O Brasil gasta, por ano, pelo menos US$ 500 milhões para usar os pontos estrangeiros de tráfego da internet. O tamanho do custo, pago pelas empresas brasileiras e repassado aos consumidores, levou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a defender hoje (18) a construção de novas vias de conexão internacional para a grande rede.
No entanto, para isso ser possível, segundo Paulo Bernardo, é necessário convencer a autoridade responsável pela coordenação global da internet – a Icann, sigla em inglês para Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, entidade ligada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
“Pelo menos 40% das conexões feitas a partir daqui estão centradas nos Estados Unidos e resultam em um gasto de pelo menos US$ 500 milhões por ano. Nossas empresas pagam isso para fazer as conexões internacionais”, disse o ministro, durante o Congresso Brasileiro de Internet, em Brasília.
Segundo ele, isso coloca o Brasil “em uma desvantagem enorme”, e justifica a posição do país em defender a criação de mais pontos de tráfego. “Precisamos ter novos cabos submarinos e mais pontos de troca de tráfego. Atualmente, há 15 pontos. Onze deles estão nos EUA, e os demais na Europa e no Japão. Isso é muito importante porque o ponto de tráfego faz as informações irem ao seu destino de forma mais eficiente”, argumentou o ministro.
Para ilustrar sua posição, Paulo Bernardo comparou os preços pagos por um megabit nos EUA e no Brasil. “A internet em Miami custa US$ 3 [aproximadamente R$ 6] o megabit. Em São Paulo, o custo, sem impostos, é entre R$ 50 e R$ 53. Com os impostos, esse valor pode subir a R$ 73”. Segundo ele, essa diferença ocorre devido à falta de concorrência e ao número insuficiente de pontos de tráfego de internet no mundo.
Apesar de prever resistência do coordenador da internet para ampliar os pontos de tráfego, Paulo Bernardo diz estar otimista porque a Icann acabará tendo de dar novas autorizações, para dar conta da demanda crescente de uso da internet no mundo.
“Há uma projeção de que, com o crescimento mundial da internet, poderemos ter muito congestionamento das linhas internacionais em 2017”, informou o ministro. “Conversas que tive com autoridades dos EUA indicam a possibilidade [de conseguir a autorização da Icann]. Mas não será fácil por causa da resistência”, completou.
Agência Brasil
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