A presidente Dilma Rousseff viajou a menos
países em dois anos de mandato, em 2011 e 2012, do que o antecessor, Luiz
Inácio Lula da Silva, em seu primeiro ano de governo, em 2003, segundo um
levantamento feito pela BBC Brasil.
A presidente Dilma Rousseff fez sua primeira visita oficial à Rússia em 2012 Foto: Reuters |
O levantamento, com base em dados da
Presidência da República e do Itamaraty, mostra que em seus dois primeiros anos
de mandato Dilma passou 82 dias no exterior e visitou 25 países (alguns mais de
uma vez).
No primeiro ano de seu primeiro mandato, em
2003, Lula passou 74 dias viajando e visitou 27 países. No biênio 2003/2004, o
ex-presidente visitou um total de 35 países e passou 123 dias fora do Brasil.
A agenda de viagens de Lula foi ainda mais
intensa em seu segundo mandato, quando visitou 29 países no primeiro ano, em
2007, embora tenha passado menos tempo fora do Brasil - 68 dias. Nos dois
primeiros anos de seu segundo mandato, Lula passou 146 dias viajando e visitou
47 países, além da base brasileira na Antártida e da Guiana Francesa
(território francês na América do Sul).
Consultada pela BBC Brasil, a
Presidência da República afirmou que não há uma razão específica para o ritmo
menor de viagens da atual presidente em relação ao antecessor.
"As viagens dos Presidentes da República
são organizadas em seus destinos, itinerários e duração, de acordo com as
necessidades e ajustadas às possibilidades da agenda presidencial. Não há
portanto, padrão a ser obedecido pelos ocupantes do cargo", informou a
secretaria de imprensa da Presidência.
FHC,
Sarney, Collor e Itamar
O levantamento das viagens presidenciais
feito pela BBC Brasil mostra ainda que Dilma passou menos tempo fora
do País em seus dois primeiros anos de mandato não somente em relação a Lula,
mas também ao presidente anterior, Fernando Henrique Cardoso, que viajou por
100 dias nos dois primeiros anos de seu primeiro mandato (1995 e 1996) e por 87
dias em seu segundo mandato (1999 e 2000).
Apesar disso, FHC visitou menos países que
Dilma no mesmo período - 21 lugares diferentes tanto no primeiro biênio do
primeiro mandato quanto no do segundo mandato.
Considerados todos os presidentes desde o
período da redemocratização, em 1985, José Sarney foi o presidente que menos
viajou em seus dois primeiros anos de mandato, entre março de 1985 e março de
1987. Nesse período, ele passou 33 dias fora do Brasil e visitou 9 países em 11
viagens.
Nos pouco mais de dois anos em que ficou na
presidência, de outubro de 1992 a janeiro de 1995, Itamar Franco fez 16 viagens
a 9 países diferentes e ficou fora do Brasil por 63 dias.
Fernando Collor de Mello, em seus dois
primeiros anos de mandato, de março de 1990 a março de 1992, passou 74 dias no
exterior e fez 23 viagens a 18 países diferentes, além de uma visita à base
brasileira na Antártida.
Destinos
privilegiados
Quando analisados os destinos das viagens
presidenciais, o levantamento mostra que em seus dois primeiros anos de
mandato, a presidente Dilma Rousseff privilegiou as visitas à Europa, com 10
países visitados em 11 viagens, e à América do Sul, com 6 países em 11 viagens
(considerando cada local visitado como uma viagem).
Ela também foi a 2 países da América Central
em 2 viagens, a três da África em três viagens, dois da Ásia em duas viagens e
2 da América do Norte em 4 viagens (três delas para os Estados Unidos). O país
mais visitado por Dilma foi a Argentina, com quatro viagens, seguida dos
Estados Unidos, com três, e França, Peru e Uruguai com duas visitas cada.
Em seu primeiro biênio, Lula foi a 9 países
da África em 10 viagens e visitou 9 países sul-americanos em 20 viagens. Ele
também foi a 7 países europeus em 11 viagens, a 5 da Ásia em 5 viagens e a 3 da
América Central em 3 viagens, além de visitar os Estados Unidos quatro vezes e
o México três.
Nos dois primeiros anos do segundo mandato,
Lula fez 24 viagens à América do Sul para 11 locais diferentes (10 países mais
Guiana Francesa), visitou 14 países da Europa em 18 viagens (incluindo uma ao
Vaticano), 9 da América Central em 11 viagens, 7 da África em 7 viagens, 4 da
Ásia em 5 viagens, 2 da Oceania em 2 viagens e a 2 da América do Norte em 5
viagens (quatro delas aos Estados Unidos), além da visita à base brasileira na
Antártida.
Em seus dois primeiros anos, Fernando
Henrique Cardoso concentrou suas viagens principalmente à América do Sul (7
países em 13 visitas), à Europa (5 países em 6 visitas) e à Ásia (5 viagens a 5
localidades, incluindo Macau, ainda colônia portuguesa na época).
A América do Sul e a Europa também foram o
principal foco de FHC nos dois primeiros anos de seu segundo mandato. Ele foi a
7 países da Europa em 10 viagens e a 6 da América do Sul em 12 viagens. Ele também
foi a 4 países da América Central em 4 viagens.
Menos
reuniões
Os registros das viagens presidenciais
indicam que a atual presidente vem participando de menos reuniões multilaterais
no exterior do que seu antecessor. Segundo os dados do levantamento feito pela BBC
Brasil, a participação em reuniões de cúpula foram a motivação de 13 das 33
viagens realizadas por Dilma Rousseff nesses dois anos. Ela também viajou duas
vezes aos Estados Unidos para discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU,
em Nova York.
Algumas outras viagens também não tiveram
como motivação principal a relação bilateral do Brasil com o país visitado, a
visita à Grã-Bretanha neste ano para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos de
Londres, a viagem a Portugal no ano passado para acompanhar a entrega do
diploma de Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra ao ex-presidente
Lula e a viagem à Alemanha em março deste ano para visitar a feira de
tecnologia Cebit, em Hanover, que tinha o Brasil como tema neste ano.
Lula, em seus dois primeiros anos, em 2003 e
2004, compareceu a 14 reuniões de cúpula e conferências internacionais, além
das duas aberturas da Assembleia Geral da ONU.
Nos dois primeiros anos do segundo mandato, a
frequência de reuniões multilaterais aumentou - foram 13 cúpulas e conferências
internacionais em 2007 (além do discurso anual na ONU) e 12 cúpulas e
conferências em 2008, além da Assembleia Geral da ONU.
Lula também fez várias outras viagens cuja
motivação principal não era a relação com o país visitado, como a ida à Grã-Bretanha
em junho de 2007 para assistir a um amistoso de futebol entre Brasil e
Inglaterra, a caminho de viagens à Índia e à Alemanha, a viagem à Suíça em
outubro do mesmo ano para a confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo de
2014 e a ida à China, em agosto de 2008, para a abertura dos Jogos Olímpicos de
Pequim
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