segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SP: viciado passa manhã na cracolândia e procura tratamento

Por volta do meio-dia, Vagner José dos Santos, 35 anos, passava em frente ao Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), no bairro do Bom Retiro, região central da cidade. Viu o movimento, perguntou o que estava acontecendo e entrou, decidido a procurar ajuda para combater o vício do crack. Foi atendido, recebeu uma carteirinha e foi aconselhado a voltar às 13h, para passar por uma triagem.

Vagner José dos Santos diz ser viciado em crack há 

mais de 20 anos
Foto: Fernando Borges / Terra
Santos conta que o vício já dura mais de 20 anos. Afirma que começou a fumar crack aos 14 anos e que não consegue ficar longe da pedra. Nesta segunda-feira, saiu de Jundiaí, no interior da capital paulista, e veio de trem para a região da cracolândia, com o objetivo de consumir a droga.

"É uma vontade muito forte. A gente não consegue ficar longe do vício. Eu tenho vontade de parar. Mas muita vontade de fumar também", diz. "Só Deus para fazer eu voltar aqui às 13h. A gente vai para a rua e perde o controle", disse.

Ele conta que é comum vir de Jundiaí a São Paulo para consumir drogas na região...
da cracolândia. "Ali a gente encontra pedra a hora que quer e consegue fumar de forma tranquila. Mas é uma vida muito difícil. Tenho vontade de parar", afirma.

O usuário mostrou as pontas dos dedos das mãos, com queimaduras provocadas pelos cachimbos de crack e a fragilidade das unhas, que ficam quebradiças. "Isso aqui é o reflexo do crack. São mais de 20 anos usando a droga. Não aguento mais", disse ele.

Nesta segunda-feira, o governo do Estado de São Paulo iniciou plantão judiciário que poderá decidir pela internação involuntária de usuários de drogas - nos casos em que há o risco de morte por conta do vício ou ameaça à integridade de outras pessoas . O governo do Estado de São Paulo admite não saber qual será a demanda para o tratamento. Hoje o Estado dispõe de 691 leitos ambulatoriais para esse tipo de caso, número que pode ser ampliado a curto prazo para 1,1 mil.

No caso de Santos, como o tratamento adequado é o ambulatorial, ele seguirá os trâmites normais que são seguidos pelo Cratod. Passará por uma avaliação médica e será encaminhado para o tratamento em uma das unidades de saúde do município.

Terra

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