A Comissão da Verdade da União
Nacional dos Estudantes (UNE) poderá se tornar mais uma parceira da Comissão
Nacional da Verdade (CNV). Nesta sexta-feira (18), a UNE lança a própria
comissão para investigar, apurar e esclarecer casos de morte e tortura de pelo
menos 46 dirigentes da entidade. O coordenador da CNV, Cláudio Fonteles, estará
presente ao lançamento da comisão da UNE para conhecer as diretrizes do grupo.
Caso se torne parceira, o que for
apurado pela comissão da UNE poderá servir de subsídio para o relatório final
da CNV, que deverá ser entregue até maio de 2014 para que o Estado tome as
providências cabíveis para as devidas punições.
“O silêncio é alimentado pelo
tempo, tem sede da própria velhice. Quanto mais demora, mais forte e poderoso
se torna”, diz a UNE em nota. É para combater esse tempo e poder que a
instituição decide investigar crimes cometidos durante a ditadura militar
(1964-1985) contra os estudantes.
Um dos casos é o de Honestino
Guimarães, desaparecido durante a ditadura militar (1964-1985). Os órgãos
responsáveis pelas prisões admitiram que ele tinha sido preso, mas o estudante
não foi visto por outros presos. A família ainda não sabe o que aconteceu com
ele.
Antes disso, Honestino foi preso
outras cinco vezes. Uma delas, no dia 29 de agosto de 1968, 20 dias após seu
casamento, na Universidade de Brasília (UnB). Honestino foi presidente da
Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB) e, depois,
presidente da UNE.
A nova comissão será lançada em
Recife, na abertura da reunião do 14º Conselho Nacional de Entidades de Base
(Coneb) da UNE. Confirmaram presença, além de Fonteles, o ex-ministro dos
Direitos Humanos Paulo Vanucchi e o presidente da Comissão de Anistia, Paulo
Abrão. O sobrinho de Honestino Guimarães, Mateus Guimarães, também estará na
cerimônia. Para o encontro, que ocorre de 18 a 21 de janeiro, a UNE recebeu a
inscrição recorde de mais de 3,5 mil entidades de todas as regiões do país.
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