A igreja
pertence ao pastor Marcos Pereira, preso na noite da última terça-feira pela
acusação de abuso sexual de duas fiéis
Marcos
Pereira (esq.) com o pastor e deputado Marco
Feliciano (PSC-SP), que preside a
Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, durante culto na igreja
Foto:
Divulgação
|
A polícia
investiga pelo menos 20 estupros ocorridos dentro da Igreja Assembleia de Deus
dos Últimos Dias, do pastor Marcos Pereira, preso na noite da última
terça-feira, pela acusação de abuso sexual de duas fiéis no Rio de Janeiro.
Segundo o delegado Marcio Mendonça, titular da Delegacia Especial de Combate às
Drogas (DCOD), há provas da ocorrência de seis estupros, e vários crimes
semelhantes podem ter ocorrido, inclusive contra crianças e adolescentes. Os
estupros aconteciam, principalmente, na sede da igreja, em São João de Meriti,
na Baixada Fluminense. Há também relatos de orgias e abusos sexuais tanto na
igreja, quanto no apartamento apontado pela polícia como residência do pastor,
situado na avenida Atlântica, em Copacabana, um dos endereços mais nobres do
Rio. Segundo a investigação, o imóvel está avaliado em R$ 8 milhões.
O delegado
ressaltou que Pereira tinha um grande poder de convencimento, e que muitas
fiéis eram iludidas pelo discurso do pastor. Baseado nisso, ele se aproveitava
sexualmente das pessoas, segundo a polícia. Em alguns momentos, no entanto, o
pastor utilizava a violência para conseguir o que queria, apontou Mendonça. As
investigações indicam que os crimes ocorriam desde 1998. Pereira dizia às
fiéis que elas estavam possuídas pelo demônio, e precisavam fazer sexo para se
“purificar”, apontam os depoimentos colhidos.
“Ele lidava
com pessoas muito pobres, que necessitavam de ajuda espiritual. Ele se aproveitava
disso. Em princípio, pelo convencimento. Em último caso, ele usava a força”,
declarou o delegado.
O pastor
Marcos Pereira está sendo investigado ainda pelos crimes de homicídio,
associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Mendonça pontuou que
há indícios de que Pereira recebia dinheiro da facção criminosa Comando
Vermelho (CV) e comprava imóveis e veículos, além de abrir empresas. Ainda de
acordo com o delegado, há relatos de que bandidos e armas eram escondidos na
sede da igreja liderada pelo pastor.
“Ele é uma
pessoa perigosa. As pessoas que pensavam em denunciá-lo tinham medo. Tudo
indica que ele tinha uma relação bem estreita com o tráfico de drogas”, disse
Mendonça, salientando que Pereira chegou a visitar, em duas ocasiões, o traficante
Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, ex-chefe do tráfico no Complexo do
Alemão, dentro de um presídio federal.
A investigação
também verifica a participação de Pereira em quatro assassinatos. Um deles
seria de uma fiel que teria sofrido tentativa de violência sexual do pastor e
decidiu apurar o que acontecia na igreja. Ela teria descoberto orgias dentro do
templo e no apartamento de Pereira, nas quais haveria também relações
homossexuais. Ela foi morta em 2006, e um sobrinho de Pereira foi condenado
pelo crime.
A polícia tem
relatos de uma jovem que foi abusada durante oito anos dentro da igreja.
Segundo as investigações, ela era estuprada desde os 14 anos e forçada a
participar das orgias. A ex-mulher de Pereira, Ana Madureira, também acusa o pastor
de estupro.
As
investigações começaram há pouco mais de um ano, após denúncias feitas pelo
líder da ONG Afroreggae, José Junior, de que Pereira tinha ligações com o
tráfico de drogas. Na época, Junior e Pereira travaram um intenso bate-boca
pela mídia, com trocas de acusações.
Pereira ganhou
notoriedade por evangelizar traficantes, mediar rebeliões em presídios e
conseguir livrar pessoas condenadas à morte pelo tráfico dentro de comunidades.
Segundo o delegado Marcio Mendonça, tudo isso não passava de encenação
combinada com os bandidos. O objetivo era dar visibilidade ao pastor na mídia,
e convencer o público de que criminosos eram regenerados por ele.
O pastor foi
encaminhado para o Complexo Penitenciário de Bangui, onde ficará em cela comum.
Ele teve prisão preventiva decretada pelo juízes Ricardo Fairclough e Ana
Helena Mota Lima, da Vara Criminal de São João de Meriti. Ao deixar a delegacia
de São João de Meriti, diversos fiéis se aglomeraram em frente ao distrito
policiail para apoiar Pereira.
Terra
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