vale a pena
Sérgio: vale. Esse reapaixonamento semanal. Não tem preço.
Rosa: a saudade que a gente tem.
Sérgio: o tempinho que nos temos pra nós mesmos, cada um conversar com si.
Se é assim que eles pensam, vida longa a esse casamento com tudo o que o namoro tem de bom.
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Dag Vulpi