Por Antonio Tozzi
Muitos cristãos ficam horrorizados com os
fanáticos religiosos muçulmanos que amarram bombas no corpo e se lançam contra
um grupo de pessoas matando os alvos visados e levando junto vários inocentes,
além do próprio suicida, que se sacrifica em nome de Alá e do profeta Maomé.
Realmente isto é algo sem nenhum sentido, mas
os fanáticos cumprem a missão por terem sofrido lavagem cerebral nas madras islâmicas.
Ou seja, a falta de instrução misturada com a baixa perspectiva profissional e
com o fanatismo religioso produz uma receita azeda para a maioria das pessoas
sensatas.
Entretanto, os cristãos também pecam por
tomar atitudes extremas. Se recorrermos a outras épocas, veremos que na Idade
Média os católicos ferrenhos foram responsáveis por atos ignominiosos
praticados contra os judeus, torturando-os para que se convertessem ao
cristianismo. Aqui nos Estados Unidos, no início do século passado, homens
brancos, protestantes, formaram um dos mais abonimáveis grupos sectários, a Ku
Klux Kan, que se dedicou a castigar os negros, considerando-os membros de uma
sub-raça.
Os judeus que, segundo a Bíblia, formavam um
povo perseguido e foram escravos no Antigo Egito agora punem severamente os
palestinos que mal podem se locomover por uma terra que antes lhes pertencia.
Ou seja, todas as religiões têm mártires e
vilões, portanto, não vale a pena condenar somente os muçulmanos, apesar de
achar um absurdo esta teoria defendida por alguns deles da existência de um
estado religioso.
Infelizmente, no mundo ocidental, há alguns
fanáticos que defendem a imposição de ensino religioso nas escolas ou, pior
ainda, a formação de um estado onde prevaleceria a lei divina.
Vamos por partes. Quem é a favor de ensino
religioso deve matricular os filhos em escolas mantidas por religiosos, assim
evitam que eles se misturem com os demais e podem manter a “pureza”. É uma
opção pessoal dos pais e, como tal, deve ser respeitada.
Entretanto, querer impor a religião à força é
um ato tão condenável quanto o daqueles que desdenham da religiosidade alheia.
Um Estado não pode ser religioso porque isto feriria os princípios de isonomia
dos cidadãos. Até hoje há muita gente nos EUA que não se conforma com a frase
estampada no dólar americano: In God We Trust. Para os mais exaltados, isto é
uma intromissão do Estado num assunto interno da nação, segundo a avaliação dos
ateus.
Se analisarmos bem, faz sentido. Ao agir
assim, os cristãos praticamente impõem seus princípios sobre os de outras
religiões. Ficaria estranho se, em vez de In God We Trust, tivesse a frase In
Alah We Trust, or In Messiah We Trust, or In Buda We Trust, etc.
Por causa disso, é mesmo inadmissível a
imposição da bancada evangélica no Congresso Nacional do Brasil em condenar
atitudes das quais discordam. Ora, eles têm todo o direito de execrar o
homossexualismo, a libertinagem e o ateísmo, mas não têm direito de considerar
estas posições como algo que deve ser passível de punição.
Essa dicotomia da sociedade brasileira
aflorou com tudo após a nomeação do deputado Marco Feliciano, do PSC de São
Paulo, para presidir a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Ele colocou fogo na discussão com suas frases polêmicas que atiçaram ainda mais
a ira sobre ele e seus pares, os evangélicos mais radicais, que, de certa
forma, são tão criticáveis quando os fanáticos muçulmanos, por querer impor a
vontade deles à sociedade brasileira.
Evidentemente, os evangélicos têm a
prerrogativa de defender seus conceitos, porque o Brasil é uma democracia. Além
do mais, os deputados, inclusive Marco Feliciano, foram eleitos e podem ocupar
os mesmos cargos de seus pares. A questão é entender que não se pode querer
transformar a sociedade laica em um Estado religioso porque isto seria
extrapolar suas atribuições.
Por outro lado, também é condenável a pressão
para que ele deixe o cargo de presidente da Comissão dos Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados, pois ele foi democraticamente eleito e colocado no cargo
após um conchavo feito entre os partidos – algo muito comum no Legislativo.
Querer impor a vontade dos gays e dos ateus também é um desrespeito contra os
eleitores de Marco Feliciano. Interessante notar que toda esta exposição na
mídia deve render uma reeleição para o deputado do PSC, que integrava o baixo clero
da Câmara Baixa, jargão para designar os deputados com pouca influência nas
decisões da Câmara Federal, e passou aos holofotes.
Uma coisa é certa: misturar religião com
governo nunca dá certo. Basta ver no que se transformou o Irã. De uma sociedade
mais aberta virou uma teocracia com guardiães dos preceitos muçulmanos punindo
aqueles que desobedeçam o dogma islâmico. Com isto, jogou-se o país num mundo
de trevas, e seus habitantes vivem aterrorizados e censurados.
Com certeza, não é isto que queremos para o
Brasil, não é?
Direto da Redação
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