Após uma
maratona de aproximadamente 16 horas de votação, que varou a madrugada desta
quarta-feira, o governo não conseguiu manter quórum suficiente no plenário da
Câmara dos Deputados para concluir a votação da Medida Provisória dos Portos, o
que dificulta a análise da matéria pelo Senado até quinta-feira, data em que
ela perde a validade.
Pouco antes
das 5h desta quarta-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), encerrou a sessão porque não havia quórum suficiente para apreciar
um dos inúmeros requerimentos de obstrução apresentados pelos partidos de
oposição.
Ele convocou
uma nova sessão para as 11h desta quarta para concluir a votação de mais 13
destaques ao texto-base que podem modificar vários pontos que já foram
aprovados pelos deputados.
Porém, mesmo
que essa sessão ocorra e o governo consiga reunir aliados suficientes no
plenário haverá novos embates com a oposição e a conclusão da votação deve
levar horas.
Esse cenário
dificulta o início da votação da MP dos Portos Na tarde desta quarta pelo
Senado, como estava previsto inicialmente. A Medida Provisória 595, que cria um
novo marco regulatório para o setor portuário, é considerada essencial pela
presidente Dilma Rousseff para dar competitividade ao país.
Uma sessão do
Senado chegou a ser convocada para o meio-dia com o objetivo de fazer a leitura
da MP, o que abriria a possibilidade regimental para sua apreciação. Mas como a
Câmara não concluiu a votação ainda não se sabe quando a medida provisória
poderá ser entregue aos senadores.
A maratona de
votação na Câmara começou às 11h da terça-feira, mas as manobras de obstrução
comandadas pelos partidos de oposição e com apoio de alguns parlamentares da
base aliada, descontentes com o tratamento do governo e com as negociações em
torno do novo marco regulatório dos portos, tornaram a aprovação da MP uma
tarefa fisicamente desgastante, o que forçou o encerramento da sessão.
Ao governo
restou comemorar a vitória parcial que evitou alterações no relatório do
senador Eduardo Braga (PMDB-AM) aprovado na comissão mista que analisou a
matéria. Durante as negociações antes da MP ir a plenário, havia uma forte
convicção de que os aliados estavam dispostos a desfigurar o parecer aprovado
na comissão.
O líder do
governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) avaliou que a votação foi uma
vitória considerando as condições enfrentadas.
"Para uma
votação tão difícil, com obstrução permanente, conseguimos votar e ganhar todos
os destaques mais importantes", afirmou a jornalistas após a sessão ser
encerrada. "Parecia que íamos ser batidos (antes de começar a
votação)", acrescentou.
"Todos
sabiam que tínhamos problemas com a base, tínhamos problemas com o PP e com o
PMDB. Mas isso faz parte do jogo", disse o líder do PT na Câmara, José
Guimarães (CE).
Uma fonte do
governo que acompanhou a votação disse à Reuters, sob condição de anonimato,
que a avaliação no Palácio do Planalto é de que apesar de não conseguir aprovar
a MP o sentimento era de vitória porque o governo considerava que sofreria uma
derrota maciça de suas posições no plenário e isso não ocorreu.
Já o líder do
PMDB, Eduardo Cunha (RJ), apontado por muitos como o principal arquirrival do
governo na MP dos Portos, disse que a culpa pela não aprovação da medida
provisória nesta madrugada foi do próprio governo.
"(O PT)
além de ter jogado contra o acordo, eles fizeram que a votação tivesse mais dez
emendas aglutinativas sendo votadas", disse Cunha, argumentando que a sua
emenda aglutinativa devia ter recebido apoio dos petistas e isso reduziria o
tempo de votação em pelo menos três horas.
A emenda
aglutinativa do peemedebista, porém, continha pontos de discordância com o
governo e numa reunião pouco antes da votação na Câmara, o vice-presidente
Michel Temer e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o avisaram que o
governo não aceitaria votar mudanças no texto por emenda aglutinativa.
A expectativa
de Cunha e de Guimarães é de que a Câmara conclua a aprovação da MP dos Portos
no começo da noite desta quarta, deixando muito pouco tempo para um acordo de
votação no Senado, que envolveria negociações com os partidos de oposição para
quebra de prazos regimentais e a manutenção de quórum elevado no Senado na
quinta-feira, o que é bastante incomum.
Desde a semana
passada, o governo estuda alternativas para fazer mudanças no setor portuário
caso a MP não fosse aprovada. Uma delas é fazer mudanças no decreto que
regulamenta o atual marco regulatório dos portos. Nem todas as mudanças
propostas pela presidente, porém, podem ser feitas por esse caminho.
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