Por Luiz
Antonio Mello, em Direto da Redação
Se o cantor,
compositor e escritor Lobão de repente for xingado na rua não será surpresa
para ninguém. Afinal, seu novo livro (e já best seller) “O Manifesto do Nada na
Terra do Nunca” (Nova Fronteira, 248 páginas) é um musculoso pacote de
reflexões ácidas, destemidas e radicais que tem gerado saudáveis polêmicas. Ele
joga a Semana de 22 no lixo, bate em Chico Buarque, em Caetano, em Roberto
Carlos, a partir de seus conceitos sólidos e precisos. O livro está longe da
imagem da “metralhadora giratória”. É mais do que isso: é a crítica focada,
mirada, como mísseis bem calibrados.
No texto de
apresentação no site da editora , Lobão despeja: ``Quando aparece um ofendido
que se acha no direito de vir me inquirindo com aquela famosa pergunta - `Quem
é você?`, eu respondo - Eu sou O NADA, drogado, decadente, matricida,
epilético, reacionário, roqueiro. E como NADA eu vou contar para vocês a
história da Terra do Nunca, o Brasil-Peter Pan que se recusa a crescer.`` Lobão
leva o leitor a pensar por conta própria e prova ser possível - e necessário -
divergir com elegância. É, como ele mesmo diz, `chumbo grosso envolto em nuvens
de veludo`. Do seu ponto de vista original, Lobão traça uma jornada tragicômica
pela estética e a política do Brasil contemporâneo.”
Rio
vai destinar R$ 170 milhões à cultura
A prefeitura
do Rio lançou o Programa de Fomento à Cultura Carioca, que vai destinar R$ 170
milhões para a produção cultural da capital fluminense. A iniciativa é a maior
e mais abrangente ação do gênero no país, em âmbito estadual e municipal.
Segundo a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), o programa pretende
diversificar a oferta de cultura na cidade, aumentar o acesso da população à
produção cultural, elevar a contribuição da cultura para o Produto Interno
Bruto (PIB) da capital e intensificar a qualidade, a competitividade e o grau
de inovação cultural carioca.
“Um dos
problemas do Rio é que o acesso à cultura é muito limitado por diversos fatores
como questão financeira, mobilidade urbana e oferta cultural concentrada em
algumas regiões da cidade. Ou seja, há um desequilíbrio. Queremos justamente
enfrentar esses problemas, ampliando, diversificando e democratizando a oferta.
Nosso objetivo é fazer com que o Rio tenha uma política pública de cultura à
altura da excelência de sua produção cultural”, disse a Agência Brasil o
secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Na primeira
edição do programa estão previstos R$ 75,9 milhões para a linha de Fomento
Direto, dos quais R$ 56,05 milhões serão para projetos, entre outros, de circo,
teatro, música, artes visuais, intervenções em espaços públicos, em comunidades
pacificadas e na zona portuária. Mostras, festivais e premiações, além de
projetos de continuidade, como a Orquestra Sinfônica Brasileira e o AfroReggae,
receberão R$ 19,85 milhões.
Para o Fomento
Indireto serão destinados R$ 42,9 milhões, por meio da nova Lei Municipal de
Incentivo á Cultura, aprovada em 2012 e que utiliza recursos do Imposto Sobre
Serviços (ISS).
A iniciativa
inclui também o Fomento Direto ao Audiovisual, conjunto de investimentos em
projetos de cinema e TV feitos pela RioFilme, empresa de audiovisual da
prefeitura e vinculada à SMC. A RioFilme pretende investir R$ 51,2 milhões em
conteúdo e séries de TV, cinemas populares, filmes, eventos e capacitação.
Mostra
faz ponte entre artistas e política
Segundo
Marianna Sales Falcão do site da Secretaria de Estado de Cultura do Rio, para
Cândido Portinari, não existe uma arte neutra. “Mesmo sem nenhuma intenção do
pintor, o quadro indica sempre um sentido social”, defendia. A mostra
Arte & Política: Enfrentamentos, Combates e Resistências, inaugurada que
inaugurada no Memorial Getúlio Vargas, chega para reforçar essa visão.
Artistas de diferentes gerações, cada um a sua maneira e uns com mais peso que
outros, usaram e seguem usando a arte como instrumento de discurso político.
“Quando você
diz que não toma atitude política, essa atitude já é política. Claro que não
existe uma arte neutra, você se posiciona – e isso não quer dizer que tal
posicionamento seja necessariamente planfetário ou óbvio. Um dos artistas que
talvez tenha sido o mais político de todos foi o francês Marcel Duchamp, um
artista conceitual”, diz o curador Marcus Lontra. Para a exposição do Memorial
Getúlio Vargas, foram escolhidos três momentos históricos, cada um com uma
forte presença do ora “ditador”, ora “pai dos trabalhadores", que mostram
também a variedade de formas que o posicionamento político pode tomar nas
artes.
A primeira é a
década de 30, período em que Vargas chega ao poder pela primeira vez e instaura
o Estado Novo (de 1937 a 1945). Nessa fase, era forte o movimento modernista,
que buscava a afirmação da identidade nacional através da arte. Artistas como
Di Cavalcanti, Lasar Segall e Cândido Portinari pintaram, então, o Nordeste,
nossas mulatas, o trabalhador da terra, o samba e nossos problemas sociais.
Portinari e Cavalcanti, ambos filiados ao Partido Comunista, são símbolos da
influência da política na arte naquele período.
O próximo
recorte são os anos 50, quando Getúlio retorna à presidência, dessa vez eleito
democraticamente. “Nesse período, a questão nazista é muito forte, e com a
guerra e a bomba atômica o mundo é outro, e a produção artística também”,
continua o curador. Oscar Niemeyer, sempre um defensor fervoroso do ideário
comunista, é um dos símbolos desse momento. Na exposição, uma série de desenhos
inéditos e uma réplica da mão aberta, projetada por Niemeyer e posta em frente
ao Memorial da América Latina (em São Paulo), são alguns dos trabalhos expostos
do arquiteto que dizia que é na rua, protestando, “que a gente transforma o
país”.
Por fim,
chegamos aos anos 70, em que, em meio à ditadura militar, a presença de Getúlio
Vargas é apenas sugerida. “O golpe de 64 foi a vitória dos inimigos de Vargas,
que no entanto se manteve presente, com a resistência trabalhista nos anos de
ditadura”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi