O mercado de capitais brasileiro iniciou a semana com patamares bastante elevados de volatilidade, tanto devido ao exercício de opções como pela expectativa em torno do pronunciamento do presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, que pode mostrar sinais mais claros quanto ao início do ciclo de cortes de estímulos econômicos no país. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) encerrou a segunda-feira (19) em alta de 0,07%, aos 51.574 pontos e com um volume negociado de R$ 12,486 bilhões, R$ 4,02 bilhões relacionados ao exercício de opções. Enquanto a bolsa acumula 6,92% de alta no mês, a perda anual chega a 15,39%.
O comportamento do câmbio influenciou o ritmo de negociação das ações, em especial dos segmentos que atuam com exportação, como siderurgia (CSN e Usiminas, entre eles) e papel e celulose (Fibria, Klabin e Suzano Papel e Celulose), além das ações da Vale – embora os papéis da mineradora tenham sentido os efeitos do exercício de opções. “O dólar influencia alguns papéis, e, no caso da siderurgia, teve reajuste de preços, o que afetou algumas empresas”, explica Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. “Ao acabar o vencimento, o Ibovespa começou a perder força”. Por conta da agenda mais vazia em termos de eventos e à espera da ata da autoridade monetária norte-americana, os investidores preferiram adotar uma postura mais defensiva.
Por outro lado, a cotação do dólar encerrou o dia em seu maior patamar desde 2 de março de 2009. Segundo o serviço Broadcast, da Agência Estado, a moeda fechou em alta de 0,92%, cotada a R$ 2,4140. A cotação chegou a perder um pouco de força na parte da manhã, após o Banco Central realizar dois leilões de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), envolvendo 40 mil contratos, com duas datas de vencimento. Para 1º de novembro deste ano, foram negociados 26,3 mil contratos, no total de US$ 1,311 bilhão. Para 1º de abril de 2014, foram 13,7 mil contratos negociados, no valor total de US$ 676,4 milhões.
Contudo, a desconfiança quanto à condução da política monetária brasileira e a incerteza quanto ao setor externo levou a moeda a retomar o ritmo de alta, chegando a subir 1,42%, a R$ 2,4260. Na reta final do dia, o BC voltou a intervir no mercado com um novo leilão de swap cambial – no qual foram vendidos 12.550 contratos (US$ 627,9 milhões) dos 40 mil ofertados – e o anúncio de um leilão de linha, que envolve a venda de dólares com compromisso de recompra. Na visão de um operador de mercado, a especulação acabou por puxar o ritmo da moeda norte-americana. “Com o Banco Central vendo que os leilões de swap não estavam adiantando, entrou com um leilão de linha para ver se continha a alta. Claro que a ideia é em cima do que está ocorrendo nos Estados Unidos, mas acredito que seja um movimento mais especulativo”.
A semana será de agenda puxada, principalmente no exterior. Nesta terça-feira (20), a China vai divulgar seus dados de atividade econômica, que vão influenciar o pregão de quarta-feira (21), quando será divulgada a ata do FOMC (Federal Open Market Committe, equivalente ao Copom), e Bernanke fará um pronunciamento que será acompanhado pelo mercado, além do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – 15) no Brasil.
Na quinta-feira (22), o foco se voltará para a Europa, com a publicação de números relacionados ao clima econômico e ao setor de serviços na zona do euro. Também é preciso atenção com o pronunciamento de Richard Fisher, presidente do Federal Reserve de Dallas, embora ele não tenha poder de voto no colegiado norte-americano. “Após a temporada de balanços, a agenda econômica ganha corpo, e as bolsas lá fora estão no alvo. Os mercados americanos estão em vias de realizar lucros e a bolsa aqui continua muito volátil. Vamos ver se [a Bovespa] consegue descolar lá de fora, mas tivemos muitos pregões consecutivos de alta”, diz Galdi. do Jornal GGN
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