Mulheres contaram à
polícia que pastor comandava orgias, mantinha médico particular para realizar
abortos e, ao fim dos abusos, ordenava que os participantes pedissem perdão uns
aos outros
Os depoimentos
das vítimas que acusam o pastor Marcos Pereira de estupro indicam que o líder
da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) promovia orgias e abusos sexuais
como se estivesse salvando as pessoas de espíritos do mal. As violações
aconteciam na sede da igreja, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e
em uma residência da ADUD, onde moravam cerca de 30 seguidoras da seita. Uma
das vítimas, que contou ter sido violentada pelo pastor dos 14 aos 22 anos de
idade, disse que ao se tornar seguidora do pastor Marcos Pereira e começar a
usar o “roupão” típico dos fiéis foi muito criticada pela família. Ao ouvir o
pastor afirmar que as críticas “eram influência do diabo”, a jovem deixou a
casa dos pais e se mudou para a residência da assembleia.
De acordo com
o depoimento, prestado no dia 15 de abril de 2013, antes dos estupros o pastor
afirmou que estava “vendo um espírito lésbico” na jovem. Depois de algumas
conversas, começaram os abusos. Segundo a vítima, Marcos passou “a trazer
outros membros da ADUD para participar dos atos sexuais”. Em uma das vezes, um
“garoto de programa” participou da orgia, contou ela. Segundo a vítima, o líder
da Assembleia de Deus dos últimos Dias “tinha sempre predileção por sexo anal”.
Medo – Marcos Pereira
acreditava na impunidade e beneficiava-se do mesmo mecanismo que permite a
estupradores contumazes manter a rotina de abuso contra suas vítimas: o medo. A
jovem conta em seu depoimento que resolveu denunciar o pastor depois que se
casou. Ao saber do relacionamento da jovem com um rapaz, Marcos Pereira tentou
separar o casal e chegou a afirmar que os filhos dos dois “nasceriam
defeituosos”.
Outra vítima
relatou sequência de abusos cometidos pelo pastor entre 2009 e 2010. Em
depoimento prestado no dia 17 de abril de 2013, ela diz que “era forçada a
praticar sexo oral e tocar nas partes íntimas” do pastor. Em uma das vezes,
conta ela, o líder da ADUD tentou fazer sexo anal, mas não conseguiu. Depois
disso, “exigiu que fosse feito sexo oral. Não consegui reagir. Estava
aterrorizada”, disse.
Marcos Pereira
era figura conhecida no Rio por “salvar” pessoas condenadas pelo tribunal do
tráfico e por regenerar criminosos. O medo que as vítimas tinham do pastor,
segundo o delegado Márcio Mendonça, evitava que elas o denunciassem. Durante o
depoimento, a jovem que foi violentada por oito anos disse que precisou de
“muito tempo para ter coragem de denunciar o pastor”. “Temia que acontecesse
algo ruim com a minha família. Todos os membros da Igreja têm pelo pastor
Marcos um temor reverencial por ele ser o líder espiritual de todos”, afirmou.
Salvação – Outra mulher que
denunciou o pastor em março de 2012 disse que Marcos Pereira afirmou que ela
precisava de um “conserto espiritual”. No depoimento prestado à polícia, ela
conta que o pastor a “encurralava, pegava sua mão e a passava no seu pênis”.
Ela contou ainda que viu Marcos Pereira fazendo sexo com outras internas. Com o
tempo, ela passou a permitir os abusos porque "entendeu" que tinha de
deixar o pastor abusar dele para que “não pecasse com mulheres do mundo
exterior”.
As informações são da Veja
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