Partido vai evitar o foco nos "defeitos
dos outros" de olho em 2014
Após ver ruir sua estratégia de utilizar o
julgamento do mensalão para minar as candidaturas do PT em 2012, o PSDB está
decidido a não mais se apoiar nos escândalos que envolvam o principal partido
adversário para obter ganhos eleitorais.
A nova arma em potencial, já mirando 2014,
seria a operação Porto Seguro, da PF (Polícia Federal), que desarticulou em
novembro do ano passado uma organização criminosa que atuava infiltrada em
órgãos federais e agências reguladoras para elaborar pareceres técnicos
fraudulentos e favorecer interesses privados.
Após a operação, 23 pessoas foram indiciadas,
entre elas servidores públicos que atuavam na Antaq (Agência Nacional de
Transportes Aquaviários), na ANA (Agência Nacional de Águas), na AGU
(Advocacia-Geral da União) e no Gabinete da Presidência da República em São
Paulo. Alguns dos envolvidos eram pessoas próximas ao ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Para o tucano Edson Aparecido, que coordenou
a campanha a prefeito de José Serra (PSDB) em São Paulo — e que assumiu em
dezembro a Casa Civil do Estado com o desafio de garantir a reeleição do
governador Geraldo Alckmin (PSDB) —, o partido não pode mais contar com os
"defeitos dos outros” para ganhar votos.
— Não adianta a gente imaginar que vai ganhar
a eleição em cima dos defeitos dos outros. Essa que passou [de 2012] mostrou
que essa estratégia não funciona. Tivemos toda essa história do julgamento do
mensalão e no final não teve o impacto que se imaginava na eleição. Isso é um
dado concreto que serve de exemplo.
O esforço para colar a imagem da corrupção no
PT com base no julgamento do mensalão de fato se mostrou pouco efetivo. Os
petistas elegeram 78 prefeitos a mais do que na última eleição e comandarão 628
cidades a partir deste ano. Por sua vez, o PSDB sai menor das urnas em
comparação com 2008. Os tucanos elegeram, no ano passado, 691 prefeitos, contra
787 quatro anos atrás.
Para César Gontijo, secretário-geral do PSDB
em São Paulo desde 2007, a exploração do tema da corrupção não se faz
necessária na eleição porque, segundo ele, a população pune a prática nas
urnas.
— A política do "quanto pior,
melhor", no meio partidário, não é boa para ninguém. Quando se denigrem a
política e seus protagonistas, fica mal para todo mundo. Não acho que o caso da
operação Porto Seguro tenha que ser usado pelo PSDB de maneira acusatória. A
população tem consciência, sabedoria, ela sempre mostrou isso. É nisso que o
PSDB está trabalhando. Não é ficar na picuinha de “olha o que ele fez e etc e
tal”.
Aparecido defende que o PSDB faça um
exercício de autoanálise em busca de um novo caminho neste ano.
— Mais importante do que aproveitar esse fato
[operação Porto Seguro] é enfrentar um problema que talvez seja ainda mais
grave para o PSDB, que é o de definir suas bandeiras. Os problemas que temos
que enfrentar do ponto de vista eleitoral são muito mais nossos que dos nossos
adversários. A última eleição mostrou uma fragilidade muito grande do PSDB
nessa questão. Há um distanciamento das bandeiras do partido com a sociedade.
O secretário da Casa Civil, Edson Aparecido,
entende que, se essas condições fossem mais claras e o partido estivesse mais
estruturado, fatos como o mensalão e a operação Porto Seguro poderiam ter sido
mais bem aproveitados do ponto de vista eleitoral.
— As deficiências estão muito mais no PSDB,
em aproveitar essas coisas, e é isso que temos que encarar em 2013.
(R7)
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