Por Luis
Nassif, no GGN Jornal
Um partido se
faz com ideias, palavras e obras. Na sua origem, havia três vertentes no PSDB:
a das ideias, representada por um conjunto de intelectuais, como Luiz Carlos
Bresser Pereira, os irmãos Mendonça de Barros; a das palavras, representada
especialmente por Fernando Henrique Cardoso; e das obras, representada
por Mário Covas.
FHC nunca foi
um construtor de nada. Limitou-se a se deixar levar pela inércia dos ventos
neoliberais da época e a brandir um discurso socialdemocrata, que nada tinha a
ver com sua inação.
Covas acertou
as contas de São Paulo e montou um modelo fiscal competente. A guerra infernal
para obter o equilíbrio fiscal acabou debilitando muitas instituições
relevantes do Estado. Não fosse sua morte prematura, é possível que Covas
tivesse realizado um segundo governo de reconstrução.
***
O relevante é
que, com seu estilo seco, quase brusco, com sua cabeça de engenheiro,
cartesiano, e com seu histórico político, Covas passava a convicção sólida de
alguém preocupado com o bem estar do seu povo. Aos seus seguidores recomendava
tirar os fins de semana para se misturar ao povo, "amassar barro",
como ele dizia.
Seu recado
tinha destino certo: sempre abominou o elitismo superficial e deslumbrado dos
intelectuais do partido - FHC à frente.
***
FHC jamais
logrou desenvolver um discurso popular, jamais idealizou um modelo de país, a
não ser radicalizar a visão de Estado trazido por Margareth Thatcher,
introduzida no Brasil por Fernando Collor, mas com um superficialidade capaz de
envergonhar o mais empernido dos liberais.
Teve a sorte
imensa de cavalgar o plano Real, em um momento em que a estabilidade econômica
era aspiração nacional. No fundo, foi a única bandeira erguida por FHC e pelos
economistas do Real.
A questão
social, a pobreza extrema, seja no campo, na periferia das grandes cidades, ou
nos semáforos, já era preocupação nacional. Mas deixou passar à sua frente o
cavalo encilhado da solidariedade social, que foi montado por Lula, garantindo
possíveis 16 anos ao PT.
***
A posse de
Aécio na presidência do PSDB mostra um equívoco e um caminho.
O equívoco é
julgar que FHC e seus economistas possam articular uma plataforma eleitoral
minimamente competitiva. Monte um tablado na frente na favela da Rocinha e peça
para Malan, Bacha e Armínio testarem seu discurso.
O país chegou
a um estágio em que o eleitor quer resultados. E não basta o discurso de que o
PSDB vai fazer melhor o Dilma se propôs a fazer. Tem que mostrar. E tem que
perder a vergonha de colocar o povo, o eleitor, o contribuinte, o vulnerável,
no centro das políticas públicas.
***
Nesse sentido,
um caminho promissor é - finalmente - entender a importância de se utilizar as
redes sociais para levantar experiências administrativas e disseminar as
práticas para as prefeituras do Partido.
Até agora, o
único uso que o partido fez das redes sociais foi o esgoto despejado por
José Serra nas últimas eleições. Dar utilização nobre a um instrumento nobre -
as redes sociais - já é um caminho para limpar o PSDB das manchas deixadas por
Serra e pelo governador de Goiás Marconi Perillo.
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