Manifestação
teve apoio de profissionais da saúde, que também pediram o veto ao chamado
"ato médico"
Manifestação
teve apoio de profissionais da saúde, que também pediram o veto ao chamado
"ato médico"
Ao
menos 4 mil manifestantes participaram, na noite desta sexta-feira, de um
protesto pacífico para pedir a derrubada do projeto de lei que ficou conhecido
como "cura gay", proposta que autoriza aos psicólogos a promover
tratamentos com o objetivo de "curar" a homossexualidade, e foi
aprovada na última terça-feira pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados, presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP). O texto ainda
precisa passar por duas comissões da Câmara antes de ser votada em plenário,
mas o avanço do projeto preocupou militantes LGBT (lébicas, gays, bissexuais e
transgêneros), que convocaram a passeata para pedir a saída de Feliciano da
presidência da comissão.
"Nós
não somos doentes. Nós não precisamos de tratamento. Nós somos felizes. Quem é
doente, quem precisa de tratamento, é o deputado Feliciano", criticou
Agripino Magalhães, 32 anos, militante homossexual e um dos organizadores do
protesto.
Promovido
pelas redes sociais, o protesto teve o apoio de profissionais da saúde que se
uniram aos ativistas contra o que chamaram de "ingerência do Poder
Legistativo" sobre o setor. Psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas,
enfermeiros e outros profissionais também se mobilizaram para pedir
que a presidente Dilma Rousseff (PT) vete o chamado "ato médico",
projeto de lei aprovado pelo Senado também na última terça que dá apenas a
médicos o poder sobre certos atos que envolvem outras categorias.
"É
uma ingerência do Legislativo tentar inferir qualquer proposta sobre a nossa
profissão. Nós temos que ter autonomia, não cabe à Câmara criar propostas como
essa", defendeu o psicólogo Sérgio Garcia, 33 anos, do Movimento Cuidar da
Profissão.
"Esse
projeto (da 'cura gay') causa impactos sérios sobre a psicologia. Por outro
lado, o ato médico traz consequências tanto para os profissionais da saúde e,
principalmente, para a população que depende do SUS (Sistema Único de Saúde). É
uma proposta absurda que cria uma reserva de mercado para os médicos. Se a
Dilma não vetar, a saúde vai parar", completou o acumpunturista Yoichi
Takase, 37 anos, ao explicar o porquê da união das duas causas em uma só
manifestação.
Passeatas
Apesar do apoio mútuo, os manifestantes contrários à "cura gay" e ao ato médico marcharam em duas passeatas. Vestidos de branco e com nariz de palhaço, profissionais da saúde caminharam pela rua da Consolação e avenida Paulista carregando cartazes com a frase "Veta Dilma".
Apesar do apoio mútuo, os manifestantes contrários à "cura gay" e ao ato médico marcharam em duas passeatas. Vestidos de branco e com nariz de palhaço, profissionais da saúde caminharam pela rua da Consolação e avenida Paulista carregando cartazes com a frase "Veta Dilma".
Já
os manifestantes LGBT - cerca de 4 mil pessoas, segundo a Guarda Civil
Metropolitana - repetiram o trajeto, gritando frases de ordem como
"Feliciano sua hora já chegou"; "o povo tá na rua; a gente
não tem cura"' e "vem pra rua sem preconceito".
A
manifestação ocorreu de forma pacifica e reuniu famílias, como a de Fabiana
Pires e Fabiana Oliveira, que levaram a filha Gabriela, de 10 anos, para a
passeata. A criança carregava um cartaz escrito: "minhas mães não precisam
de cura".
"É
a primeira vez que ela vem com a gente para uma manifestação. Queríamos que ela
soubesse que não é um problema ser diferente. Nós e todos aqui somos
felizes", disse Fabiana Oliveira.
Terra
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