Nesta quinta edição do “Pescado
no Facebook” escolhi a publicação do amigo Vinícius Medeiros.
O Vinícius traz à baila um assunto que há muito tornou-se preocupante e recorrente nos quatro
cantos desse Brasil varonil. Ele publica uma postagem que foi feita
originalmente no site (Mídia Sem Máscara) de autoria do Percival Puggina, e trás a prática de um problema que muitos na maioria das vezes só teorizam.
Vinícius Medeiros - Comigo não foi diferente. Ironicamente na Praça da Bandeira, representando um símbolo nacional e importante ponto da cidade de Aracaju, fui assaltado. Celular, dinheiro, documentos. Bem que poderiam ter levado a bandeira também.
AS
INSTITUIÇÕES TITUBEIAM!
Por
Percival Puggina
Sou
recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de uma legislação
que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma política de
direitos humanos "politicamente correta".
Foi
assim. Saíamos para jantar, minha mulher e eu. Íamos, no carro dela, para um
restaurante localizado em rua calma de Porto Alegre. Procurando onde
estacionar, subimos a via até encontrar vaga. Dali, caminhamos no sentido
inverso, rumo ao restaurante. Minha mulher seguia alguns passos adiante.
Subitamente, um rapaz com o rosto semi-encoberto materializou-se ao meu lado.
Surpreso com a aparição, esbocei um sorriso que pretendia significar -
"Brincadeira sem graça, moço!". Creio que ele interpretou minha
atitude como desrespeitosa e, por isso, retrucou ao meu sorriso com cara de
poucos amigos.
Cenho
cerrado, baixou os olhos na direção da arma que apontava. Só nesse momento,
acompanhando o olhar dele, vi a pistola e entendi o que estava acontecendo.
Pediu-me a chave do carro, no que foi prontamente atendido, e a carteira, que
acabei negociando pelo dinheiro que levava no bolso. Alguns metros adiante, um
parceiro pedira para minha mulher que retornasse ao ponto onde eu estava sendo
depenado. Em poucos segundos concretizou-se a operação.
***
Muito
já escrevi a respeito da ideologia que, escarrapachada nas fofas e seguras
instâncias do Estado e do governo, dá causa à proliferação da criminalidade em
nosso país. Tenho mostrado a tolerância das leis penais, clamado pela
construção de mais e mais presídios, e reprovado as misericordiosas progressões
de regime que desembocam num prematuro e fervilhante semiaberto. Tudo absolutamente
em vão, claro. Emitia esses clamores motivado pelo relato de experiências
alheias, muitas das quais bem mais aterrorizantes do que a minha. Aliás, a bem
da verdade, o assalto que sofremos foi sem resistência nem insistência.
Vapt-vupt. Eles queriam o carro e nós que sumissem dali tão depressa quanto
possível. Com o ocorrido, entrei para as estatísticas. Tive meu choque de
realidade. Sou recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de
uma legislação que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma
política de direitos humanos "politicamente correta", perante a qual
eu sou o malfeitor e o bandido é o justiceiro revolucionário. Aliás, essa é a
tese do líder do PCC, o bandido Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido
como Marcola, que se for objeto de dissertação em muitos cursos de Direito do
país garante título de mestrado com louvor. Escrita com palavras santimoniosas,
a mesma tese já inspirou pelo menos uma Campanha da Fraternidade.
Aqui
no Rio Grande do Sul, durante o governo do petista Olívio Dutra, o Secretário
de Justiça, desembargador aposentado João Paulo Bisol, diante de clamores
sociais ante o vertiginoso crescimento da bandidagem, observou que também ele,
secretário, se estivesse sem dinheiro, com filho doente precisando de remédios,
não hesitaria em assaltar uma farmácia. Passaram-se mais de dez anos e até hoje
só vi farmácias assaltadas pelo dinheiro do caixa. Nenhuma por comprimidos de
antibiótico. Assim, passando a mão por cima, com plena vigência do
desconcertante binômio "a polícia prende com razões para prender e a
justiça solta com razões para soltar", tornamo-nos um país onde o crime é
rentável, compensa e os bandidos passeiam em liberdade.
Horas
após o fato descrito acima, relatei-o sucintamente no Facebook. Em pouco tempo,
mais de uma centena de mensagens se seguiram, descrevendo experiências
semelhantes ou piores. Um bom número dessas vítimas, dispersas pelo Brasil,
contavam terem sido assaltadas várias vezes (o recordista menciona 18 ocorrências).
Pois bem, o silencioso ataque a um casal, a caminho do restaurante, numa rua
tranquila de Porto Alegre, tem a ver com todos esses relatos e estes tem a ver
com o surto de violência em Santa Catarina. Quando o Congresso decide fazer
alguma coisa a esse respeito, como, por exemplo, retirando o direito a
progressão de regime para quem comete crime hediondo, o STF declara a lei
inconstitucional. Esgota-se a paciência dos brasileiros. Infames linchamentos,
que vez por outra ocorrem em regiões diferentes do país, decorrem, em boa
parte, da descrença social nas instituições do aparelho estatal voltadas para a
proteção dos cidadãos. O crime, organizado ou desorganizado, declarou guerra à
sociedade e é inequívoco: as instituições titubeiam!
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