Um
dia depois de os Estados Unidos colocarem em vigor novas sanções econômicas
contra o Irã, o aiatolá Ali Khamenei, guia supremo do regime islâmico, rejeitou
uma oferta do vice-presidente americano, Joe Biden, para que os dois países
iniciassem conversações bilaterais sobre o impasse em torno do programa nuclear
iraniano. Falando para dezenas de comandantes da Força Aérea, Khamenei acusou
Washington de propor o diálogo "enquanto aponta as armas para o Irã"
e rechaçou a ideia de "negociar com quem ameaça o país".
A
proposta de Biden apontava para um contato direto entre os dois governos,
paralelamente ao processo de negociações realizado com Teerã com o grupo
chamado de P5 + 1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança das Nações Unidas (EUA, Reino Unido, França Rússia e China) e pela
Alemanha. Depois de meses sem contatos, o Irã e as potências concordaram em
voltar à mesa no próximo dia 26, no Cazaquistão. Embora o líder supremo tenha a
última palavra em assuntos como relações exteriores e defesa, o discurso de
Khamenei não foi visto inicialmente como uma indicação de que a retomada das
negociações venha a ser cancelada.
Para Gunther Rudzit, coordenador da pós-graduação em Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, a postura do aiatolá não surpreende. "Eles não podem mudar radicalmente sua postura de uma hora para outra", explica. No entanto, Rudzit ressalta que há divisões no âmbito do regime iraniano, que tem no clero xiita e nos militares seus dois pilares. "Dizer que existe uma postura única no Irã é muito simplificado. Por parte de alguns atores, há interesse de dialogar. Contatos indiretos não oficiais já aconteceram, mas não acredito que um anúncio oficial do diálogo direto com os EUA possa ser feito a curto prazo."
Para Gunther Rudzit, coordenador da pós-graduação em Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, a postura do aiatolá não surpreende. "Eles não podem mudar radicalmente sua postura de uma hora para outra", explica. No entanto, Rudzit ressalta que há divisões no âmbito do regime iraniano, que tem no clero xiita e nos militares seus dois pilares. "Dizer que existe uma postura única no Irã é muito simplificado. Por parte de alguns atores, há interesse de dialogar. Contatos indiretos não oficiais já aconteceram, mas não acredito que um anúncio oficial do diálogo direto com os EUA possa ser feito a curto prazo."
O presidente Mahmud Ahmadinejad já mencionou a disposição para conversar diretamente com o governo americano, mas acabou sob ataque de Khamenei. O chanceler Ali Akbar Salehi havia indicado que o Irã examinaria "positivamente" a proposta de Biden, apesar de ressaltar a desconfiança de seu país com os "sinais contraditórios" de Washington. Irã e EUA romperam relações em 1980, sob o impacto inicial da Revolução Islâmica de 1979. Os únicos contatos oficiais são mantidos no âmbito das negociações com o P5 + 1 sobre o programa nuclear.
Segundo Rudzit, o novo cenário político que se formou em Israel com a eleição do mês passado pode contribuir para uma abertura diplomática. "A ascensão de novos políticos que têm a atenção voltada muito mais para problemas internos israelenses abre uma janela para o presidente Barack Obama tentar um diálogo, e até mesmo para que Israel não fique ameaçando publicamente o Irã, coisa que não ajuda em nada", explica o estudioso. No entanto, o vice-premiê israelense, Dan Meridor, se disse cético a respeito de negociações e afirmou que os EUA devem demonstrar que "todas as opções continuam na mesa" — uma referência velada à ameaça de um ataque militar para impedir que o Irã chegue a desenvolver armas nucleares.
EM.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi