O terceiro
maior continente do mundo abrigará a população economicamente ativa mais jovem
do planeta em 2040 e, em 20 anos, a população africana alcançará 2 bilhões de
pessoas (o dobro do número atual), segundo o secretário executivo da Comissão
Econômica para África (ECA, sigla em inglês), Carlos Lopes.
O contingente
será mais urbano do que rural, mais escolarizado do que o atual e terá diversas
atividades econômicas. “Será a maior reserva de mão de obra jovem do mundo”,
disse Lopes ao encerrar na noite de ontem (13) uma conferência na sede da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
A força de
trabalho em abundância aumenta o potencial econômico do continente que dispõe
de 12% das reservas de petróleo do mundo, de 40% das de ouro e 60% das terras
aráveis. A disponibilidade de recursos naturais atrai investidores
estrangeiros, especialmente os chineses, mas também empresas brasileiras como a
Vale e a Petrobras, em mais de um país.
O acúmulo de
capitais (US$ 500 bilhões depositados em bancos africanos) permite que já
ocorra inversão do fluxo de dinheiro, por exemplo, entre Angola e Portugal. O
capital angolano está investido em banco, empresa petrolífera, operadoras de
telefone e TV a cabo, além de grupos de comunicação em Portugal.
De acordo com
Carlos Lopes, das 20 economias que mais crescem no mundo, dez estão na África.
Assim como no Brasil, parte do crescimento (taxas acima dos 5% nos próximos
anos para a África Subsaariana) é estimulada pelo mercado interno (dois terços
da demanda). Para o secretário executivo da ECA, o potencial econômico causa
uma mudança na visão sobre o continente. “Estamos vivendo o crepúsculo da ajuda
ao desenvolvimento.”
Carlos Lopes,
que é da Guiné-Bissau, sugere que os países africanos e os membros da CPLP
invistam em novas tecnologias de informação. “Se a comunidade quer surfar na
onda e ficar à frente dos grandes movimentos que vão ter lugar nos próximos 20
anos, a aposta nas novas tecnologias é fundamental.”
Para ele, as
novas tecnologias oferecem possibilidades de responder à descontinuidade
geográfica dos países que formam a CPLP (espalhados em quatro continentes) e
atender a população migratória de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da
Guiné-Bissau, de Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e do Timor Leste.
Para ele,
falta no entanto uma política articulada para a área de novas tecnologias na
CPLP, e o Acordo Ortográfico será fundamental para que se produza mais
conteúdos nas plataformas eletrônicas, inclusive para aumentar a escolarização.
“Uma boa parte dos conteúdos será produzida para cursos em linha. A circulação
da informação e dos livros também será feita em linha.”
Lopes não
criticou o adiamento da obrigatoriedade da adoção Acordo
Ortográfico no Brasil, mas fez ressalvas quanto à decisão do governo brasileiro
de suspender o envio de estudantes do Programa Ciência
sem Fronteiras a Portugal para forçar os bolsistas a aprenderem outro idioma.
“O objetivo é louvável, mas não pode ser radicalizado”, disse ao ressalvar que
essa é uma opinião.
Agencia Brasil
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