O Ministério
da Saúde alerta que ainda não há consenso científico sobre a eficácia da
cirurgia de retirada das mamas (mastectomia) como forma de prevenção do câncer.
O assunto ganhou destaque depois que a atriz norte-americana Angelina Jolie
anunciou que se submeteu à cirurgia após ter feito um sequenciamento genético
que identificou um “defeito” no gene BRCA1. Assim como a mãe, que morreu de
câncer aos 56 anos, a atriz tem uma mutação nesse gene que aumenta o risco de
desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Segundo a atriz, a mastectomia
diminuiu em 85% as chances de ela ter um câncer de mama no futuro.
No Brasil, o
Sistema Único de Saúde (SUS) não faz nem a mastectomia nem o exame de
sequenciamento genético como forma de prevenir a doença. Segundo o Ministério
da Saúde, a cirurgia para retirada das mamas só é feita depois da descoberta de
um tumor. Alguns hospitais e clínicas particulares fazem o sequenciamento, que
pode custar até R$ 7 mil.
“O maior
problema que nós enfrentamos não é com relação à cirurgia, mas em se fazer o
diagnóstico da mutação. O exame é caro, não está disponível na rede pública e
nem todo mundo que teria a indicação para se fazer o exame tem acesso a ele”,
disse a médica Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora da Oncologia Clínica
do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em entrevista à Agência
Brasil.
“Uma em cada
nove ou dez mulheres vai desenvolver câncer de mama. Ele é muito frequente. É o
principal câncer na população feminina. Segundo o Inca [Instituto Nacional do
Câncer], são mais de 52 mil novos casos por ano.” Mas, para que a doença seja
considerada hereditária, não basta ter somente um caso registrado na
família, como explica Maria Del Pilar. “É preciso ter uma história familiar
forte, de múltiplos cânceres, e, além disso, identificar a mutação que é
responsável por esse câncer hereditário”, explicou a médica. De acordo com o
Ministério da Saúde, a hereditariedade responde por cerca de 10% do total de
casos.
A mastectomia
só é recomendada pelos médicos como prevenção quando a paciente já fez o
sequenciamento genético. “Identificando-se essa paciente de risco, com muita calma,
serenidade e certamente após várias consultas, deve-se discutir com ela as
possibilidades de redução de risco”, disse Maria Del Pilar.
Nos casos de
mulheres com histórico de câncer de mama na família, o Ministério da Saúde
recomenda que elas façam acompanhamento médico a partir dos 35 anos para que o
profissional avalie, junto com a paciente, os exames e procedimentos mais
indicados.
“O SUS oferece
gratuitamente exames para o diagnóstico precoce de câncer de mama, além de
tratamento e acompanhamento de pessoas com a doença”, diz o ministério, por
meio de nota, acrescentando que, no ano passado, 4,4 milhões de exames de
mamografia foram feitos no país.
Para este ano,
o Ministério da Saúde estimou 52.680 novos casos de câncer de mama. Em balanço
de 2010, o mais recente divulgado pelo ministério, 12.852 pessoas morreram por
causa da doença, sendo que, desse total, 12.705 eram mulheres.
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